Espectros (em norueguês Gengagere) é uma peça teatral escrita pelo dramaturgonorueguêsHenrik Ibsen. Escrita e publicada em 1881, causou vários protestos, sob a acusação de pregar o “amor livre”, e violar “tabus”, e muitos exemplares do livro foram devolvidos ao editor. A primeira edição do livro foi realizada pela Gyldendalske Boghandels Forlag, em Copenhage, a 13 de dezembro de 1881 em uma edição de 10000 exemplares.[7]
Personagens
Mrs. Helene Alving, uma viúva.
Oswald Alving, seu filho.
Pastor Manders.
Jacob Engstrand, um carpinteiro.
Regina Engstrand acredita ser filha de Jacob Engstrand, mas atualmente é filha do Capitão Alving. Ela também é empregada de Mrs. Alving.
Sumário
Helen Alving está prestes a dedicar um orfanato que ela construiu, em memória de seu falecido marido, o Capitão Alving. Ela revela ao seu conselheiro espiritual, Pastor Manders, que ela tem escondido os males de seu casamento, e construiu o orfanato para esgotar a riqueza de seu marido, para que seu filho, Oswald, não possa herdar nada dele. Pastor Manders a aconselhara a voltar para seu marido, apesar de ele ser infiel, e ela seguira seu conselho, na crença de que seu amor por seu marido acabaria por transformá-lo.
No entanto, o marido continuou infiel até sua morte, e a Sra. Alving não foi capaz de deixá-lo, pelo receio de ser rejeitada pela comunidade. Durante a ação da peça, ela descobre que seu filho Oswald (a quem ela tinha mandado embora para que ele não fosse corrompido por seu pai) está sofrendo de sífilis hereditária, além de ter se apaixonado por Regina Engstrand, empregada da Sr. ª Alving, que se revela ser uma filha ilegítima do Capitão Alving, e, assim, meia-irmã do próprio Oswald.
A peça termina com a Sra. Alving tendo que decidir se quer ou não proceder à eutanásia de seu filho Oswald, de acordo com seus desejos. Sua escolha é deixada desconhecida.
Histórico
Ibsen estava morando em Roma, quando iniciou o primeiro rascunho da peça, em junho de 1881,[8] porém tal rascunho não sobreviveu. O segundo esboço, com correções, foi preservado.[9]
Ghosts foi publicado pela Boghandels Gyldendalske Forlag, em Copenhague, em 13 de dezembro de 1881, com uma edição de 10 000 exemplares. O livro causou grande repercussão, com reações de horror e raiva mediante o niilismo, o ataque aos valores da igreja, a defesa do amor livre, e a violação de tabus como o incesto e a sífilis. O protesto afetou as vendas do livro e grandes quantidades de exemplares não vendidos foram devolvidos para a editora. Os proprietários de livrarias tinham vergonha de ter o livro.
Estreia teatral
Espectros foi enviado para um número de salas na Escandinávia, mas todos eles recusaram a peça, incluindo o Det Kongelige (Royal) Teater, em Copenhague, Nye Teatern e Dramaten em Estocolmo e o Christiania Theater. A peça foi censurada e passou a ser representada apenas em teatros livres, impedida inicialmente de ser representada nos principais teatros escandinavos.[10]
Em 13 de março de 1881, a peça teve uma única apresentação particular, em Londres, no Royalty Theatre.[11] A censura de Lorde Chamberlain Office foi evitada pela formação de somente uma produção pela Independent Theatre Society, que incluía George Bernard Shaw, Thomas Hardy e Henry James entre os seus membros.[12]
Assim, a estreia mundial de “Espectros” aconteceu no Aurora Turner Hall, em Chicago, a 20 de maio de 1882, e esta foi a primeira vez que Ibsen teve uma peça realizada em solo americano.[8] A peça foi representada em norueguês para uma platéia de imigrantes escandinavos. Mrs. Alving foi interpretada pela atriz dinamarquesa Helga von Bluhme, e as outras personagens por amadores dinamarqueses e noruegueses.
A primeira produção europeia da peça foi em Hälsingborg, em 22 de agosto de 1883, pela Companhia Sueca August Lindberg. Lindberg também dirigiu e fez o papel de Osvald ele mesmo. Após a primeira noite em Hälsingborg, a produção foi levada a Copenhage, Estocolmo e - pela primeira vez em solo norueguês - no Møllergaten Theater, em Cristiânia, a 17 de outubro de 1883. A produção recebeu críticas muito boas e foi realizada nada menos que 75 vezes durante o outono de 1883.[7]
Considerações críticas
Otto Maria Carpeaux em seu Estudo Crítico de Henrik Ibsen observa que Espectros é “a maior tragédia do teatro moderno”, e que “o verdadeiro herói de Gengagere é Helene Alving: culpada ativa e vítima passiva em uma pessoa. Essa mãe é da estirpe dos Édipos, das Antígonas, das grandes figuras da tragédia grega”.[1]
Traduções em língua portuguesa
Emília Araújo Pereira. “Espectros: drama em 3 actos”. Lisboa: Editora Guimarães, 1915. Reedição em 1959, com revisão de A. Reis Machado.[3]
Avelar Pereira. “O Espectro”. Datilografado em data indeterminada, faz parte do acervo da SBAT.[13]
Coimbra Lobo. “Os espectros”, Lisboa: Livraria Popular de Francisco Franco, Coleção Biblioteca Dramática Popular, s.d.
