O Conclave de 1523 foi a reunião de eleição papal realizada após a morte do Papa Adriano VI. Durou de 1 de outubro a 19 de novembro de 1523.[1][2] Na morte de Adriano VI, eram 45 os cardeais eleitores. Participaram no início do conclave 36 cardeais.[1][2]
O Papa Adriano VI experimentava problemas de saúde durante os meses finais de sua vida, inspirando os cardeais para começar as articulações politicas.[3]Francisco I da França enviou um grande exército no norte da Itália, em 1522, e com a expectativa de alavancar essa força para efeito da eleição do cardeal francês Jean de Lorena, ou mais provavelmente um cardeal italiano pró-francês, como Niccolò Fieschi.[3] No entanto, seu exército sofreu uma grande derrota na Batalha de Bicocca antes do conclave.[3] Em qualquer caso, os três cardeais franceses foram ordenados por Francisco I de se apressar para Roma.[3]
Carlos V, Sacro Imperador Romano, fortalecido pela Batalha de Bicocca, apoiou Giulio di Giuliano de' Medici, um defensor da política imperial no Sacro Colégio.[3]Henrique VIII da Inglaterra teria preferido a eleição de Thomas Wolsey, mas não estava em condição de efetivá-lo. Henrique VIII enviou duas cartas, uma de apoio a de' Medici, outra de apoio a Wolsey, que deveriam ser distribuídas ao Colégio nessa ordem.[4]
Conclave
O conclave iniciou-se em 1 de outubro, com 32 cardeais presentes[6]. Nove cardeais estavam ausentes.[5] Baumgartner aparentemente acredita que o único cardeal criado por Adriano VI,[6]Willem van Enckevoirt, estava ausente, mas todas as listas de presença do conclave mostravam-no como participante. Cardeal Giulio de' Medici tinha dezesseis ou dezessete apoiadores; Colonna teve o segundo maior número.[7] Os cardeais "anti-Imperial/anti-Medici" exigiram com sucesso que o primeiro escrutínio fosse adiado até que os cardeais franceses, que eram conhecidos por estar a caminho, chegassem. Em 6 de outubro, eles apareceram, elevando o número de eleitores para 35.
Fieschi era o candidato dos franceses e recebeu onze votos; Carvajal recebeu doze.[8] Ambas as partes mudaram o seu apoio na votação seguinte com Gianmaria del Monte vindo a receber um voto.[8] Medici já havia concordado em apoiar del Monte para a votação final, mas quebrou sua palavra e não levou adiante seu compromisso.[8]
Após o conclave chegar ao seu décimo dia, o Cardeal Thomas Wolsey teria recebido 22 votos. Em 13 de outubro, o partido imperial começou a votar em Medici, com o franceses votando em Farnese.[8] Os apoiadores de Medici mantiveram-se disciplinados em novembro, enquanto a facção francesa começou a rachar.[9] Colonna (que desprezava Medici, apesar de sua íntima ligação com Carlos V) conquistou um bloco de quatro votos contra Medici.[9] No entanto, em 18 de outubro, quando a facção francesa propôs a candidatura de Orsini (as famílias Colonna e Orsini eram rivais), Colonna foi impelido a lançar o seu apoio aos Medici, dando-lhe vinte votos.[9]
Em 10 de novembro, o Cardeal Ivrea (Ferrero) finalmente entrou no Conclave. O Cardeal Giulio de' Medici facilmente alcançou o requisito de 27 votos para o accessus e tomou o nome de Clemente VII.
↑Marino Sanuto, I diarii di Marino Sanuto Volume XXXV (Venezia 1892), cols,. 61-62.
↑Willem van Enckenvoirt of Urecht: Lorenzo Cardella, Memorie storiche de' cardinali della Santa Romana Chiesa Tomo Quarto (Roma: Pagliarini 1793), 79-80.
↑Sanuto, columns 223-224,fornece uma lista de todos os Cardeais presentes e suas alianças entre facções.
Baumgartner, Frederic J. 2003. Behind Locked Doors: A History of the Papal Elections. Palgrave Macmillan. ISBN 0-312-29463-8.
Ferdinand Gregorovius, The History of Rome in the Middle Ages (translated from the fourth German edition by A. Hamilton) Volume 8 part 2 [Book XIV, Chapter 5] (London 1902) 449-450; 453-458.