Caspa

Caspa
Caspa
Caspa humana ao microscópio
Especialidade Dermatologia
Sintomas Comichão e descamação da pele do couro cabeludo[1]
Início habitual Puberdade[1]
Causas Fatores genéticos e ambientais[1]
Método de diagnóstico Baseado nos sintomas[1]
Condições semelhantes Psoríase, dermatite atópica, tinha da cabeça, rosácea, lúpus eritematoso sistémico[1]
Medicação Cremes antimicóticos (cetoconazol)[1]
Frequência ~50% dos adultos[1]
Classificação e recursos externos
CID-9 690.18
CID-11 1291606644
DiseasesDB 11911
MeSH D063807
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Caspa é uma condição da pele que afeta principalmente o couro cabeludo.[1] Os sintomas são descamação da pele e em alguns casos prurido ligeiro.[1] A condição pode causar dificuldades sociais e de autoestima.[2][1] A dermatite seborreica é uma forma mais grave da condição, na qual se verifica também inflamação da pele.[1]

A causa exata não é ainda clara, mas acredita-se que estejam envolvidos uma série de fatores genéticos e ambientais.[1] A causa mais comum de caspa é pele seca. Outras possíveis causas são dermatite seborreica, psoríase no couro cabeludo, eczema, sensibilidade a produtos para o cabelo ou fungos semelhantes a leveduras.[3] A caspa não é causada por má higiene.[4] No entanto, lavar o cabelo com xampu de forma pouco frequente pode tornar a caspa mais óbvia.[3] A condição tende a agravar-se no inverno.[5] O mecanismo subjacente envolve o crescimento excessivo de células da pele.[5] O diagnóstico baseia-se nos sintomas.[1]

Não existe cura para a caspa.[6] Lavar o cabelo com um xampu anticaspa é a medida mais eficaz para controlar a condição.[3] Em alguns casos podem ser necessários xampus com substâncias antimicóticas como o cetoconazol.[1] A caspa ocorre em cerca de metade da população adulta.[1] Geralmente tem início durante a puberdade.[1] É mais comum entre homens do que entre mulheres.[1] A prevalência diminui após os 50 anos de idade.[1]

Sinais e sintomas

Os principais sintomas da caspa são coceira no couro cabeludo e descamação.[7] Manchas vermelhas e oleosas na pele e uma sensação de formigamento na pele também são sintomas.[8]

Causas

A causa não é clara, mas acredita-se que envolva uma série de fatores genéticos e ambientais.[4]

Caspa com cabelo pode ser com pele seca

À medida que as camadas da pele se substituem continuamente, as células são empurradas para fora, onde morrem e descamam. Para a maioria das pessoas, esses flocos de pele são pequenos demais para serem visíveis. No entanto, certas condições fazem com que a renovação celular seja extraordinariamente rápida, especialmente no couro cabeludo. Supõe-se que, para pessoas com caspa, as células da pele podem amadurecer e ser eliminadas em dois a sete dias, ao contrário de cerca de um mês em pessoas sem caspa. O resultado é que as células mortas da pele são eliminadas em grandes aglomerados oleosos, que aparecem como flocos brancos ou acinzentados no couro cabeludo, pele e roupas.

De acordo com um estudo, a caspa mostrou ser possivelmente o resultado de três fatores:[9]

  1. Óleo da pele, comumente referido como sebo ou secreções sebáceas[10]
  2. Os subprodutos metabólicos de microrganismos da pele (mais especificamente leveduras Malassezia)[11][12][13][14][15]
  3. Suscetibilidade individual e sensibilidade alérgica.

Microrganismos

A literatura mais antiga cita o fungo Malassezia furfur (anteriormente conhecido como Pityrosporum ovale) como a causa da caspa. Embora esta espécie ocorra naturalmente na superfície da pele de pessoas com e sem caspa, em 2007, descobriu-se que o agente responsável é um fungo específico do couro cabeludo, Malassezia globosa,[16] que metaboliza os triglicerídeos presentes no sebo pela expressão de lipase, resultando em um subproduto lipídico: ácido oleico. Durante a caspa, os níveis de Malassezia aumentam de 1,5 a 2 vezes o seu nível normal.[5] O ácido oleico penetra na camada superior da epiderme, o estrato córneo, e evoca uma resposta inflamatória em pessoas suscetíveis que perturba a homeostase e resulta em clivagem errática das células do estrato córneo.[13]

Dermatite seborreica

Na dermatite seborreica, a vermelhidão e a coceira ocorrem frequentemente ao redor das dobras do nariz e das sobrancelhas, não apenas no couro cabeludo. Lesões secas, espessas e bem definidas, consistindo de escamas grandes e prateadas, podem ser atribuídas à condição menos comum de psoríase do couro cabeludo. A inflamação pode ser caracterizada por vermelhidão, calor, dor ou inchaço e pode causar sensibilidade.

