Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.
História
Acredita-se que tenha sido erguido em 1699 ou posteriormente, em 1708,[1] já no contexto da Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1714). Encontra-se referido como "O Forte de S. Miguel o Anjo da ponta da queimada." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".[2]
SOUSA (1995), em 1822, ao descrever o porto de Velas refere: "(...) entre as pontas da Queimada a leste, onde há um castelo de 14 peças, (...).".[3]
A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 refere-o como "Forte da Queimada" e informa que se encontrava em grande ruína e abandonado desde longos anos.[4]
No contexto da Segunda Guerra Mundial, em 1941 o imóvel foi entregue ao Ministério das Finanças. À época conservava ainda duas canhoneiras na face oeste e vestígios de duas casas,[1] dos quais subsistem vestígios.
Características
Fortificação do tipo abaluartado, apresentava planta no formato de um polígono irregular com seis lados, em alvenaria de pedra de basalto e tufo vulcânico. Em seu interior erguiam-se as casas de serviço.
BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que se achão ao prezente inteiramente abandonados, e que nenhuma utilidade tem para a defeza do Pais, com declaração d'aquelles que se podem desde ja desprezar." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 267-271.
CASTELO BRANCO, António do Couto de; FERRÃO, António de Novais. "Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros; insignias que lhe tocam trazer; a fórma de compôr e conservar o campo; o modo de expugnar e defender as praças, etc.". Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Artur Teodoro de (coord.). "Documentação Sobre as Fortificações Dos Açores Existentes dos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
PEGO, Damião. "Tombos dos Fortes das Ilhas do Faial, São Jorge e Graciosa (Direcção dos Serviços de Engenharia do Exército)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVI, 1998.
PEREIRA, António dos Santos. A Ilha de São Jorge (séculos XV-XVIII): contribuição para o seu estudo. Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1987. 628p. mapas, tabelas, gráficos.
VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: Introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.