Electra Heart é o segundo álbum de estúdio da artista musical galesaMarina. O seu lançamento ocorreu em 27 de abril de 2012, através da 679 Artists e Atlantic Records. O disco possui uma sonoridade inspirada por gêneros dançantes como o electropop e feita através da infusão do indie pop e do new wave, possuindo elementos proeminentes do dubstep, house e do indie rock. As gravações do projeto ocorreram entre os anos de 2010 e 2012 em estúdios do Reino Unido, com a produção de DJ Chuckie, Cirkut, Diplo, Dr. Luke, Liam Howe, Devrim Karaoğlu, Greg Kurstin, Fabian Lenssen, Ryan McMahon, Rick Nowels, Ryan Rabin, Dean Reid, Dean Reid e Stargate.
Após retornar dos Estados Unidos posteriormente ao lançamento de seu primeiro álbum The Family Jewels (2010), a artista pensou em criar um personagem que poderia ser o centro de seu próximo projeto. A artista foi inspirada pela "geração do Tumblr" e de elementos associados com o Sonho Americano e a tragédia grega, ainda tendo Madonna, Marilyn Monroe e Maria Antonieta. Diamandis ainda comentou que a personagem Electra Heart incorporada no álbum é uma "antítese de tudo o que eu represento", bem como disse que "representa o lado corrupto da ideologia americana, e basicamente, a corrupção de si mesmo".
No dia 1 de Março de 2012, Diamandis revelou via Twitter e Facebook a lista de doze faixas que compõe a tracklist da edição padrão de Electra Heart, postando também a foto da capa do álbum.[1] As quatro faixas bônus presentes na Deluxe edition, incluindo o single promocional "Radioactive", foram anunciadas no dia 5 do mesmo mês.
Videoclipes
A era Electra Heart foi acompanhada por uma série de 11 videoclipes, cada um contando uma parte da história de Electra Heart, o personagem e alter ego que Marina incorporou durante a divulgação, presente na capa do álbum. Na descrição de cada videoclipe da série, Marina conta um pouco mais sobre a personagem: "Electra Heart é aquela garota que você encontra no supermercado, que está usando um casaco de pele falsa e óculos escuros, vagarosamente escolhendo os abacates. O seu carrinho de compras está cheio de garrafas de champanhe e morangos e ela não se importa se você está olhando ela. Ela está angustiada, e você consegue perceber que a conversa no telefone não terminou muito bem pelo jeito que ela dramaticamente derrubou seu telefone e limpou uma lágrima de sua bochecha. A mesma bochecha que tem um coração desenhado com delineador."
O primeiro, intitulado "Part 1: Fear and Loathing", foi lançado em 8 de agosto de 2011, contendo a descrição "Electra Heart: The Start". O vídeo mostra Diamandis em frente ao espelho de um banheiro cortando seus longos cabelos pretos e cantando a faixa em uma varanda durante a noite.[2] Seguido por "Part 2: Radioactive", lançado em 22 de Agosto, que mostra Diamandis usando uma peruca loira viajando pelos Estados Unidos com seu interesse romântico.[3] A faixa foi lançada através da iTunes Store em 23 de Setembro de 2011,[4] e chegou a 25ª posição da UK Singles Chart em 15 de Outubro.[5]
Um terceiro vídeo, "Part 3: The Archetypes", foi postado no dia 15 de Dezembro de 2011, e durante um minuto e vinte e um segundos, sugeriu o título de quatro faixas do álbum, com a letra "Housewife, beauty queen, homewrecker, idle teen".[6]
O quarto vídeo, intitulado "Part 4 : Primadonna" Foi o primeiro single oficial da era "Electra Heart", e o videoclipe mostra Diamandis, sob o alter-ego: Electra Heart numa mansão, cantando a canção.
O quinto vídeo, "Part 5: Su-Barbie-A", mostra, presumidamente, Diamandis, de costas para a câmera, em branco e preto, com o vídeo em looping, com um vestido. No fundo, comerciais de bonecas Barbie e outros brinquedos são reproduzidos, juntamente com o instrumental da faixa (inspirada no filme) "Valley Of The Dolls", do mesmo álbum.