Augusto Joaquim Leone Soutello. “Os Espectros” (Biblioteca Dramática Popular, 325). Editado pela Livraria Popular de Francisco Franco, em Lisboa, em data indeterminada. Essa tradução foi utilizada no espetáculo “Os Espectros” sob direção de Osmar Rodrigues Cruz, em São Paulo, 1948.[14]
José Pérez. Na obra “Espectros/ Uma casa de bonecas”, pela Editora Cultura, São Paulo, 1942, com prefácio e organização de José Perez (Série Clássica de Cultura: Os Mestres do Pensamento, 25). Essa tradução foi utilizada nos três espetáculos: o primeiro, “Espectros” sob direção de João Ceschiatti, São Paulo, 1942; o segundo, “Espectros”, sob direção de Armando Chaves, em Natal, 1948; o terceiro, “Espectros”, sob direção de Lauro Simões Gonçalves, em Ponta Grossa, em 1949.
Alfredo Ferreira. “Os espectros”. Tradução para a peça homônima dirigida por Garcia Xavier em 1958, em recife, e que teve reestreia em 1966, no Rio de Janeiro.
Pontes de Paula Lima. “Os espectros”. Tradução feita nos anos 60, utilizada nos espetáculos homônimos de 1961, dirigido por Ziembinski, no Rio de Janeiro, e de 1965, dirigido por Alberto D’Aversa, em São Paulo.[15]
Fernando Ribeiro Teles. “Os espectros”, 1972, datilografado[16]
Fernando de Almeida. “Os espectros”. Tradução feita nos anos 80, utilizado no espetáculo homônimo dirigido por Emílio Di Biasi, em São Paulo, 1985.
Bárbara Heliodora. “Fantasmas”, editado pela Bertrand Brasil, s.l., em 1998. Foi utilizado no espetáculo homônimo dirigido por Nildo Parente, no Rio de Janeiro, 1998.[17]
Obs: a informação sobre essa peça foi obtida em Henrique Oscar. “Espectros no Arena da Guanabara”, Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1965[19]
Teatro: Estreia no Theatro Lyrico, Rio de Janeiro, julho de 1903.
Produção: Teatro Antoine
Direção: Antoine
Tradução: Rodolphe Dargens
Elenco: André Antoine, Grumbach, Signoret, Mosnier, Luce Colas
1907
Nome: Spettri
Local: Rio de Janeiro
Teatro: Estreia no Rio de Janeiro, em julho de 1907. Levada para o Teatro Sant’Anna, em São Paulo no mesmo mês e ano. Reestreia no Teatro Cassino Antártica, São Paulo, em setembro de 1915, sob produção da empresa South American Tour[20]
Produção: Companhia Damática Italiana de Gustavo Salvini, Empresa J. Cateis On.
Direção: Gustavo Salvini
Elenco: Gustavo Salvini, I. Salvini, Tempesta, Fisana, Fantini
Teatro: Estreia no Teatro Renascença em Ponta Grossa, maio de 1949
Produção: O Teatro do Estudante do Paraná
Direção: Lauro Simões Gonçalves, José Amando Maranhão, Carlos Dondeo Jr.
Elenco: Terezinha C. Lima, Dante Ravaglio Jr., Roberto P. Leite
1952
Nome: Espectros
Local: Rio de Janeiro
Teatro: Estreia no Teatro Duse, Rio de Janeiro, em setembro de 1952. Reestreia no Auditório Cláudio de Souza, no Rio de Janeiro, em julho de 1956, em homenagem ao 50º aniversário de falecimento de Ibsen.
Produção: Paschoal Carlos Magno, Teatro do Estudante do Brasil
Direção: Jorge Kossowsky
Elenco: Myriam Carmem, Nelson Marianni, Eugênio Carlos, Beatriz Veiga, Hélcio de Souza. Na reestreia de 1956, o elenco passou a ser: Myriam Carmem, Luiz Carlos Saroldi, Belmiro Rodrigues, Hélio Carvalho, Mary Terezinha
1956
Nome: Espectros
Local: Rio de Janeiro
Teatro: A reestreia da peça de 1952, no Auditório Cláudio de Souza, no Rio de Janeiro, em julho de 1956, foi em homenagem ao 50º aniversário de falecimento de Ibsen.
Produção: PEN Clube do Brasil e Instituto de Cultura Brasil - Noruega
Direção: Jorge Kossowsky
Elenco: Myriam Carmem, Luiz Carlos Saroldi, Belmiro Rodrigues, Hélio Carvalho, Mary Terezinha
1958
Nome: Os espectros
Local: Recife
Teatro: Estreia no I Festival de Teatro de Estudantes (Recife), em 1958. Reestreia no Teatro de Arena da Guanabara, Rio de Janeiro, em maio de 1966.
Produção: Grupo 57
Direção: Garcia Xavier
Tradução: Alfredo Ferreira
Elenco: Fábia Martino, Garcia Xavier, Aylton de Menezes, Agnes Xavier(ganhou o prêmio de atriz nesse festival), Hélio Carvalho
SILVA, Jane Pessoa da. Ibsen no Brasil. Historiografia, Seleção de textos Críticos e Catálogo Bibliográfico. São Paulo: USP, 2007. Tese.
CARPEAUX, Otto Maria (1984). Estudo Crítico - Henrik Ibsen. Rio de Janeiro: Editora Globo. [S.l.: s.n.] ISBN [[Special:BookSources/n.c. In IBSEN. Henrik. O Pato Selvagem|n.c. In IBSEN. Henrik. [[O Pato Selvagem]]]] Verifique |isbn= (ajuda)
OLIVEIRA, Vidal de (1984). Biografia e comentários sobre a obra de Ibsen. Rio de Janeiro: Editora Globo. [S.l.: s.n.] ISBN [[Special:BookSources/n.c. In IBSEN. Henrik. O Pato Selvagem|n.c. In IBSEN. Henrik. [[O Pato Selvagem]]]] Verifique |isbn= (ajuda)