A Feitoria de Cabo Frio localizava-se na região do Município de Cabo Frio, segundo alguns autores na praia da Rama (atual praia dos Anjos, cidade e município de Arraial do Cabo, segundo Alexander von Humboldt, apud HANSSEN, 1988:73), segundo outros na barra da lagoa de Araruama (atual cidade e município de Cabo Frio), e mesmo na ilha Comprida (BUENO, 1998:79), no litoral norte do estado brasileiro do Rio de Janeiro.
É pacífico que o primeiro estabelecimento europeu na costa brasileira foi erguido entre Dezembro de 1503 e Janeiro de 1504, no litoral de Cabo Frio, pelo florentino Américo Vespúcio, que capitaneava um dos seis navios da segunda expedição à costa do Brasil, sob o comando de Gonçalo Coelho (1503-1504). É o próprio Vespúcio quem descreve o episódio:
Essa "fortaleza" na realidade não passaria de uma simples paliçada de madeira, defendendo alguns casebres de taipa cobertos com palha, e roçados de subsistência (BUENO, 1998:56-57). O "Islario general de todas las islas del mundo" de Alonso de Santa Cruz, localizado por Varnhagen, em 1865, na Biblioteca de Innsbruck, menciona o provável fim desse estabelecimento inicial, transcrito do Diário de Bordo de um navio integrante de uma frota rumo ao rio da Prata em 1526:
Uma feitoria portuguesa continuou existindo em Cabo Frio. A ela se refere o "Livro da Viagem e Regimento da Nau Bretoa" (22 de Fevereiro - 11 de Outubro de 1511), armada pelo consórcio de Fernando de Noronha, Bartolomeu Marchionni, Benedito Moreli e Francisco Martins, sob o comando do Capitão Cristóvão Pires (e como escrivão de bordo Duarte Fernandes), que determinava aos oficiais:
Ao zarpar para o reino, foram deixados desterrados na feitoria o piloto João Lopes de Carvalho e o marinheiro Pedro Annes, acusados por Duarte Fernandes e João de Braga, como autores do furto de machados e machadinhas na Feitoria da baía de Todos os Santos. Acerca desses personagens, BUENO (1998) informa:
Quanto a João Lopes de Carvalho e a Pedro Annes, ambos teriam se evadido, poucos meses mais tarde, para a Feitoria da Baía de Guanabara (op. cit., p. 86).
Quando Cristóvão Jaques ali aportou em meados de 1516, encontrou o estabelecimento abandonado, tendo o feitor João de Braga também se passado para a baía de Guanabara (BUENO, 1998:127).
Com o abandono da região pelos portugueses, outras feitorias, estrangeiras, se sucederam naquele comércio, por mais um século (ver Feitoria Maison de Pierre).
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