O sexto vídeo, chamado: "Part 6: Power & Control", um dos singles do álbum, mostra Electra, em uma mansão semelhante à aquela vista em Primadonna, com o seu amor, cantando a canção. Seguido pelo sétimo vídeo, "Part 7: How To Be A Heartbreaker", mostra Electra em diversos lugares, como um vestiário masculino, seduzindo alguns homens, enquanto cantarola a música, sobre o mesmo tema.
O oitavo vídeo, intitulado "Part 8: E.V.O.L", uma das canções da versão deluxe do álbum, filma Electra em um cômodo, com uma expressão depressiva, onde flashes dos "Archetypes" descritos por Marina, são reproduzidos. Novamente, o vídeo é em branco e preto.
Chegando no final da série, o nono vídeo "Part 9: The State Of Dreaming", mostra Electra com um véu e vestido vermelhos cantando a música. No fundo, elementos teatrais são postos, como, em uma letra da música, ela canta: "minha vida é uma peça". A câmera ao longo do vídeo transita entre os tons cinzentos e coloridos.
O décimo vídeo, "Part 10: Lies", apresenta Electra triste, em vários cenários, como um fundo cinza e uma mansão moderna, cantando a música. No final do clipe, Marina sai da mansão, na chuva, e vai para uma floresta.
O último vídeo, "Part 11: Electra Heart", mostra Electra na mesma floresta onde se passa o final do último vídeo, cantarolando a música, mas a maioria do vídeo, na verdade, é uma série de flashbacks de todos os vídeos da série, em ordem. E no final do último vídeo, Electra borra, propositalmente, o coração desenhado na sua bochecha, significando, talvez, a morte da personagem.
A Marina nunca explicou o real significado dessa série, deixando assim, para interpretação pessoal de cada espectador.
Antecedentes e produção
A ideia de criar as canções em torno do personagem Electra Heart e de outros quatro arquétipos originou-se durante o período que ela passou viajando pelos Estados Unidos após o lançamento de seu álbum de estréia, The Family Jewels (2010). Diamandis considerou criar um personagem que se tornaria o ponto central de seu projeto de acompanhamento. Ela comentou sobre sua inspiração:
“
Eu estava começando a pensar sobre a nossa geração Tumblr, e como as fotos aparecem no Tumblr e as pessoas tornam-se quase como mini-estrelas da internet, e você não sabe quem diabos eles são - eles são apenas rostos anônimos. Então eu comecei a tirar fotos, e fiz um esforço para parecer completamente diferente em cada uma, em diferentes hotéis e apartamentos em toda a América, quando eu estava viajando. E ela só começou a construir a partir disso. Foi mais o arquétipo Primadonna no início, realmente; Eu estava lendo um monte de livros como Hollywood Babylon, concentrando-se mais no lado fofoqueiro, suicida dos anos 30 e 40 em Hollywood. Foi assim que tudo começou, e então ele se transformou em um projeto real. Eu só queria fazer um artifício por amor. Estamos tão familiarizados com a ideia de amor em canções pop, mas eu não queria que se enquadram nessa categoria tipo de clichê. Então eu pensei que eu iria criar Electra Heart.
O produto final tornou-se "um personagem frio, cruel que não era vulnerável", que mais tarde denominado "Electra Heart" e detalhada como uma ferramenta para representar uma combinação de elementos associados com o sonho americano e tragédia grega, e acrescentou que os visuais seria para mesclar os conceitos diferentes em uma ideia coesa.[8]
"[A personagem] 'Electra Heart' é a antítese de tudo o que eu defendo. E o motivo de apresentá-la e de construir um conceito em torno dela é que ela está do lado corrupto da ideologia americana, e basicamente, essa é a corrupção de você mesmo. Meu maior medo — que é o maior medo de qualquer um — é de me perder e me tornar uma pessoa vazia. E isso acontece muito quando você é extremamente ambicioso."
