Esteticismo foi um movimento artístico na Europa no século XIX que enfatizou os valores estéticos em detrimento de temas sociais na literatura, belas artes, pintura, artes decorativas e design de interiores.[1][2] Em termos gerais, ele representou as mesmas tendências que o simbolismo ou o decadentismo representaram na França ou na Itália, e pode ser considerado um ramo inglês do mesmo movimento. Ele foi uma reação anti-vitoriana e teve raízes pós-românticas, sendo assim visto como uma antecipação do modernismo. O esteticismo aconteceu no período vitoriano tardio, por volta de 1868 a 1901, e considera-se que tenha terminado com Oscar Wilde, em 1895.
Esteticismo na literatura
Os escritores britânicos decadentistas foram profundamente influenciados por Walter Pater de Oxford e seus ensaios publicados em 1867-68, nos quais ele afirmava que a vida deveria ser vivida intensamente, seguindo um ideal de beleza. Seu Estudos da história da Renascença (1873) se tornou um texto sacralizado pelos jovens artistas da era vitoriana. Os decadentistas usavam o sloganA Arte pela arte, cuja origem é controvertida. Alguns defendem que ela foi cunhada pelo filósofo Victor Cousin, embora Angela Leighton, em On Form: Poetry, Aestheticism and the Legacy of a Word (2007) observa que a frase foi usada por Benjamin Constant em 1804.[3] É aceito por todos que o termo foi amplamente difundido por Théophile Gautier na França, que tomou a frase para sugerir não haver conexão entre arte e moralidade.
Artistas e escritores do esteticismo defendiam que a arte deveria proporcionar um refinado sentimento de prazer, em vez que transmitir valores morais ou sentimentais. Consequentemente, eles não aceitavam a concepção utilitária da arte de John Ruskin e Matthew Arnold, que a concebiam como algo útil. Ao contrário, eles acreditavam que a arte não possui nenhuma finalidade didática; ela precisa apenas ser bonita. Os esteticistas desenvolveram o culto à beleza, que eles consideravam o fator básico da arte. A vida deve copiar a arte, eles afirmavam. Eles consideravam a natureza crua e destituída de forma quando comparada à arte. As principais características do movimento eram: sugerir ao invés de afirmar; sensualidade; uso massivo de símbolos e efeitos sinestésicos, isto é, correspondência entre palavras, cores e música. Era a música que criava o clima.
A novela Rua Sinistra[6] de Compton Mackenzie faz uso desse recurso, como uma fase que o protagonista passa sob influências de indivíduos mais velhos e decadentes.
Os utensílios domésticos do esteticismo se caracterizam por diversos temas comuns:
Madeira ebonizada com detalhes dourados
Influência japonesa
Utilização de elementos naturais, especialmente flores, pássaros, folhas e penas de pavão
Porcelanas chinesas azuis e brancas
Irracionalismo e esteticismo
O irracionalismo e o esteticismo foram movimentos filosóficos que se formaram contra o positivismo no começo do século XX. Tais perspectivas tendiam a diminuir a importância da racionalidade dos seres humanos, concentrando-se, em vez disso, na experiência pessoal de cada um.
Alguns dos envolvidos no movimento afirmaram a inferioridade da ciência em relação à intuição. Desta forma, a arte ocupava um papel especialmente elevado, por ser considerada a passagem para o númeno. Tal ideia não foi, no entanto, muito aceita pelo público, sendo caracterizada como elitista.