Estação Ferroviária de Marvão-Beirã

Marvão-Beirã
Identificação: 58651 MBE (Marvão-Beirã)[1]
Denominação: Estação de Marvão-Beirã
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: E (estação)[1]
Linha(s): Ramal de Cáceres (PK 238+880)
Altitude: 375 m (a.n.m)
Coordenadas: 39°26′58.12″N × 7°22′7.05″W

(=+39.44948;−7.36863)

Mapa

(mais mapas: 39° 26′ 58,12″ N, 7° 22′ 07,05″ O; IGeoE)
Município: MarvãoMarvão
Serviços: sem serviços
Conexões:
Serviço de táxis
Serviço de táxis
MRV
Inauguração: 6 de junho de 1880 (há 144 anos)
Encerramento: 15 de agosto de 2012 (há 12 anos)
Website:
 Nota: Para outras infraestruturas e equipamentos de transporte público com nomes semelhantes ou relacionados, veja Apeadeiro de Marvila, Estação Ferroviária da Beira, Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Baixa.

A estação ferroviária de Marvão-Beirã, originalmente e por vezes ainda identificada apenas como de Marvão,[4] é uma interface ferroviária desactivada do Ramal de Cáceres, que servia as localidades de Beirã e Marvão, em Portugal. Foi inaugurada, como parte do Ramal de Cáceres, em 6 de Junho de 1880,[5] e encerrada em 2012.[6]

Aspetos da plataforma, em 2018.

Descrição

Vista geral da estação de Marvão-Beirã, com o albergue-restaurante em primeiro plano e o edifício de passageiros em fundo, em 2018.

Localização e acessos

A estação tem acesso pelo Largo da Alfândega e pela Rua Dom João da Câmara, na localidade de Beirã.[7] Situa-se a norte de Marvão, localidade nominal primária, distando mais de nove quilómetros por via rodoviária, mormente pela EM539.[8]

Infraestrutura

Em Janeiro de 2011, tinha duas vias de circulação, ambas com 415 m de comprimento, e duas plataformas, que apresentavam ambas 98 m de extensão, e 25 cm de altura.[9] O edifício de passageiros situa-se do lado és-sudeste da via (lado direito do sentido ascendente, para Cáceres).[10][11]

História

Ver artigo principal: Ramal de Cáceres § História
Estação de Marvão, em 1884.

Inauguração

O Ramal de Cáceres começou a ser construído em 15 de Julho de 1878, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, e entrou ao serviço em 15 de Outubro do ano seguinte, mas a abertura oficial só se realizou no dia 6 de Junho de 1880.[5] A implantação da importante estação fonteiriça em Beirã trouxe à freguesia grande afluxo de novos habitantes (decuplicando o parque habitacional entre 1877 e 1912) e a sua construção incluiu melhoramentos hidráulicos que minoraram cheias recorrentes no local.[7]

Em 1913, havia um serviço de diligências entre a estação de Marvão e as termas da Fadagosa.[12]

Expansão

Estação de Marvão Beirã, após as obras de expansão de 1926.

Em 1924 foi elaborado um projeto de expansão desta gare, dado o estado já degradado e insuficiente do edifício original;[7] as obras tiveram início em 1926, tendo o edificado anterior sido totalmente modificado:[13] Foi aumentado o espaço disponível para a delegação aduaneira, os serviços, e os alojamentos para o pessoal, e construiu-se um anexo com um restaurante, e quatro quartos para passageiros, com lavabos individuais.[13]

Esta remodelação ficou a cargo do arquiteto ferroviário Perfeito de Magalhães, que aplicou também aqui um estilo eclético, almejando enquadrar os edifícios da estação na arquitetura local.[7] O edifício de passageiros apresenta três corpos em simetria, elevando-se o corpo central a dois pisos: Sendo o piso superior destinado à habitação do chefe e subchefe da estação, alberga o piso inferior a área para uso dos passageiros (bilheteiras, bagagens, e salas de espera), residindo nos corpos laterais serviços alfandegários e ferroviários.[7] O interior da estação está revestido com um lambril de azulejos enxaquetados em verde e branco, colocados alternadamente.[14]

As obras de 1926 incluiram ainda a criação do albergue-restaurante, igualmente do traço de Perfeito de Magalhães, que dotou este espaço de caraterísticas inovadoras na organização interna do espaço e seu enquadramento, no espírito da Arte Nova, mantendo uma identidade comum junto com o edifício principal da estação e restante edificado.[7]

Em 1938, o Conselho Nacional de Turismo propôs a concessão de um novo subsídio, para custear a compra de um novo painel de azulejo na estação de Marvão - Beirã, com uma imagem da Torre de Belém.[15] Esta decoração ficou a cargo do pintor Jorge Colaço:[16] a fachada exterior da estação foi decorada com vários painéis de azulejo, em azul e branco, colocados de forma a ser facilmente vistos pelos passageiros, servindo como uma espécie de roteiro turístico para o visitante estrangeiro que chegava a Portugal.[14] Os painéis de azulejo retratam vários aspectos locais e nacionais, como o Castelo de Marvão, o Cruzeiro e o Pórtico de Marvão, um casal com trajes regionais e o brasão de Marvão, o Templo de Diana, o Mosteiro de Alcobaça, e a Sé de Braga,[14] além da já referida Torre de Belém. No total, a estação apresenta treze painéis de azulejos.[14][7]

A estação de Marvão-Beirã, em 2009.

