As eleições estaduais na Paraíba em 1965 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em onze estados cujos governadores exerciam cinco anos de mandato, embora o pleito em Alagoas tenha sido anulado por razões legais. No presente caso foram eleitos o governador João Agripino e o vice-governador Severino Cabral.[1][2][nota 1][nota 2]
Nascido em Brejo do Cruz, o advogado João Agripino formou-se em 1937 na Universidade Federal de Pernambuco e ainda estudante foi procurador em sua cidade natal e promotor de justiça adjunto. Durante o Estado Novo dedicou-se tão somente à advocacia até que o enfraquecimento do regime levou à criação de novos partidos políticos e assim João Agripino ingressou na UDN e foi escolhido presidente do diretório paraibano. Eleito deputado federal em 1945, 1950, 1954 e 1958, foi signatário da Constituição de 1946 e ministro das Minas e Energia durante o governo Jânio Quadros. Eleito senador em 1962, renunciou ao mandato em prol do suplente a fim de assumir o governo da Paraíba após a vitória nas eleições de 1965.[3][4][5]
Inicialmente a coligação que elegeu João Agripino escolheu Sílvio Porto como vice-governador, todavia o PDC o substituiu por Severino Cabral, que se elegera prefeito de Campina Grande em 1959. Empresário nascido em Umbuzeiro, foi eleito vice-governador mas teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral sete meses após assumir sob a alegação de que não se afastara em tempo hábil do cargo que ocupava no Banco Auxiliar do Povo. Por questão constitucional a substituição do governador ocorria através de Clóvis Cavalcanti, presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba. Entretanto como este queria disputar as eleições de 1970, os deputados estaduais elegeram o economista Antônio Juarez Farias para vice-governador de modo a completar o período institucional em vigência.[6][7][8][9][nota 3]
Para que pudesse assumir o governo estadual João Agripino renunciou ao seu mandato de senador e nisso foi efetivado Domício Gondim Barreto. Sobrinho do político Pedro Gondim, o novo senador nasceu em Areia e formou-se engenheiro civil pela New York University e administrador de voo pelo Spartan College of Aeronautics and Technology em Tulsa, Oklahoma. Passou grande parte da vida entre as cidades de Niterói e Rio de Janeiro onde estava a sede da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, empresa de sua propriedade.[10] Sua estreia política aconteceu em 1958, ano em que foi eleito suplente de deputado federal pelo PSD da Paraíba. Convocado a exercer o mandato, foi eleito suplente de senador em 1962 quando já havia mudado de partido e a partir de 1966 assumiria o mandato efetivo após a renúncia do titular.[11][12]
Resultado da eleição para governador
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 334.497 votos nominais, 4.110 votos em branco (1,19%) e 6.390 votos nulos (1,85%), resultando no comparecimento de 344.997 eleitores.
Eleito
Bancada federal após o bipartidarismo
Notas
- ↑ A Emenda Constitucional n.º 13, promulgada em 8 de abril de 1965, exigia a maioria absoluta de votos para homologar o resultado, quórum inexistente no caso alagoano.
- ↑ Os governadores eleitos em 1947 terminaram seus mandatos no mesmo dia que o presidente Eurico Gaspar Dutra e a partir de então Alagoas, Goiás, Guanabara, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina fixaram em cinco anos o mandato de seus governadores na ausência de uma vedação constitucional, sendo que Goiás aderiu à regra do quinquênio em 1960, bem como a Guanabara, criada no referido ano.
- ↑ Por ironia do destino, Clóvis Cavalcanti foi eleito vice-governador da Paraíba por via indireta na chapa de Ernani Sátiro em 1970 e na de Tarcísio Burity em 1978.
Referências
- ↑ a b BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1965». Consultado em 25 de maio de 2024
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional n.º 13 de 08/04/1965». Consultado em 11 de julho de 2017
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1946». Consultado em 12 de julho de 2017
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador João Agripino». Consultado em 12 de julho de 2017
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado João Agripino». Consultado em 12 de julho de 2017
- ↑ Vice de Agripino vai ser substituído logo (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 30/07/1965. Primeiro caderno, pág. 04. Página visitada em 12 de julho de 2017.
- ↑ TRE da Paraíba vai marcar amanhã a diplomação dos eleitos em outubro (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 14/11/1965. Primeiro caderno, pág. 03. Página visitada em 12 de julho de 2017.
- ↑ Agripino teme perda do seu mandato com decisão do TSE anulando diploma de Cabral (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 01/09/1966. Primeiro caderno, pág. 04. Página visitada em 12 de julho de 2017.
- ↑ Vice-governador da Paraíba toma posse (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 12/09/1970. Geral, pág. 05. Página visitada em 12 de julho de 2017.
- ↑ Senador é sepultado em Niterói (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 06/06/1978. Política e Governo, p. 09. Página visitada em 17 de julho de 2017.
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Domício Gondim Barreto». Consultado em 12 de julho de 2017
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Domício Gondim Barreto». Consultado em 12 de julho de 2017
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Em itálico as ocasiões em que não houve eleição direta para governador. |
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