Compreende, em sua totalidade, caramujos ou búzios de conchas infladas, ovoides ou semi-triangulares - geralmente com dimensões pouco superiores a 5 centímetros, quando desenvolvidas,[2] ou atingindo tamanhos bem grandes (30 centímetros de comprimento em Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758);[8] 41 centímetros de comprimento em Cassis cornuta (Linnaeus, 1758))[1] -, sólidas, com espiral baixa e larga volta corporal; com superfície adornada por nódulos, calos, sulcos, ou com superfície reticulada; geralmente apresentando manchas de coloração castanha. Muitas espécies, em sua superfície ventral, possuem um forte calo, bem desenvolvido, que se estende por toda a superfície ventral e é denominado escudo parietal; com várias dobras columelares proeminentes, formando ranhuras e se contrapondo a dentes grossos no lado interno do lábio externo. Canal sifonal curto e curvo para cima, formando uma dobra sifonal. As conchas dos machos podem diferir das conchas das fêmeas. Na subfamíliaPhaliinae Beu, 1981 a abertura é mais ampla e a concha mais globosa e geralmente menor do que na subfamília Cassinae Latreille, 1825 Podem apresentar varizes ou opérculo, mas não possuem perióstraco, podendo abrigar epibiontes sobre a concha.[2][3][5][7][9][10][11]
Segundo um texto elaborado pela Universidade Estadual de Washington (EUA), espécies de caramujosCassidae possuem a seguinte maneira de se alimentar de ouriços-do-marː se arrastam lentamente e elevam sua concha bem alto para, em seguida, deixá-la cair, abruptamente, de tal maneira que a presa é completamente engolida. Os espinhos do ouriço-do-mar são cobertos por uma fina "pele" de três camadas, em comunicação com glândulasvenenosas que podem liberar rapidamente toxinas, à medida que o espinho penetra no predador. No entanto, o Cassidae primeiro libera uma enzima paralítica, de sua glândula salivar, que o protege das toxinas; para então secretar ácido sulfúrico, suficientemente forte para dissolver a casca do ouriço-do-mar. Em cerca de 10 minutos, uma refeição desta é consumida.[7]
Nomenclatura
Apesar de sua formação incorreta (a correta seria Cassididae, com base na forma genitiva de Cassis), o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN) colocou o nome Cassidae Latreille, 1825 na lista oficial de nomes de famílias, evitando assim a homonímia com Cassididae Stephens, 1831 (baseada em Cassida Linnaeus, 1758, um besourocrisomelídeo); Opinion 1023 (1974, Bulletin of Zoological Nomenclature 31: 127-129).[3]
Muitas culturas, principalmente as de ilhascoralinas, foram adaptadas ao uso de conchas como ferramentas e utensílios para substituir a falta de metais, argila ou pedras. Da África até a Nova Guiné e Novo Mundo, através do Pacífico, as conchas dos Cassidae, junto com as de Strombidae, por suas dimensões, lhes foram úteis.[12] Eurico Santos cita, em sua obra "Moluscos do Brasil", que preparam a concha de Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758) praticando um furo na região de sua protoconcha para soprá-lo, produzindo um som de estridência rouquenha, que se ouve bem de longe;[13] podendo também dar-lhes, a esta espécie, a denominação de atapu[14] (na página 113 é possível observar a ilustração de um pescador, de chapéu, assoprando uma destas conchas);[15] daí também provindo a denominação búzio, significando, no latim, bucina, "trombeta".[16] Com a mesma finalidade se pode fazer um furo na concha de Cassis cornuta (Linnaeus, 1758)[17] Outra espécieː Voluta ebraea Linnaeus, 1758, também recebe a denominação, em língua indígena, no Brasil, de atapu, guatapi ou itapu.[18] Esta família é muito utilizada como objeto decorativo;[4] no caso de Cypraecassis rufa (Linnaeus, 1758), tal espécie é conhecida como a principal matéria-prima da qual são confeccionados os camafeus,[19] enviada da África Oriental até a Itália;[2] confeccionados pela propriedade que suas conchas têm de serem engrossadas e resistentes a danos em suas superfícies.[12] O animal pode ser usado para a alimentaçãohumana.[11][20]
Vista inferior da concha de Cassis tuberosa; ilustração retirada de George W. Tryon, Jr.; Manual of Conchology, Structural and Systematic: With Illustrations of the Species (1885). Vol. VII; Cassidae - Plate 2; figure 51.
Ilustração da obraNatural History: Mollusca (1854), de P. H. Gosse, p. 36 - "Cameo cut in a Cassis" = "Camafeu cortado em um Cassis".
↑ ab«Cassis (Cassis) cornuta» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021
↑ abcdefghijklmnABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 110-114. 412 páginas. ISBN0-525-93269-0A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
↑«Cassis (Cassis) tuberosa» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021
↑FERRARIO, Marco (1992). Guia del Coleccionista de Conchas (em espanhol). Barcelona, Espanha: Editorial de Vecchi. p. 105-108. 220 páginas. ISBN84-315-1972-X
↑LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 59. 256 páginas. ISBN84-282-0308-3
↑FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 296-297. 1838 páginas
↑Antefixus21 (4 de abril de 2018). «Home sweet home» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019. Hawaiian conch horn. This is a horned helmet snail (Cassis (Cassis) cornuta). I’m waiting for a warm sunny day to make a short video of its rich deep sound.