A estação de Marvão foi servida pelo TER Lisboa Expresso, que ligou Lisboa a Madrid entre 1967 e 1989.[17][18] O Lusitânia Comboio Hotel, que circulou desde 1995,[19] também passava por Marvão.[20]

Encerramento e recuperação

A operadora Comboios de Portugal suprimiu todos os comboios Regionais no Ramal de Cáceres no dia 1 de Fevereiro de 2011,[21][22][23] ficando esta estação apenas com os serviços do Lusitânia Comboio Hotel,[24] No entanto, em Outubro o governo anunciou a decisão de alterar o percurso destes comboios para a Linha da Beira Alta até ao final do mesmo ano, e assim proceder ao total encerramento do Ramal de Cáceres, no âmbito do Plano Estratégico de Transportes.[24] Com efeito, em Agosto de 2012 a Rede Ferroviária afirmou que o percurso do Lusitânia Comboio Hotel sido alterado, passando a transitar pela Linha da Beira Alta, pelo que o Ramal de Cáceres iria ser encerrado no dia 15 desse mês.[6][25][7] Efetivamente todo o ramal foi removido da rede em exploração pelo regulador no mesmo mês, explicitamente incluindo o interface de Marvão-Beirã.[26]

Dois veículos ferroviários a pedais chegando a Marvão-Beirã, em 2022.

Após o encerramento, o edificado da estação foi alvo de manutenção continuada por parte da Junta de Freguesia local, presidida por um ex-ferroviário, apresentando, em finais da década de 2010, um estado de conservação muito superior ao das restantes interfaces abandonadas do Ramal de Cáceres.[7] Num projeto inciado em 2011, o albergue restaurante e alguns edifícios anexos, incluindo o armazém da estação, foram integrados num espaço de restauração e hotelaria local (TrainSpot).[7] Desde[quando?] pelo menos 2018,[27][carece de fonte melhor] parte do Ramal de Cáceres é utilizada para fins turísticos com um serviço de rail bike entre esta estação e Castelo de Vide.[28]

Ver também

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
  4. vd. dístico da estação anterior, em 1884
  5. a b Carlos Manitto Torres (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 21 de Novembro de 2016 
  6. a b «Ramal de Cáceres - Encerramento à exploração ferroviária». Rede Ferroviária Nacional. 3 de Agosto de 2012. Consultado em 15 de Agosto de 2012. Cópia arquivada em 29 de outubro de 2013 
  7. a b c d e f g h i j Ricardo Alexandre Ferreira Guerreiro: A arquitetura das estações de caminho-de-ferro em Portugal no início do século XX : quatro estudos de caso (dissertação para a obtenção do grau de Mestre). Universidade Lusíada / Faculdade de Arquitetura e Artes: Lisboa, 2017.01.09: 80-93
  8. OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância rodoviária (39,44905; −7,36868 → 39,39405; −7,37622)». Consultado em 18 de julho de 2023 : 9120 m: desnível acumulado de +500−48 m
  9. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  10. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  11. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  12. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 9 de Março de 2018 
  13. a b «A estação de Marvão-Beirã» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (928). 16 de Agosto de 1926. p. 249. Consultado em 21 de Novembro de 2016 
  14. a b c d SAPORITI, 2006:285-286
  15. «Vida Ferroviária» (PDF). 50 (1222). 16 de Novembro de 1938. p. 511. Consultado em 21 de Novembro de 2016 
  16. PEREIRA, 1995:304
  17. IGLESIAS, Javier (Março de 1985). «El TER, Veinte Años Despues». Carril (em espanhol) (11). Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. p. 11 
  18. BLAZQUEZ, Jose (1992). «Exposicion de Trenes Miniatura en Badajoz». Maquetren (em espanhol). Ano 1 (4). Madrid: Resistor, S. A. p. 46 
  19. REIS et al, 2006:150
  20. RODRÍGUEZ, Angel (Abril de 2001). «Oferta de trenes internacionales con Francia, Italia, Portugal y Suiza». Via Libre (em espanhol). Ano 38 (441). Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. p. 14 
  21. «Serviços regionais no ramal de Cáceres suprimidos em Fevereiro». Sol. 17 de Janeiro de 2011. Consultado em 27 de Outubro de 2011. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2011 
  22. AMARO, José (2 de Fevereiro de 2011). «Encerramento do ramal de Cáceres: Medida com custos sociais, económicos e ambientais». Público. Consultado em 27 de Outubro de 2011 
  23. AMARO, José Bento (1 de Fevereiro de 2011). «Lotação esgotada para o último silvo da "Calhandra" no ramal de Cáceres». Público. Consultado em 22 de Janeiro de 2013. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2011. Resumo divulgativo 
  24. a b NORONHA, Alexandra (14 de Outubro de 2011). «Governo vai desactivar parte da linha do Oeste e do Alentejo». Negócios Online. Consultado em 29 de Outubro de 2011. Cópia arquivada em 15 de outubro de 2011 
  25. «Lusitânia Comboio Hotel - Novo Horário - 15 de agosto». Comboios de Portugal. Consultado em 15 de Agosto de 2012. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2012 
  26. 62.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50. IMTT, 2012.08.16. («Distribuída pelo 62º aditamento»)
  27. whois:railbikemarvao.com: «Created: 2018-08-31 11:24:03 UTC»
  28. «Rail Bike Marvão : percursos» 

Bibliografia

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Ligações externas