—Marina Diamandis falando sobre a personagem Electra Heart, que dá título ao álbum.[9]
Em uma entrevista ao Popjustice, Diamandis declarou que "basicamente Electra Heart é uma história", chamando-o de "um verdadeiro filme cinematográfico do tipo americano dos anos 70" dividido em três partes.[9] O álbum é centrado em torno da personagem-título Electra Heart, que de acordo com Diamandis, não é um alter ego, mas sim "uma espécie de veículo para retratar o 'sonho americano' com elementos da tragédia grega", e que tudo isso "virá através do visual."[9] Ela acrescentou dizendo que "queria criar uma personagem fria e cruel, que não fosse vulnerável."[10]
Diamandis descreveu o álbum como "uma ode ao amor disfuncional", e declarou: "Baseei o projeto em torno de espécies de personagens comumente encontrados nas histórias de amor, no cinema e e no teatro, geralmente aqueles associados ao poder e o controle do amor, contrários a fraqueza ou a derrota [...] Rejeição é um tema embaraçoso e universal, e Electra Heart é a minha resposta a isso. Esse é um álbum franco."[11]
Diamandis inicialmente anunciou Electra Heart, em agosto de 2011; Inicialmente, estava previsto para se tornar um projeto de três partes, inspirada na cultura americana na década de 1970, ainda que eventualmente evoluiu para o seu segundo álbum de estúdio.[9] Diamandis originalmente havia se planejado para lançar o álbum como um "projeto paralelo" individualmente de Marina and the Diamonds, embora sua gestão fosse recusada.[12] A faixa "Living Dead" foi a primeira a ser gravada durante a sua produção, e cerca de vinte e duas canções foram gravadas para uma possível inclusão no projeto.[13] Mais tarde, ela comentou que o registro seria dedicado ao "amor disfuncional", elaborando que "a rejeição é um tema universal embaraçoso e Electra Heart é a minha resposta a isso."[14] Diamandis afirmou que Electra Heart foi influenciado por Madonna, Marilyn Monroe, e a rainha francesa Marie Antoinette; ela descreveu Madonna como sendo "sem medo" e senti que ela expôs o desejo de ser um artista de sucesso além da fama e riqueza.[15] Diamandis disse à Glamour que Britney Spears havia influenciado o tema de "dupla face" para o registro de ambas "inocência" e "escuridão".[16] Ela descreveu o produto final como sendo "um pouquinho repugnânte" e reflexivo de suas experiências pessoais, apesar de notar que a sua campanha de divulgação seria "rosa e fofa".[15]
Electra Heart recebeu críticas mistas dos críticos musicais. No Metacritic, que atribui uma pontuação máxima de 100 pontos aos álbuns, baseado nas críticas dos críticos mainstream, o álbum atingiu 57 pontos, baseado em 16 críticas, o que indica "críticas médias ou mistas".[17] Michael Cragg, da BBC Music, disse que "[aqui] existem momentos em que as canções por si mesmas não são suficientemente interessantes para sustentar a voz de Marina", mas notou que "esses são os menores problemas", elogiando o álbum pela sua capacidade de "equilibrar o irônico com os sentimentos do coração, o peculiar com o mainstream e a verdade com a mentira, com uma notável calma."[27] Robert Copsey, do Digital Spy, deu ao álbum quatro de cinco estrelas, afirmando que "as melodias grudentas, os refrões colossais e a pura loucura fazem com que Electra Heart seja completamente agradável de se ouvir por inteiro - independentemente de você aderir ou não ao conceito."[28] Pete Clark, do Evening Standard concordou com isso, comentando que "Marina se destaca nos momentos mais lentos das canções, como em ['Primadonna'], 'Lies', 'Valley of the Dolls' e 'The State of Dreaming', onde seus arrebatadores vocais se misturam a uma batida electro-pop, trazem a memória Kate Bush tendo opções mais fáceis do que as de seus dias mais recentes." Ele ainda disse que "a melhor [canção] entre todas é 'Homewrecker', com uma letra-narrada épica, na qual os Pet Shop Boys não teriam vergonha de colocar sua assinatura."