Além do substantivo bufo-real, esta ave é ainda comummente conhecida como corujão[4], martaranho[5], mocho-real[6], ujo[7] ou simplesmente bufo.[8]
Etimologia
No que toca ao nome científico, o substantivo latinobubo[9], de origem onomatopaica, que se liga com o piar peculiar das aves deste género.[10]
Quanto ao nome comum, «Bufo-real», o substantivo «bufo» é uma corruptela do nome latino clássico, bubo.[10]
Características
Trata-se duma ave de rapina noctívaga de grande porte, com efeito é atualmente a maior ave de rapina nocturna do Paleárctico Ocidental e uma das maiores do mundo, podendo chegar aos 86 cm de comprimento, variando entre 1,70 a 2,10 metros de envergadura, podendo pesar até 5,5 quilos.[11]
Com efeito, os espécimes de maiores dimensões pertencem à subespécie Bubo bubo sibiricus[12], sendo que os machos atingem comprimentos de asa na ordem dos 45,6 centímetros, ao passo que as das fêmeas costumam ser um pouco maiores com 49,1 centímetros.[12] Pelo que há, como ficou demonstrado, dimorfismo sexual, nesta espécie.[11]
No que toca à subespécie natural de Portugal, a Bubo bubo hispanus, as dimensões são mais modestas, com comprimentos de asa na ordem dos 42,2 centímetros para os machos e 45,3 centímetros para as fêmeas[13].
Na cabeça, de grandes proporções, sobressaem-lhe os compridos penachos auriculares, popularmente denominados «orelhas»[13]. Estes penachos auriculares levantam-se quando a ave voa, pia ou é perturbada e baixam, nos demais momentos, quando a ave se encontra mais descontraída ou ansiosa.[11]
Tem grandes olhos, cuja íris assume uma coloração entre o amarelo-alaranjado e o laranja-avermelhado.[13][12]
O disco facial apresenta uma tonalidade de castanho-acinzentado, sendo que as partes mais cimeiras já são integralmente castanhas.[11]
A plumagem, em geral, é bastante densa, o que contribui para conferir a esta espécie a aparência de terem um um arcabouço possante e compacto.[11] A plumagem alterna entre tons de castanho-avermelhado e castanho-amarelado, sendo que, no dorso apresenta manchas e riscas entre o castanho-escuro e o preto.[14] Nas partes inferiores, por seu turno, já se depara com uma plumagem mais uniformemente castanho-amarelada.[13]
Quanto ao peito, costuma exibir riscas longitudinais grossas, de cor preta, que se vão adelgaçando ao chegar ao ventre, tornando-se já quase imperceptíveis.[11][14]
A face interior das asas, esta afigura-se mais clara do que a face exterior.[11]
Tem os tarsos e os dedos revestidos de penas, contando ainda com fortes esporões e garras castanho-escuras, que vão escurecendo até à ponta.[14][11]
O bico é de cor preta, ao passo que a garganta já é de uma contrastante tonalidade alvadia, que ganha maior destaque, quando a ave pia. [11]
Esta espécie, tendo em conta os seus hábitos noctívagos, dificilmente será visível de dia.[15] No entanto, mercê da sua actividade vocal, que por sinal é mais intensa nos meses de Novembro a Fevereiro, é possível detectar a sua presença à noite.[15]
Esta ave de rapina privilegia as regiões mais remotas do interior do país, mormente entre zonas rochosas e pouco propensas a serem perturbadas pela presença humana, para nidificar.[15]
Esta espécie exibe uma preferência por zonas com alguma rochosas, situadas em regiões de baixa a média altitudes, por entre matagais ou nas cercanias de culturas de sequeiro.[18][19]
Alguns dos factores que propiciam o aparecimento dos bufos-reais são a disponibilidade de coelhos-bravos, a sua presa principal; a heterogeneidade da paisagem, oferecendo mais espaços onde se possa resguardar; o afastamento de espaços com forte presença humana.[19]
No Sul de Portugal, os vales ripícolas; as cristas rochosas, cerceadas matorrais; as courelas agricultadas em sequeiro ou os montados pouco densos, onde haja abundância de presas, costumam ser espaços privilegiados pelo bufo-real.[14][13][20]
Nidifica em cavidades de troncos de árvores e a postura é de 2 a 3 ovos, entre Abril e Maio.[15][18]
Comportamento
O Bufo-real é uma espécie de pendor sedentário e particularmente territorial, geralmente não se arredando do seu espaço vital[12]. Todavia, há algumas populações nos territórios mais setentrionais, por exemplo na Rússia, que exibem um comportamento nómada, quando confrontadas com lnvernos mais agrestes.[21][12]
Os espécies juvenis costumam dispersar-se, podendo afastar-se, em casos excepcionais até 200 quilómetros, contudo, na generalidade dos casos, a maioria dos juvenis nunca se afasta mais do 50 quilómetros [21][12], Esta espécie mantém actividade, tanto durante o período crepuscular, como nocturno, pelo que a seu estudo ornitológico se abarba com algumas dificuldades[12].
Em todo o caso, demonstra expressivas e amiudadas vocalizações, visto que os chamamentos consistem no meio mais usado para a escorraçar invasores do seu território ou para atrair de parceiros[12].
Predadores
Trata-se de um predador de topo, encontrando-se nos lugares mais elevados na cadeia trófica. Alimenta-se de ratos, ratazanas, gaivotas, patos, lebres e inclusive de outros bufos e aves de rapina.[21] É violentamente atacado por gaivotas e gralhas em bandos. É principalmente noturno e emite os seus chamamentos ao anoitecer e ao amanhecer. A sua vocalização[22] é um uuu-uu repetido e grave.[20]
Fósseis
Estima-se que esta espécie exista desde há 250.000 anos, remontando ao período do Pleistoceno Médio.[11]
Já foram descobertas peças fósseis desta espécie em Portugal, nos seguintes locais: Gruta do Caldeirão, Furninha, Gruta de casa da Moura, Gruta da Figueira Brava e Galeria Pesada.[20]
Protecção
Esta espécie encontra-se arrolada à lista do Anexo A-I do Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril, sob a epígrafe «espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial» .[23]
Extinção
Atualmente, o Bufo-Real encontra-se em extinção, por várias causas, mas as mais pertinentes são: o envenenamento, a destruição dos seus habitats e a perseguição humana.