O Exército da Libertação da Palestina (ELP) (em inglês: Palestine Liberation Army, PLA; em árabe: جيش التحرير الفلسطيني; romaniz.: Jaysh al-Tahrir al-Filastini) foi fundado pela Liga Árabe em 1964 para funcionar como o braço armado da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) com a missão de combater Israel. No entanto, a OLP nunca exerceu poder o ELP, mas sim os países árabes que acolhiam os seus militantes, com especial destaque para a Síria[1].
História
Fundação
Imediatamente após a sua fundação em 1964 no congresso da Liga Árabe em Alexandria, o ELP estava sob o controlo dos países árabes, em especial o Egipto liderado por Nasser[1]. Os palestinianos nunca iriam obter controlo independente sobre a organização até que a facção de Yasser Arafat, a Fatah, romper com o grupo apoiado por Nasser em 1968/69, quando os países árabes estavam desacreditados pela humilhação da Guerra dos Seis Dias e, a ascensão de um novo movimento militante palestiniano.
O ELP estava organizada em 3 brigadas, com nomes de batalhas de significância histórica para o mundo árabe:
Estas brigadas eram compostas por refugiados palestinianos sob o controlo dos países que os acolhiam, que cumpriam o serviço militar obrigatório nestas unidades em vez nas forças armadas regulares dos países de acolhimento. Oficialmente, o ELP estava sob o controlo do Departamento Militar da OLP, mas de facto, os governos dos países de acolhimento nunca renunciaram o controlo das brigadas.
Em 1968, as Forças Popular de Libertação, mais conhecidas como a "Brigada Jarmuque", foram estabelecidas dentro do ELP para efectuaram acções de comandos contra as forças israelitas que ocupavam a Faixa de Gaza desde 1967. Geralmente o ELP evitava este tipo de acções de guerrilha, visto ter sido estabelecido como uma força militar tradicional.
No seu auge, o ELP foram compostas por 8 brigadas com 12.000 soldados formados. Estes estavam equipados com pequenas armas, morteiros, lança rockets, diversos veículos pessoais blindados e tanques. Apesar disto, o ELP nunca foram utilizados como uma unidade militar ao serviço da OLP, mas sim como forças auxiliares dos exércitos dos países de acolhimento.
Operações na Jordânia e Líbano
Após a sua criação, o ELP veio a ser utilizado como uma arma política ao serviço dos interesses dos países que o acolhia, em especial a Síria. Durante o Setembro Negro de 1970, com tanques do Exército Árabe Sírio pintados sob o comando do ELP foram enviados para a Jordânia para apoiarem as organizações militantes palestinianas que combatiam o Exército da Jordânia, com o possível objectivo de derrubar a monarquia na Jordânia. Embora a invasão inicial ter sido um sucesso, com o ELP a capturar Irbid e a declarar como uma "cidade libertada", as forças jordanas conseguiram travar o avanço do grupo após fortes combates. Após pressão internacional e ameaças de intervenção pelos Estados Unidos e Israel, as forças sírias e palestinianas retiraram-se da Jordânia. Este embaraço contribuiu para o derrube de Salah Jadid por Hafez al-Assad, pouco depois da retirada na Jordânia. O falhanço da invasão foi atribuído pela recusa da Força Aérea Árabe Síria intervir na Jordânia, sendo esta liderada por Hafez al-Assad.
Durante a Guerra Civil Libanesa, a Síria fez um uso reiterado do ELP como uma força satélite, inclusive contra a OLP (embora o ELP provou ser uma força instável quando ordenada a combater outros palestinianos, sofrendo várias deserções). O ELP foi praticamente aniquilado como uma força militar pela invasão de Israel em 1982 no Líbano que deu origem à Guerra do Líbano de 1982. Os combatentes do ELP no Líbano retiraram-se para a Tunísia quando a OLP se retirou de Beirute, na sequência de um cessar-fogo patrocinado pelos EUA.
A brigada do ELP no Egipto também se mobilizou para o Líbano em 1976, após Yasser Arafat tentar reaproximar-se do presidente egípcio Anwar Al Sadat, para restaurar relações após as tentativas de Sadat em estabelecer paz com Israel. Apesar disto, a brigada egípcia nunca teve o protagonismo e a força da facção síria do ELP.
Vários soldados do ELP no Egipto e na Jordânia iriam se tornar o núcleo da Guarda Nacional da Autoridade Nacional Palestiniana, após a celebração dos Acordos de Oslo assinados em 1993, quando lhes foi permitido a sua entrada na Palestina para ocuparem cargos nas recém-formadas forças de segurança da Autoridade Palestiniana.
Guerra Civil Síria
Na Síria, o ELP continua activo, colaborando activamente com a facção pró-síria da OLP (As-Sa'iqa), embora a sua importância tenha diminuído nos últimos anos. O ELP foi reorganizado e palestinianos na Síria continuam a ser cooptados para cumprirem serviço militar nas suas fileiras. Embora completamente ocupado por palestinianos, o ELP continua fora do controlo da OLP, e de facto está integrado no Exército Sírio. Apesar disto, continua a ter a aparência de uma organização independente, e ocasionalmente organiza manifestações pró-Assad/governo sírio comemorando o contínuo apoio da Síria à causa da Palestina[2]. Com o eclodir da Guerra Civil Síria, o ELP declarou o seu apoio ao governo sírio e começou a combater contra a Oposição Síria[3]. Liderado pelo Major General Muhammad Tariq al-Khadra[4], o ELP fez partes de batalhas e campanhas militares na Zona Rural de Damasco, Daraa e Quneitra. No início de 2015, vários combatentes do ELP foram alegadamente executados por recusarem lutar contra os rebeldes sírio em Daraa[5]. Cerca de 228 soldados do ELP morreram em combate até Setembro de 2017[6], entre eles um Brigadeiro General Anwar al-Saqa[2].
Referências