Efraim de Antioquia (em grego: Εφραίμ ο Αντιοχείας), também chamado como Efraim de Amida (em grego: Εφραίμ o Ἀμίδιος; em siríaco: ܐܦܪܝܡ ܐܡܕܝܐ),[1] foi patriarca de Antioquia, e chefe da Igreja Ortodoxa Grega local, de 527 até a sua morte em 545. É venerado como um santo na Igreja Ortodoxa Oriental e na Igreja Católica Romana, e seu dia de festa é 8 de junho.
Efraim era filho de certo Apiano[2] e irmão de João.[3] Nasceu em Amida no século V, onde se tornou fluente em grego e siríaco.[4] Foi depois empregado no governo civil,[5] e serviu como general militar durante os reinados do imperador Anastácio I (r. 491–518) e seu sucessor Justino I (r. 518–527).[6] Em 522, foi nomeado conde do Oriente por Justino e tomou medidas severas contra os Azuis, uma facção de corridas de bigas,[7] que havia se revoltado no início daquele ano. Os tumultos dentro da cidade cessaram como resultado das ações dele,[8] e, em 524/5, recebeu o título honorário de conde das sagradas liberalidades, concedendo-lhe a admissão ao senado. Realizou obras de construção em Antioquia em novembro de 524 ou fevereiro, junho ou julho de 525.[7]
No final de 525, foi substituído por Anatólio, mas foi renomeado conde em 29 de maio de 526, quando um terremoto atingiu Antioquia.[7] Começou a reconstrução da cidade, durante a qual viu uma coluna de fogo subir dum cortador de pedra adormecido para o céu. Acordou o pedreiro que revelou que havia sido bispo e profetizou que ele se tornaria patriarca de Antioquia.[8] Seus esforços para reconstruir a cidade lhe renderam a afinidade do povo e muitos o chamaram para suceder Eufrásio como patriarca, pois morreu no terremoto.[7] A pedido do povo, tornou-se monge,[9] e foi consagrado patriarca em abril/maio de 527.[10]
Em 528, Antioquia foi atingida por outro terremoto, no qual menos de 5 mil pessoas foram mortas,[11] e o santo ajudou a reconstruir a cidade mais uma vez.[12] Antioquia continuou a sofrer terremotos e muitos fugiram da cidade, no entanto, Efraim ordenou ao povo que escrevesse "Que Cristo esteja conosco" nas portas de suas casas. O terremoto posteriormente parou, e assim Antioquia foi chamada de Teópolis (cidade de Deus).[9] O rei lacmida Alamúndaro III invadiu a Síria e escravizou vários prisioneiros em 529, e no ano seguinte os prisioneiros apelaram para Efraim que pagou seu resgate.[13] Os não calcedônios revoltaram-se em Antioquia em 531 e atacaram o palácio patriarcal, mas foram expulsos pelo conde do Oriente.[14] Efraim escreveu a Ântimo, arcebispo de Trebizonda, antes de sua consagração como patriarca de Constantinopla sobre as naturezas de Cristo e a heresia do eutiquianismo, e o lembrou da importância do Concílio de Calcedônia.[15] Ântimo tornou-se patriarca em 535 e adotou o não calcedonismo,[16] o que levou Efraim a enviar Sérgio de Resena com uma carta a Roma para se encontrar com o papa Agapito I e avisá-lo de que os não calcedônios haviam garantido o controle das Igrejas de Alexandria e Constantinopla. Agapito consequentemente interveio e Ântimo foi deposto em 536.[17]
Depois que o imperador Justiniano I (r. 527–565) emitiu um decreto proibindo os escritos de Severo de Antioquia em agosto de 536,[18] Efraim empreendeu uma turnê pela Síria e Mesopotâmia ao lado de um contingente de soldados para impor o Concílio de Calcedônia e perseguir seus oponentes, e viajou para Cálcis, Beroia, Hierápolis, Batnas, Edessa, Sura, Calínico, Teodosiópolis, Constantina e Amida. Expulsou monges não calcedônios dos mosteiros no meio do inverno, aprisionou aqueles que se recusaram a aceitar o concílio e erigiu piras em alguns casos.[19] Segundo a sua hagiografia, encontrou-se com um estilita não calcedônio perto de Hierápolis ou Heracleia e tentou convertê-lo,[5] mas o estilita não estava convencido. O estilita construiu uma fogueira e argumentou que ele e o santo deveriam entrar na fogueira para testar quem estava certo, ao que Efraim colocou seu omofório no fogo. Após três horas, o omofório foi removido da fogueira ileso e o estilita renunciou à sua heresia.[20] Efraim enviou seu irmão João, um sátrapa de um principado armênio, a Amida para convencer os monges não calcedônios a aceitarem o Concílio de Calcedônia, porém, eles recusaram e João foi forçado a expulsá-los da cidade.[21]
Neste momento, de acordo com Miguel, o Sírio, foi enviado como embaixador para o rei gassânida Aretas V pelo imperador Justiniano, [22] e tentou sem sucesso persuadi-lo a aceitar o Concílio de Calcedônia. Em 537,[17] conspirou para aprisionar o clérigo não calcedônio João de Tela, que havia se refugiado no Império Sassânida, e assim teria dito ao governo sassânida que João havia cometido simonia e era um rebelde.[23] O governo sassânida capturou João e o transferiu para Efraim,[17] que posteriormente humilhou e aprisionou João em Antioquia, onde morreu em 538.[24] Em 537/8, realizou o sínodo em Antioquia que contou com a presença de 132 bispos e declarou sua aprovação do sínodo realizado em Constantinopla em 536, condenando Severo. O arcebispo Sinclético de Tarso, e o seu sincelo Estêvão, que eram suspeitos de adesão ao eutiquianismo, foram considerados pelo sínodo, mas foram absolvidos após uma confissão de fé.[5][17]
A erupção da guerra entre sassânidas e bizantinos levou Antioquia a ser sitiada pelas xainxá Cosroes I (r. 531–579) em 540. O bispo tentou sem sucesso pagar aos sassânidas para aliviar seu cerco em várias ocasiões, no entanto, tomaram a cidade e Efraim fugiu à Cilícia, onde permaneceu até os bizantinos retomarem Antioquia. A catedral e seus edifícios foram poupados da destruição depois que Efraim pagou às forças sassânidas em objetos preciosos. Em 542, viajou a Jerusalém, onde se encontrou com seis monges sabaítas que haviam sido expulsos de seus mosteiros pelos origenistas.[17] Os monges apelaram ao santo para agir contra o origenismo.[25] Efraim então participou do Sínodo de Gaza, ao lado do arcebispo Hipácio de Éfeso e do patriarca Pedro de Jerusalém, e condenou e depôs o patriarca Paulo I de Alexandria.[5]
Efraim realizou um sínodo em Antioquia em 542 no qual condenou Orígenes e os defensores de suas doutrinas.[25] Numa tentativa de curar a rixa entre partidários e oponentes do Concílio de Calcedônia, Justiniano emitiu decreto no fim de 543 ou início de 544 que condenava os chamados Três Capítulos, iniciando assim a Controvérsia dos Três Capítulos.[26] O santo inicialmente se recusou a concordar com o edito, mas o imperador ameaçou-o com deposição, após o que concordou em condenar os Três Capítulos,[27] e escreveu ao papa Vigílio para declarar que havia concordado apenas sob força.[26] Efraim morreu no ano seguinte.[17]
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