Em janeiro de 1942, os japonesesinvadiram as Índias Orientais Neerlandesas, afastando o governo colonial holandês.[1] Em 17 de agosto de 1945, dois dias depois da rendição japonesa, o líder nacionalista indonésio Sukarno declarou a independência indonésia.[2] Os holandeses, vendo Sukarno e a liderança indonésia como uma colaboração aos japoneses, decidiram restaurar autoridade holandesa na região.[3] Entretanto, a britânica South East Asia Command, sob Louis Mountbatten, que era responsável pelas Índias Orientais Neerlandesas, se recusou a permitir que as tropas holandesas desembarcassem em Java e Sumatra e reconheceu de facto a autoridade republicana. Porém, os holandeses conseguiram reafirmar o controle sobre a maior parte da área anteriormente ocupada pela marinha japonesa, incluindo Bornéu e o Grande Leste. Discussões entre os britânicos e os holandeses resultaram na proposição do Governador-geral das Índias Orientais Neerlandesas Hubertus van Mook de autodeterminação para a comunidade indonésia.[4][5] Em julho de 1946, os holandeses organizaram a Conferência de Malino em Celebes na qual representantes de Bornéu e da Indonésia Oriental apoiaram a proposta de uma federação dos Estados Unidos da Indonésia ligado à Holanda. A federação abrangeria três elementos, a República da Indonésia, um estado em Bornéu e outro para a Indonésia Oriental.[6][7] A isso seguiu-se o Acordo de Linggadjati, em que a unilateralmente declarada República da Indonésia concordou com o princípio de uma Indonésia federativa.[8][9] Os holandeses então organizaram a Conferência de Denpasar em dezembro de 1946, que levou ao estabelecimento do Estado da Indonésia Oriental, seguido por um estado no oeste de Bornéu em 1947.[10]
Uma ação militar dos holandeses lançada em 20 de julho de 1947 contra aquelas áreas controladas pelas autoridades republicanas, a Operação Produto, resultou na recuperação pelos holandeses do Java Oriental e Ocidental, as áreas ao redor de Medan, Palimbão e Padang na Sumatra. As Nações Unidas solicitaram um cessar-fogo. As negociações entre os dois lados levaram ao Acordo de Renville em janeiro de 1948 com um cessar-fogo ao longo da "Linha de Van Mook", que conectava as posições holandesas mais avançadas. Os holandeses então estabeleceram estados nas áreas que eles haviam reocupado, incluindo a Sumatra Oriental (Dezembro de 1947), Madura e Java Ocidental (Fevereiro de 1948), Sumatra do Sul (Setembro de 1948) e Java Oriental (Novembro de 1948). Os líderes destas regiões estabeleceram então a Assembleia Federal Consultiva.[11]
Uma segunda ação militar holandesa, a Operação Kraai, que tinha o objetivo de destruir a república, foi lançada em 18 de dezembro de 1948. Apesar de recapturar as principais cidades de Java, incluindo a capital republicana de Jogjacarta e toda a Sumatra (exceto por Achém, no extremo norte), a operação provocou a demissão em protesto de gabinetes no Estado da Indonésia Oriental e Pasundan (Java Ocidental) e do sultão de Jogjacarta, Hamengkubuwono IX de sua posição como chefe regional. Houve também pressão dos Estados Unidos e das Nações Unidas, em particular na forma de uma resolução do Conselho de Segurança.[12][13] Os holandeses concordaram em negociar com a Indonésia para organizar uma transferência de soberania. A Conferência Batavo-Indonésia da Távola Redonda ocorreu em Haia de agosto a novembro de 1949 e resultou no acordo pelos holandeses de entregar a soberania das Índias Orientais Neerlandesas, exceto pela Nova Guiné Ocidental. No entanto, muitos nacionalistas indonésios acreditavam que os holandeses haviam insistido em um estado federal em uma tentativa de enfraquecer ou mesmo desmembrar a nova nação, uma manifestação da estratégia de "dividir para conquistar". Apesar disso, em 17 de dezembro de 1949, a soberania foi transferida para os Estados Unidos da Indonésia.[14][15][16][17]
Governo
A REUI possuía uma legislatura bicameral. A Legislatura Federal consistia de 50 representantes da República da Indonésia e 100 dos outros estados conforme suas populações. O Senado tinha dois membros para cada parte constituinte da REUI independentemente da população, fazendo um total de 32 membros. O estado foi governado de acordo com a Constituição Federal de 1949, que foi elaborada às margens da Conferência da Távola Redonda. A REUI possuía um gabinete de 16 membros, liderados pelo primeiro-ministro Hatta.[18][19][20]
Dissolução
Em março e abril de 1950, todos os constituintes da RIS (exceto a Sumatra Oriental e a Indonésia Oriental) se dissolveram na República.[21] Os Estados Unidos da Indonésia foram oficialmente dissolvidos pelo presidente Sukarno em 17 de agosto de 1950 — o quinto aniversário da proclamação de independência — e substituídos por uma República da Indonésiaunitária.[22]
Entidades integrantes
A REUI incluía dezesseis entidades principais: sete estados (negara), incluindo a "República da Indonésia" consistindo de partes de Java e Sumatra (uma população combinada de mais de 31 milhões); e nove territórios governados diretamente (neo-landschappen). Fora a República da Indonésia, todos as entidades integrantes, que tinham população entre 100.000 e 11 milhões, foram estabelecidas pelos holandeses. Também inclusas estavam um número de entidades políticas não vistas como entidades políticas distintas.[18][23][24]
República da Indonésia
República da Indonésia (Negara Repoeblik Indonesia)
Atjeh
Djogdjakarta
Lampoeng
Tapanoeli
Estados
Indonésia Oriental (Negara Indonesia Timur)
Java Oriental
Sumatra Oriental
Madoera
Pasundan (Java Ocidental)
Sumatra do Sul
Regiões Autônomas
Bandjar
Banka
Billiton
Java Central
Bornéu Oriental (não incluindo o antigo território do Reino de Pasir)
Ide Anak Agung Gde Agung (1996) [1995]. From the Formation of the State of East Indonesia Towards the Establishment of the United States of Indonesia. Traduzido por Owens, Linda. [S.l.]: Yayasan Obor. ISBN979-461-216-2
Indrayana, Denny (2008), Indonesian Constitutional Reform 1999-2002, ISBN978-979-709-394-5, PT Gramedia
Legge, J.D. (1964), Indonesia, Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall Inc
Reid, Anthony (1981). «Indonesia: revolution without socialism». In: Jeffrey, Robin. Asia: the Winning of Independence. [S.l.]: Macmillan. pp. 113–162. ISBN9780333278574
Simanjuntak, P. N. H. (2003). Kabinet-Kabinet Republik Indonesia: Dari Awal Kemerdekaan Sampai Reformasi (em indonésio). Jakarta: Djambatan. ISBN979-428-499-8