A inflamação e a extensão da descamação fora do couro cabeludo excluem o diagnóstico de caspa da dermatite seborreica.[10] No entanto, muitos relatos sugerem uma ligação clara entre as duas entidades clínicas — a forma mais leve da apresentação clínica da dermatite seborreica como caspa, onde a inflamação é mínima e permanece subclínica.[17][18]

Mudanças sazonais, estresse e imunossupressão parecem afetar a dermatite seborreica.[5]

Mecanismo

A escama da caspa é um aglomerado de corneócitos, que retiveram um grande grau de coesão entre si e se desprenderam como tal da superfície do estrato córneo. Um corneócito é um complexo de proteínas que é feito de minúsculos fios de queratina em uma matriz organizada.[19] O tamanho e a abundância de escamas são heterogêneos de um local para outro e ao longo do tempo. As células paraceratóticas geralmente fazem parte da caspa. Seus números estão relacionados à gravidade das manifestações clínicas, que também podem ser influenciadas pela seborreia.[5]

Tratamento

Shampoo cetoconazol (Nizoral)

Os xampus usam uma combinação de ingredientes especiais para controlar a caspa.[20]

Antifúngicos

Tratamentos antifúngicos, incluindo cetoconazol, piritionato de zinco e dissulfeto de selênio, mostraram-se eficazes.[7] O cetoconazol parece ter uma duração mais longa do efeito.[7] O cetoconazol é um agente antimicótico de amplo espectro ativo contra Candida e M. furfur. De todos os antifúngicos da classe dos imidazol, o cetoconazol tornou-se o principal concorrente entre as opções de tratamento devido à sua eficácia também no tratamento da dermatite seborreica.[5]

O ciclopirox (via tópica) também pode ser usado como agente anticaspa.[21][22][23] No entanto, é vendido principalmente como creme e seu principal uso é no tratamento de pé de atleta, coceira na virilha e micose.[24]

Alcatrão de hulha

O alcatrão de hulha faz com que a pele elimine as células mortas da camada superior e retarda o crescimento das células da pele.[25]

