A eleição presidencial na Argentina em 2011 foi decidida em primeiro turno no dia 23 de outubro.[1]
A então presidente Cristina Fernández de Kirchner foi reeleita com mais de 54% dos votos, e por uma diferença de mais de 37 pontos (37,30%) contra o candidato da Frente Ampla Progressista, Hermes Binner. Desta forma, Cristina se tornou a primeira mulher reeleita na América, tendo obtido o maior número e porcentagem de votos em uma eleição desde o retorno da democracia argentina em 1983, e a segunda maior vantagem histórica, apenas 0,13% abaixo da vitória de Juan Domingo Perón em 1973.
A crise econômica que a Argentina enfrentou em 2001 culminou em massacres com dezenas de mortos, e no default da dívida externa. Essa crise produziu um revés generalizado, que colocou a Argentina em risco de dissolução e guerra civil. Em 2002, a pobreza subiu para 56% e o desemprego se elevou para 30%, níveis sem precedentes na Argentina moderna. A classe média foi reduzida pela metade e marginalidade social, propagada. A política entrou em uma profunda crise, resumida pela frase de ordem "¡Que se vayan todos!".[2]
Sob estas condições se realizaram as eleições presidenciais de 2003. Néstor Kirchner, o governador da província de Santa Cruz, no extremo-sul, e o ex-presidente Carlos Menem venceram o primeiro turno. Com a renúncia de Menem durante o segundo turno, Kirchner foi eleito presidente com 22% dos votos, o menor obtido por um presidente na história argentina. É assim que se inicia o que mais tarde seria conhecido como Kirchnerismo, também identificado como a letra "K".
Em 2007, Cristina Fernández de Kirchner é eleita presidente e sucede o marido na presidência do país. O plano seria lançar Néstor Kirchner novamente em 2011, o que foi impossibilitado com sua morte em 2010.[3]
Pela legislação eleitoral vigente no país, para ser eleito presidente no primeiro turno o candidato deve obter pelo menos 45% dos votos válidos ou 40% e uma liderança de 10% em relação ao segundo colocado.[4] A posse do presidente eleito foi programada para o dia 10 de dezembro.[5][6] Simultaneamente com a eleição presidencial, os eleitores elegeram pouco mais da metade dos assentos da Câmara dos Deputados, um terço do Senado, dezenove vagas no Parlamento do Mercosul e onze governos provinciais. Além disso, ao longo do ano, também ocorreram as eleições para o governo de outras doze províncias e o da capital federal Buenos Aires.[7][8]
A Argentina não possui uma Justiça Eleitoral, e as eleições são conduzidas pela Direção Nacional Eleitoral (DNE), um órgão pertencente ao Ministério do Interior. Os candidatos ocupantes de cargos públicos não precisam se desvincular para concorrer nas eleições, e é comum propagandas eleitorais em prédios oficiais e repartições públicas.[9] Para as eleições deste ano, a DNE determinou, pela primeira vez, que os candidatos expliquem seus gastos de campanha através de uma lista detalhada de seus gastos e da origem do dinheiro. O financiamento público de campanhas é escasso, e a maior parte dos recursos das campanhas são provenientes de empresários simpatizantes dos candidatos. O limite de gastos para uma campanha presidencial é de 254 milhões de pesos argentinos.[10]
O sistema eleitoral argentino permite que os partidos formem coligações. Cada coligação poderia apresentar mais do que uma chapa presidencial, mas apenas a que obtivesse mais votos na primária prosseguiria para o primeiro turno. As Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) foram criadas em 2009 e entraram em vigor pela primeira vez nas eleições gerais de 2011. Para ser candidato no primeiro turno, um candidato, ou sua coligação, deve obter pelo menos 1,50% dos votos válidos.[11] As primárias servem para reduzir o número de candidatos ao primeiro turno, que, historicamente, era alto, sendo este um reflexo de um sistema partidário fragmentado.[12]
Segundo a Câmara Nacional Eleitoral, estão habilitados para votar 32.064.323 eleitores. Com 11,8 milhões de eleitores (ou 37% do total), a província de Buenos Aires é o colégio eleitoral mais importante.[13] Os cidadãos residentes no exterior inscritos, estimados em cerca de quarenta mil, também estão habilitados para votar em seções eleitorais distribuídas em setenta países.[14] No país, o voto é obrigatório dos dezoito aos setenta anos, e facultativo a partir dos setenta e dos dezesseis aos dezoito anos de idade.[15]