A Concanavalina A (ConA) é uma lectina (proteína ligadora de carboidratos) extraída originalmente do "jack-bean" (ou feijão-de-porco), Canavalia ensiformis. É membro da família das lectinas leguminosas. Ela se liga especificamente a certas estrutuas encontradas em diversos açúcares, glicoproteínase glicolipídeos, principalmente grupos α-D-manosil e α-D-glicosil internos e não-redutores.[1][2] ConA é um mitógeno de plantas e é conhecido pela sua habilidade em estimular subgrupos de células T de camundongo, dando origem à 4 grupos distintos funcionalmente de célula T, incluindo precursores de células T supressoras,;[3] um subgrupo de células T supressoras humanas também é sensível à ConA.[3] A ConA foi a primeira lectina a ser disponibilizada comercialmente, sendo amplamente usada em biologia e bioquímica para caracterizar glicoproteínas e outras entidades dotadas de açucares na superfície de diversas células and other .[4] Ela também é usada para purificar macromoléculas glicosiladas na cromatografia de afinidade com lectina,[5] assim como para estudar a regulação imune de diversas células imunes.[3]
Estrutura e propriedades
Como a maioria das lectinas, ConA é um homotetrâmero : cada subunidade (26.5KDa, 235 aminoácidos, altamente glicosilados) liga-se a um átomo metálico (normalmente Mn2+ e Ca2+). Ela possuii simetria D2.[6] Sua estrutura terciária já foi elucidada[7] e as bases moleculares de sua interação com metais assim como sua afinidade pelos açúcares manose e glicose [8] são bem conhecidas.
A ConA liga-se especificamente a resíduos de α-D-manosile α-D-glicosil(duas hexoses que diferem apenas pelo álcool no carbono 2) na posição terminal de estruturas ramificadas de B-glicanos. Ela possui 4 sítios de ligação, correspondendo às 4 subunidades.[2] O peso molecular é de 104-112KDa e o ponto isoelétrico (pI) é na faixa de 4.5-5.5.
A concanavalina A possui um número de onda de baixa frequência de 20 cm−1 em seu espectro Raman.[9] Essa emissão têm sido atribuída ao movimento do barril beta consistindo de 14 folhas beta na molécula de ConA.[10]
Atividade biológica
A Concanavalina A interage com diversos receptores contendo carboidratos com manose, notavelmente a rodopsina, os marcadores de grupos sanguíneos, o receptor de insulina[11] , as imunoglobulinas e o antígeno carcino-embrionário (CEA). Interage, também, com lipoproteínas.[12]
A ConA aglutina eritrócitos fortemente, independentemente dos grupos sanguíneos, assim como varias células cancerosas.[13][14][15] Foi demonstrado que células transformadas e células normais tripsinizadas não aglutinam a 4º, sugerindo que há um passo sensível à temperatura na mediação mediada por ConA.[16][17]
A ConA is é um mitógeno de linfócitos. De forma semelhante à fitohemaglutinina (PHA), ela é um mitógeno seletivo de células T em relação às células B. PHA e ConA se ligam e "cross-linkam" componentes dos receptores de célula T, e a habilidade em ativar células T é dependente da expressão desse receptor.[24][25]
ConA tem aplicações também em situações que requerem a imobilização em fase-sólida de glicoenzimas. Usando matrizes acopladas à ConA, é possível obter uma imobilização de grandes quantidades, reversível ainda facilmente por competição com outros açúcares ou mudança de pH.[30]
A ConA possui ainda potencial terapêutico, sendo eficaz contra hepatoma experimental(câncer de fígado).[31] ConA é sequestrado mais por células tumorais hepáticas que por células normais. A internalização de ConA ocorre preferencialmente à mitocôndria, após ligar em protenínas de membrana, levando à morte por autofagia. ConA também inibe parcialmente o crescimento de tumores nodulares de forma idependente da ativação de linfócitoso. Além disso, a atividade linfoproliferatica de ConA pode ter ativado células T CD8+ assim como NK, melhorando a resposta antitumoral no fígado.[31]
↑PDB3CNA; Hardman, Karl D.; Ainsworth, Clinton F. (1972). «Structure of concanavalin a at 2.4-Ang resolution». Biochemistry. 11 (26): 4910–9. PMID4638345. doi:10.1021/bi00776a006
↑Loris, Remy; Hamelryck, Thomas; Bouckaert, Julie; Wyns, Lode (1998). «Legume lectin structure». Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Protein Structure and Molecular Enzymology. 1383 (1): 9–36. PMID9546043. doi:10.1016/S0167-4838(97)00182-9
↑Painter, P. C.; Mosher, L. E.; Rhoads, C. (1982). «Low-frequency modes in the Raman spectra of proteins». Biopolymers. 21 (7): 1469–72. PMID7115900. doi:10.1002/bip.360210715
↑Betton, G. R. (1976). «Agglutination reactions of spontaneous canine tumour cells, induced by concanavalin a, demonstrated by an isotopic assay». International Journal of Cancer. 18 (5): 687–96. PMID992901. doi:10.1002/ijc.2910180518
↑Sela, B; Lis, H; Sharon, N; Sachs, L (1971). «Quantitation of N-acetyl-d-galactosamine-like sites on the surface membrane of normal and transformed mammalian cells». Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Biomembranes. 249 (2): 564–8. PMID4332414. doi:10.1016/0005-2736(71)90132-5
↑Kent Gartner, T.; Podieski, T.R. (1975). «Evidence that a membrane bound lectin mediates fusion of L6 myoblasts». Biochemical and Biophysical Research Communications. 67 (3): 972–8. PMID1201086. doi:10.1016/0006-291X(75)90770-6
↑Cuatrecasas, Pedro (1973). «Interaction of wheat germ agglutinin and concanavalin a with isolated fat cells». Biochemistry. 12 (7): 1312–23. PMID4696755. doi:10.1021/bi00731a011
↑Kanellopoulos, Jean M.; De Petris, Stefanello; Leca, Gerald; Crumpton, Michael J. (1985). «The mitogenic lectin from Phaseolus vulgaris does not recognize the T3 antigen of human T lymphocytes». European Journal of Immunology. 15 (5). 479 páginas. PMID3873340. doi:10.1002/eji.1830150512