Óleos essenciais

Os óleos essenciais, como o óleo de melaleuca (para composição, consultar a ISO 4730:2017[26]), são eficazes no tratamento da caspa, mas ainda carece de pesquisas.[27][28][29]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Borda, Luis (2015). «Seborrheic Dermatitis and Dandruff: A Comprehensive Review». Journal of Clinical and Investigative Dermatology. 3 (2). doi:10.13188/2373-1044.1000019 
  2. «A Practical Guide to Scalp Disorders». Journal of Investigative Dermatology Symposium Proceedings. 12: 10–14. Dezembro de 2007. PMID 18004290. doi:10.1038/sj.jidsymp.5650048 
  3. a b c «Symptoms and causes - Dandruff - Mayo Clinic». www.mayoclinic.org (em inglês). Consultado em 2 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2017 
  4. a b «Dandruff: How to treat». American Academy of Dermatology. Consultado em 20 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 21 de outubro de 2017 
  5. a b c d e f Ranganathan, S; Mukhopadhyay, T (2010). «Dandruff: the most commercially exploited skin disease.». Indian journal of dermatology. 55 (2): 130–4. PMC 2887514Acessível livremente. PMID 20606879. doi:10.4103/0019-5154.62734 
  6. Turkington, Carol; Dover, Jeffrey S. (2007). The Encyclopedia of Skin and Skin Disorders Third ed. [S.l.]: Facts On File, Inc. p. 100. ISBN 0-8160-6403-2. Cópia arquivada em 19 de maio de 2016 
  7. a b c Turner GA, Hoptroff M, Harding CR (agosto de 2012). «Stratum corneum dysfunction in dandruff». International Journal of Cosmetic Science. 34 (4): 298–306. PMC 3494381Acessível livremente. PMID 22515370. doi:10.1111/j.1468-2494.2012.00723.x 
  8. «What Is Dandruff? Learn All About Dandruff». Medical News Today. Cópia arquivada em 10 de agosto de 2015 
  9. DeAngelis YM, Gemmer CM, Kaczvinsky JR, Kenneally DC, Schwartz JR, Dawson TL (dezembro de 2005). «Three etiologic facets of dandruff and seborrheic dermatitis: Malassezia fungi, sebaceous lipids, and individual sensitivity». The Journal of Investigative Dermatology. Symposium Proceedings. 10 (3): 295–297. PMID 16382685. doi:10.1111/j.1087-0024.2005.10119.xAcessível livremente 
  10. a b Ro BI, Dawson TL (dezembro de 2005). «The role of sebaceous gland activity and scalp microfloral metabolism in the etiology of seborrheic dermatitis and dandruff». The Journal of Investigative Dermatology. Symposium Proceedings. 10 (3): 194–197. PMID 16382662. doi:10.1111/j.1087-0024.2005.10104.xAcessível livremente 
  11. Ashbee HR, Evans EG (janeiro de 2002). «Immunology of diseases associated with Malassezia species». Clinical Microbiology Reviews. 15 (1): 21–57. PMC 118058Acessível livremente. PMID 11781265. doi:10.1128/CMR.15.1.21-57.2002 
  12. Batra R, Boekhout T, Guého E, Cabañes FJ, Dawson TL, Gupta AK (dezembro de 2005). «Malassezia Baillon, emerging clinical yeasts». FEMS Yeast Research. 5 (12): 1101–1113. PMID 16084129. doi:10.1016/j.femsyr.2005.05.006Acessível livremente 
  13. a b Dawson TL (2006). «Malassezia and seborrheic dermatitis: etiology and treatment». Journal of Cosmetic Science. 57 (2): 181–182. PMID 16758556 
  14. Gemmer CM, DeAngelis YM, Theelen B, Boekhout T, Dawson TL (setembro de 2002). «Fast, noninvasive method for molecular detection and differentiation of Malassezia yeast species on human skin and application of the method to dandruff microbiology». Journal of Clinical Microbiology. 40 (9): 3350–3357. PMC 130704Acessível livremente. PMID 12202578. doi:10.1128/JCM.40.9.3350-3357.2002 
  15. Gupta AK, Batra R, Bluhm R, Boekhout T, Dawson TL (novembro de 2004). «Skin diseases associated with Malassezia species». Journal of the American Academy of Dermatology. 51 (5): 785–798. PMID 15523360. doi:10.1016/j.jaad.2003.12.034 
  16. «Genetic code of dandruff cracked». BBC News. 6 de novembro de 2007. Consultado em 30 de abril de 2010. Cópia arquivada em 22 de dezembro de 2008 
  17. Piérard-Franchimont C, Xhauflaire-Uhoda E, Piérard GE (outubro de 2006). «Revisiting dandruff». International Journal of Cosmetic Science. 28 (5): 311–318. PMID 18489295. doi:10.1111/j.1467-2494.2006.00326.xAcessível livremente 
  18. Pierard-Franchimont C, Hermanns JF, Degreef H, Pierard GE. From axioms to new insights into dandruff. Dermatology 2000;200:93-8.
  19. Brannon H. «The Structure and Function of the Stratum Corneum». Dermatology.about.com. Consultado em 21 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 24 de maio de 2015 
  20. «Best Dandruff Shampoo: What to Look for, 5 Products to Try». Healthline (em inglês). 14 de maio de 2020. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  21. Gupta AK, Nicol KA (janeiro de 2006). «Ciclopirox 1% shampoo for the treatment of seborrheic dermatitis». International Journal of Dermatology. 45 (1): 66–69. PMID 16426382. doi:10.1111/j.1365-4632.2004.02331.x 
  22. Gupta AK, Bluhm R (junho de 2004). «Ciclopirox shampoo for treating seborrheic dermatitis». Skin Therapy Letter. 9 (6): 4–5. PMID 15334279 
  23. «Ciclopirox (Topical Route) Description and Brand Names - Mayo Clinic». www.mayoclinic.org. Consultado em 4 de junho de 2021 
  24. «Ciclopirox Topical: Uses, Side Effects, Interactions, Pictures, Warnings & Dosing - WebMD». www.webmd.com (em inglês). Consultado em 4 de junho de 2021 
  25. «Anti-Dandruff (coal tar)». WebMD. 16 de agosto de 2017. Consultado em 21 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 12 de dezembro de 2010 
  26. «ISO 4730:2017». ISO (em inglês). Consultado em 4 de junho de 2021 
  27. Satchell AC, Saurajen A, Bell C, Barnetson RS (dezembro de 2002). «Treatment of dandruff with 5% tea tree oil shampoo». Journal of the American Academy of Dermatology. 47 (6): 852–855. PMID 12451368. doi:10.1067/mjd.2002.122734 
  28. Pazyar N, Yaghoobi R, Bagherani N, Kazerouni A (julho de 2013). «A review of applications of tea tree oil in dermatology». International Journal of Dermatology. 52 (7): 784–790. PMID 22998411. doi:10.1111/j.1365-4632.2012.05654.x 
  29. «Tea tree oil». Mayo Clinic (em inglês). Consultado em 4 de junho de 2021