Os triunfos nas batalhas de Vilasobroso e Lanhoso selaram a aliança entre os Trava e Teresa. Fernão Peres de Trava passou, assim, a governar o Porto e Coimbra e a firmar com Teresa importantes disposições e documentos no condado de Portugal.[4]
Com a morte de Urraca, Fernão tornou-se um grande aliado do rei Afonso VII de Leão no Reino da Galiza. Tanto que lhe foi confiada a importante tarefa de ser preceptor do seu filho, o futuro rei Fernando II.[5] A Crónica Latina de Castilla considera que a sua influência foi determinante para que, no testamento de Afonso VII, os reinos de Galiza e Leão se separassem de Castela e Toledo.[6][7][a]
Derrota em Portugal
Teresa exerceu a regência do Condado Portucalense durante a menoridade de Afonso Henriques. Mas, em 1122, sob a orientação do arcebispoPaio Mendes de Braga, Afonso pretendeu assegurar o seu domínio no condado e armou-se cavaleiro em Zamora. Juntando os cavaleiros portugueses à sua causa contra Fernão Peres e Teresa de Leão, derrotou ambos na batalha de São Mamede em 1128,[8] quando pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português, e assumiu o governo do condado.
Governo da Galiza
A partir de então, Fernão Peres de Trava concentrou a sua influência na Galiza,[8] assinando com "Conde Fernando da Galécia" (Comes Fernandus de Gallecie). Aqui, realiza um trabalho de apoio aos mosteiroscistercienses, podendo atribuir-se-lhe a fundação do Mosteiro de Sobrado dos Monxes. Disputou a liderança da Galiza com Diego Gelmírez, o influente arcebispo de Santiago de Compostela, com quem manteve um tenso entendimento.
Nas campanhas mouras, comandou as tropas galegas ao serviço de Afonso VII nas suas incursões contra o Califado Almóada. As crónicas destacam o seu valor na conquista de Almería. Contra Portugal, defendeu com dificuldade o vale do Minho das investidas de Afonso Henriques, até à paz de Zamora de 1143.
Em 1154, figura na documentação do Mosteiro de Caaveiro, ego comes domnus Fernandus, graui infirmitati. Fernão faleceu em 1 de novembro de 1155, ano em que aparece pela última vez na documentação do mosteiro de Sobrado e antes de 24 de julho de 1161, data em que a sua esposa Sancha assina um documento afirmando que era viúva. Foi sepultado no claustro da Catedral de Santiago de Compostela e, seis anos mais tarde, transladado para o Mosteiro de Sobrado dos Monxes.[5][1]
Descendência
Casou com a condessa Sancha Gonçalves, filha do conde Gonçalo Ansúrez e de Urraca Vermudes,[b] com quem teve os seguintes filhos:
Urraca Fernandes de Trava,[9] casada com João Arias (morto antes de Março 1191), filho de Arias Calvo e irmão de Fernando Arias. Urraca e o marido foram os tutores do infante Afonso, depois Afonso IX de Leão.[11] Já era viúva em 1191 quando visitou Oviedo e fez doações ao Mosteiro de San Pelayo.
Da sua relação com Teresa de Leão nasceram duas filhas:
[a]^A Crónica latina de Castela atribuiu a divisão do reino pelos filhos do Imperador por sua inciativa: "divisit siquidem regmum suum, permitente Deo propter peccata hominum, duobus filiiis suis ad instanciam Fernandi comitis de Gallecia"
[b]^A professora Margarita Torres (p. 112) diz que Sancha era filha do conde Gonçalo Pais. No entanto, de acordo com Antonio Sanchez de Mora, na sua tese sobre a Casa de Lara (Vol. I, p. 70), Sancha era filha do conde Gonzalo Ansurez e Urraca Vermudez. Em 24 de Abril de 1142, Sancha fez uma doação ao mosteiro de Lourenzá onde menciona seu avô Vermudo Ovéquiz, o que confirma a filiação segundo Sanchez de Mora.
[c]^"D. Fernando duxit uxorem Tharasiam, filiam comitis Fredinandi, que fuerat uxor comitis Nunii de Castela" Crónica Latina de Castela.
[c]^ "Ego Rex Dominus Fernandus, una cum uxore mea regina Donna Tarasia, et cum filio meo domino Adefonso". Tumbo Viejo de Lugo, documento 42, pp. 111-112.
García Álvarez, M. Rubén (1966). «Los Arias de Galicia y sus relaciones familiares con Fernando II de León y Alfonso I de Portugal». Braga: Câmara Municipal de Braga. Bracara Augusta, revista cultural de regionalismo e historia (em espanhol): 25-41. OCLC72890459
López-Sangil, José Luis (2002). La nobleza altomedieval gallega, la familia Froílaz-Traba (em espanhol). La Coruña: Toxosoutos, S.L. ISBN84-95622-68-8
Torres Sevilla-Quiñones de León, Margarita Cecilia (1999). Linajes nobiliarios de León y Castilla: Siglos IX-XIII (em espanhol). Salamanca: Junta de Castela e Leão, Consejería de educación y cultura. ISBN84-7846-781-5