Durante seu reinado Filipe fez várias aquisições territoriais, principalmente o Condado de Tolosa anexado em 1271. Após as Vésperas Sicilianas iniciadas pelo rei Pedro III de Aragão contra Carlos I da Sicília, liderou uma cruzada malsucedida para ajudar Carlos. Ele foi forçado a recuar e acabou morrendo em 1285, sendo sucedido por seu filho Filipe IV.
Subida ao trono
Não sendo o primogénito do rei São Luís de França, o príncipe Filipe não fora destinado a reinar, e só com a morte do seu irmão Luís em 1260 se tornou herdeiro do trono. Nesse momento já com quinze anos de idade, demonstrava menores aptidões do que o seu irmão, devido ao seu carácter doce, submisso, tímido e versátil, quase esmagado pelas fortes personalidades dos seus pais.
A sua mãe Margarida da Provença fez-lhe prometer que ficaria sob a sua tutela até os trinta anos, mas o seu pai solicitou a quebra deste juramento ao papa, preferindo beneficiar o seu filho com uma melhor educação. Assim, a partir de 1268 nomeou Pierre de la Broce como seu mentor. São Luís encarregou-se também de lhe ministrar os seus próprios conselhos, redigindo os seus Ensinamentos, para lhe incutir em primeiro lugar a noção de justiça como primeiro dever do rei. Recebeu também uma educação muito religiosa, com Guilherme d'Ercuis como seu capelão, e que depois seria o preceptor do seu filho Filipe o Belo.
Filipe foi assim proclamado rei com o nome de Filipe III em Túnis. De personalidade fraca, muito pio mas bom cavaleiro, deveu o seu cognome de o Bravo mais ao seu valor em combate do que à força de carácter, primeiro dominado pelos pais, depois por Pierre de la Broce e por fim pelo seu tio Carlos de Anjou. Revelou-se incapaz de comandar o exército, afectado pela morte do pai, e acabou por decidir deixar o teu tio Carlos de Anjou a negociar uma trégua de dez anos com os mouros que lhe permitiu voltar à França.
A subida de Filipe III ao trono foi acompanhada de perturbações no panorama político: a morte do rei Henrique III da Inglaterra e o fim de uma longa disputa pelo trono do Sacro Império Romano-Germânico. Por outro lado, as ambições da Europa já não passavam pela cruzadas. Assim, enquanto estes foram os principais problemas do reinado do seu pai, o seu reinado seria principalmente marcado por conflitos territoriais, contestações de heranças e guerras de vassalagem, fenómenos que se acentuariam ainda mais no reinado do seu filho.
Interveio em Navarra após a morte de Henrique I. Este deixara uma única filha e herdeira, Joana, sob a tutela da sua viúva Branca de Artois e de Fernando de La Cerda. Branca prometeu Joana em casamento a Filipe o Belo, filho de Filipe III. Os territórios de Champagne e Navarra passaram a ser administrados pela França pelo tratado de Orleães de 1275 e o matrimónio ocorreu em 1284. Champagne seria definitivamente anexado aos domínios reais em 1314.
Do ponto de vista das instituições, Filipe III introduziu várias novidades:
Pedro III enviou imediatamente uma embaixada a Carlos de Anjou, que se encontrava em Messina, intimando-o a reconhecê-lo como rei da Sicília e a abandonar a ilha. A derrota da frota angevina em Nicoreta, às mãos do almiranteRogério de Lauria, obrigou Carlos a deixar Messina e refugiar-se no seu agora "reino de Nápoles".
Em 1285, depois da morte de Carlos de Anjou, o Bravo liderou a fracassada cruzada aragonesa contra a Catalunha, que foi chamada de "talvez a mais injusta, desnecessária e calamitosa empresa jamais tomada pela monarquia capetiana"[1]. O exército francês, que incluía 16 000 cavaleiros, 17 000 besteiros e uma infantaria de 100 000 homens, para além de 100 navios, entrou em Rossilhão.
Apesar do apoio de Jaime II de Maiorca à cruzada, a população local levantou-se contra os invasores. A cidade de Elne foi valentemente defendida pelo chamado bastardo de Rossilhão, o filho ilegítimo de Nuno Sanches, anterior conde deste território. Eventualmente os locais foram derrotados, a catedral foi queimada e as forças francesas seguiram em frente.
Os franceses então cercaram (a 26 de Junho) e tomaram (a 7 de Setembro) a cidade de Girona, após forte resistência, e Carlos de Valois foi coroado. Mas tiveram que retirar-se imediatamente, em consequência do regresso da frota aragonesa da Sicília, mais uma vez ao comando de Rogério de Lauria, que infligira uma derrota total à esquadra francesa a 4 de Setembro. Ao mesmo tempo que faziam uma retirada desastrosa, foram atacados por uma epidemia de disenteria que não poupou o próprio rei Filipe III de França.
O seu filho Filipe o Belo tentou negociar a passagem da sua família real através dos Pirenéus mas recebeu uma recusa, e depois sofreu uma pesada derrota na batalha travada a 30 de Setembro e 1 de Outubro, na qual Pedro massacrou o exército francês mas poupou a família real. No entanto, o rei de França morreria em Perpignan a 5 de Outubro, sendo sepultado em Narbona e posteriormente transladado para a basílica de Saint-Denis.
Em A Divina Comédia, Dante vê o espírito de Filipe III fora dos portões do purgatório, acompanhado de outros governantes europeus do seu tempo. O autor não nomeia o monarca francês diretamente, mas refere-se a ele como "o de pequeno nariz" e "o pai da Peste da França" (referindo-se à suposta maldição lançada pelo grão-mestre templárioJacques de Molay a Filipe IV de França).