[20] Tony Clayton-Lea, do The Irish Times, deu ao álbum quatro de cinco estrelas, notando que no álbum há uma "forte presença do europop, o que dá a sensação de que o álbum terá um grande e duradouro sucesso nos charts [...], um nome mundo afora e um público seleto."[23] Helen Clarke, do musicOMH, afirmou que "com seu álbum de estreia, [Diamandis] mostrou que consegue fazer baladas credíveis e um pop peculiar", e que "Electra Heart apresenta uma estrela do pop inteligente e corajosa."[24] Em uma crítica para o Daily Express, Simon Gage disse que a voz de Diamandis é "peculiar, divertida e que muitas vezes flutua alto", e chamou as letras do álbum de "refrescantes e inteligentes", acrescentando: "Definitivamente [Electra Heart] não é um álbum pop de números, mas [que] há melodias amigáveis as rádios suficientes para torná-lo um sucesso comercial."[29]
O crítico Alexis Petridis, do The Guardian, disse que as melhores canções do álbum "não são aquelas feitas pelos compositores renomados", mas "aquelas nas quais Diamandis trabalhou em conjunto com o produtor do The Family Jewels, Liam Howe." Ele concluiu dizendo: "Claramente há um estrela do pop interessante em algum lugar aqui: Da última vez ela ficou submersa por sua própria simploriedade, desta vez ela está em algum lugar abaixo de algumas tímidas canções, um confuso conceito e a imagem de uma outra pessoa. Talvez da próxima vez — se houver uma próxima vez — ela venha melhor."[21] Krystina Nellis, do Drowned in Sound, achou o conceito do álbum confuso, dizendo que Electra Heart é "razoavelmente divertido de se ouvir, e mesmo que fique aquém da sua ambição estratosférica, Marina ainda tem muito mais a dizer do que seus contemporâneos." Nellis continuou dizendo: "Sobrecarregado por um grande pseudo-intelecto e, crucialmente, sem incríveis canções pop o suficiente, este é um ato na corda bamba que sempre chegará ao fim mais com um gemido do que com uma grande revelação."[19] Quanto aos temas do álbum como o amor, a identidade, a feminilidade e a América, Kitty Empire do The Observer disse: "Toda essa agitação permite que a peculiar Diamandis faça um bombardeio de glitter como Britney ou Katy Perry, enquanto mantém uma certa distância irônica [...] Sua '[Electra] Heart' não é tão covarde quanto ela, mais esses temas de rainha do baile tiveram um tratamento musical mais intrigante por parte de Lana Del Rey."[30] Simon Price, do The Independent, deu ao álbum três de cinco estrelas, e sentiu que "[O álbum] é muito profissional para ser verdadeiramente terrível, mas nunca é inteligente o suficiente para ser mais do que meramente um Toytown."[22] Priya Elan do NME não se impressionou, e disse que "o álbum como um todo soa como um caro fracasso." Falando sobre Marina e sua personagem Electra Heart, ela disse: "Sem estar com os pés no chão o suficiente em sua subversão, a artificialidade [da personagem] soa tanto falsa quanto cuidadosamente traçada."[15] De forma parecida, Laura Snapes do Pitchfork Media opinou dizendo que "Ao serem trabalhadas por Dr. Luke, Stargate, Greg Kurstin e Liam Howe, as canções de Electra Heart cairam dentro de três categorias básicas desses produtores: a suave e já encharcada batida [...], uma base eletrônica real, que está caindo em algum lugar entre o Depeche Mode do popzinho deles e a batida tema do Doctor Who, além das muito enjoativas baladas com melodias de caixinha de música de quarto de bebê."[25] George Boorman, da Clash, deu ao álbum 1 ponto em uma escala de 10, chamando-o de "Uma inglória e lânguida declaração da morte de Marina, a marca final da reprovação em sua descomposta desculpa de uma carreira musical."[18] Will Hodgkinson do The Times deu ao álbum duas de cinco estrelas, rejeitando-o ao dizer que ele é "um álbum cheio de clichês que poderia ter vindo de qualquer fantoche do X Factor."[26]