Conta-me como Foi
Conta-me como Foi é uma dramédia histórica produzida pela RTP e SP Televisão. A série estreou a 22 de abril de 2007, na RTP1.[1]
Adaptação
Foi adaptada da série de ficção espanhola Cuéntame cómo pasó, criada a partir da ideia original de Grupo Ganga Producciones. Tal como a primeira, também a versão portuguesa tem como objectivo retratar de forma bem humorada o ambiente socioeconómico desde os finais da década de 1960.[2]
Enredo
Baseando-se numa combinação de micro-história e macro-história, a ficção acompanha o quotidiano de uma família de classe média, os Lopes, que habitam um andar de um bairro social na Lisboa do final dos anos 60. António, o pai, Margarida, a mãe, Hermínia, a avó, Toni, Isabel e Carlos, os filhos, vivem com dificuldades financeiras, que ainda assim permitem a aventura de comprar uma televisão. Um "novo elemento da família" que vai ocupar lugar de destaque na casa dos Lopes.
É a voz adulta de Carlos, o filho mais novo, com 8 anos em 1968, que narra "Conta-me como foi". É através do seu olhar de criança, que nos é contada a história da família e também de factos sociais, económicos, políticos, episódios da História do país e do mundo desde o regime do Presidente de Conselho António Oliveira Salazar até ao revolucionário 25 de Abril.
Recorrendo a arquivos e reconstituições de conteúdos da rádio e da televisão, companheiros sempre presentes na sala e na vida dos Lopes, a narrativa de Carlos torna-se mais viva e mais autêntica.
- A acção inicia-se em Março de 1968 e relata a vida de uma família lisboeta, de apelido Lopes, de classe média baixa, oriunda da província (a "terra"), que se debate todos os meses com dificuldades financeiras que, ainda assim, permitem a aventura da compra de uma televisão, mas que não deixam senão sonhar com a compra de um pequeno automóvel.
- A família Lopes é então composta pelo pai, António (Miguel Guilherme), que trabalha como escriturário no Ministério das Finanças mas, que por este emprego não lhe proporcionar condições económicas para sustentar toda a sua família, tem também uma actividade paralela numa tipografia. A mãe, Margarida (Rita Blanco), uma dona de casa que cose calças para fora, a avó, Hermínia (Catarina Avelar), a filha mais velha, Isabel (Rita Brütt), que trabalha no salão de cabeleireiro, o filho do meio, Toni (Fernando Pires), que estuda para entrar na Universidade e ser advogado, e finalmente, o filho mais novo, o Carlitos (Luis Ganito), que tem uma imaginação muito fértil.
- Ao ser contada a história da família, acompanha-se também a evolução social, económica e política de Portugal e do mundo, recorrendo a referências no guião, a arquivos e a reconstituições de conteúdos de rádio e televisão.
- Acontecimentos marcantes na vida política, social e desportiva em Portugal e no mundo podem ser aqui descobertos, enquadrados com a trama de cada de episódio. Curiosidades, publicidades, programas de rádio e televisão, locutores e apresentadores e as imagens de Portugal de 1968 a 1974 marcam também presença para serem conhecidos pelos mais jovens e recordados pelos menos velhos.
- Problemas como o contraste entre classes sociais, a emancipação feminina, o marialvismo, o racismo, a prostituição, o aborto e a homossexualidade são retratados na série.
- Apresentam-se na história a evolução da moda, da roupa aos cabelos, as inovações tecnológicas, novos produtos, publicações periódicas, carros e motas… as coisas de um tempo em que telemóveis com máquina fotográfica não seriam mais do que simples alucinação futurista e em que os jovens pensavam no Festival da Canção em vez de em coloridas séries juvenis.
- Conta-me como foi retrata, acima de tudo, o modo de viver e pensar de uma sociedade ainda fechada sobre si, os papéis e as ambições sociais de homem e mulher, de jovens e idosos, os tabus de uma época e a gradual e desconfiada abertura a novas mentalidades.
- Assim sendo, Conta-me como foi tem o objectivo de retratar, em forma de ficção, a vida e o país desde 1968, mas sem espírito saudosista, sem abordagens moralistas, sem juízos de valor, sem tomar partido por nenhum lado da história, sem aspirações documentalistas. Possui a intenção de entreter, com a vontade de mostrar e dar a conhecer o passado, com a certeza de ser uma oportunidade descontraída de recordar, rever e reviver um tempo que faz parte da história pessoal de milhões de portugueses, incluindo até, a maioria dos actores que representam a série.
Elenco e personagens
A Família Lopes:[4]
Temporadas
Produção
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Episódios
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Temp.
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Episódios
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Transmissão Original
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Dia da semana
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Audiências (média dos episódios)
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Período histórico
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Adaptação e argumento
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Estreia de temp.
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Final de temp.
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1
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26
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09
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1
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09
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22 de abril de 2007
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22 de junho de 2007
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Domingo
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614 835 6,4% rating
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março a setembro de 1968
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Helena Amaral, Isabel Frausto e Fernando Heitor
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17
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2
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31
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30 de setembro de 2007
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15 de junho de 2008
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-
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outubro de 1968 a outubro de 1969
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2
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26
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14
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12
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3
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17
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4 de janeiro de 2009
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26 de abril de 2009
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804 583 8,5% rating
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novembro de 1969 a maio de 1970
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3
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52
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5
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23
|
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4
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23
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17 de outubro de 2009
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16 de maio de 2010
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Sábado (até ep.09) e Domingo (restantes)
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589 337 6,1% rating
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junho de 1970 a maio de 1972
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24
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5
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24
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14 de novembro de 2010
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25 de abril de 2011
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Domingo (até ep.23) e Segunda-Feira (ep.24)
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674 292 7,0% rating
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agosto de 1972 a 25 de abril de 1974
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Luís Filipe Borges, Nuno Duarte e Tiago R. Santos
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4
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52
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19
|
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6
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19
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7 de dezembro de 2019
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25 de abril de 2020
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Sábado
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577 964 6,0% rating
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31 de dezembro de 1983 a novembro de 1984
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André Tenente, João Félix, Miguel Simal, Pedro Lopes, Marina Preguiça Ribeiro e Catarina Bizarro
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18
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7
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18
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3 de outubro de 2020[5]
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30 de janeiro de 2021
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-
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dezembro de 1984 a março de 1986
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15
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8
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15
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3 de junho de 2023[6]
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16 de setembro de 2023
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-
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abril de 1986 a julho de 1987
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Gravações e cenários
- As gravações iniciaram-se em dezembro de 2006 e,terminaram em julho de 2009. Houve uma pausa nas gravações, em meados de 2008. A série conta com três produções gravadas, divididas em cinco temporadas, na qual a última (a 5.ª) terminou dia 25 de abril de 2011.
- O bairro da família Lopes, não existe na realidade. Todos os cenários, incluindo as ruas do bairro, foram instalados nos estúdios da Edipim, na Zona Industrial da Abrunheira, a cerca de 18 km de Lisboa, no concelho de Sintra. Os edifícios habitacionais e comerciais do "bairro" são caixas desmontáveis de PVC que foram instaladas num dos estúdios. Os restantes cenários interiores foram instalados em estúdios polivalentes, como acontece com todas as produções televisivas.
- As cenas do descampado, onde as crianças brincam, foram feitas próximo ao Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa.
- Para a gravação do episódio "Morte Natural", tanto como o final do anterior e, o início do seguinte, na segunda produção, a equipa deslocou-se ao concelho de Melgaço em Castro Laboreiro, onde se reproduziu a aldeia dos Lopes, com nome fictício de "Ermidão". Também o episódio "Tempos Difíceis", da quarta temporada teve algumas cenas gravadas na aldeia, mas desta vez, só por Rita Blanco e Catarina Avelar.
- Foram usadas imagens do arquivo da RTP, da época retratada, de diversos locais tais como Lisboa, Porto, Coimbra, entre outros em Portugal e, também do estrangeiro, como Paris e Londres.
- Para retratar o período pós-25 de abril, em vez de se gravar uma nova temporada desta série, gravou-se uma nova, intitulada de Depois do Adeus. O seu enredo gira em torno de uma família portuguesa que vivia desafogadamente em Luanda, Angola e que, de um momento para outro é obrigada a recomeçar tudo do nada em Portugal, devido ao 25 de abril.
- Foi a primeira série de televisão em Portugal a ter disponível o serviço de audiodescrição nas emissões regulares da RTP1, para pessoas com deficiência visual.
Prémios
- 2008 | ATV – Associação de Telespectadores
Prémio de Melhor Programa da Televisão Portuguesa em 2007
Prémio de Melhor Programa de Ficção 2009 / Série
- 2014 | Prémios Lumen – RTP
Prémio de Melhor da Ficção de sempre da RTP
Ficha técnica
Cargo |
1.ª Produção |
2.ª Produção |
3.ª Produção |
4.ª Produção
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Direcção do Projeto |
Fernando Ávila |
Jorge Queiroga |
Patrícia Ferraz de Sequeira Sérgio Graciano |
Hugo Xavier[7]
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Realização |
Fernando Ávila e Pedro Miguel |
Jorge Queiroga |
Sérgio Graciano |
Hugo Xavier e Paulo Brito
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Direcção de Produção |
Cristina Soares |
Francisco Barbosa
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Pesquisa e Consultoria |
Helena Matos
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Adaptação, Guião e Diálogos |
Fernando Heitor, Helena Amaral e Isabel Fraústo |
Fernando Heitor, Helena Amaral e Isabel Fraústo Luís Filipe Borges, Nuno Duarte e Tiago R. Santos |
André Tenente, João Félix, Miguel Simal e Pedro Lopes
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Figurinos |
Rute Correia
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Projecto Cenográfico |
António Casimiro
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JSCV Hora do Lobo
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Cenografia e Decoração |
Clara Vinhais
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Rui Francisco
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Som |
Ricardo Correia |
Jorge Reis
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Tomás Chaves
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Director de Fotografia |
Rui Prates |
Amílcar Carrajola |
Miguel Trabucho
|
Amílcar Carrajola
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Edição |
Mário Simões e Manuel Matias
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Tiago Costa
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Referências
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