Um antagonista (do grego: ἀνταγωνιστής - antagonistes, "oponente, competidor, rival")[1][2] é um personagem, grupo de personagens, ou uma instituição, que representa a oposição contra a qual o protagonista tem de lutar. Em outras palavras, é uma pessoa, ou um grupo de pessoas que se opõem ao personagem principal, ou aos personagens principais.[1] A etimologia é derivada de anti- ("contra") e agonizesthai ("lutar por um prêmio").[3]
O antagonista é um personagem ou força contra a qual outro personagem luta; na prosa é o principal adversário do protagonista e a força da narrativa que dificulta suas ações. O papel do antagonista é geralmente frustrar as intenções do protagonista de agir. Creonte é o antagonista de Antígona na peça Antígona de Sófocles; Tirésias é o antagonista de Édipo em Édipo Rei, também de Sófocles.[4] Além do campo teatral original, esse termo pode ser aplicado a outras artes de contar histórias, como literatura, quadrinhos ou cinema.
O antagonista não precisa ser necessariamente um personagem, podendo ser o próprio ambiente onde se encontra o protagonista, um traço de personalidade ou sentimento do próprio herói contra o qual ele luta, como o ciúme em Otelo, o Mouro de Veneza, ou até mesmo uma ideia ou conceito que é a principal fonte dos conflitos da história (como um preconceito ou a inveja).[5][6]
No teatro medieval tardio, o Diabo ou o Anticristo freqüentemente aparecia como o antagonista dos santos ou de Jesus Cristo.[7] A Morte como oponente dos vivos também apareceu na dança da morte. Desde o Renascimento, tais figuras alegóricas foram humanizadas em vilões, como no Vício inglês.
Definição
No antigo teatro grego, o antagonista é um personagem, um grupo de personagens, ou uma instituição, que representa a oposição do protagonista. Por exemplo, em algumas histórias clássicas, um herói de alguma forma luta contra um vilão, e os dois personagens podem ser considerados um protagonista e um antagonista. O antagonista também pode representar uma ameaça ou um obstáculo para o personagem principal. Sendo um antigo tropo da narrativa, os dois personagens são os mais essenciais de uma história;[8] criando a tensão pelo protagonista e antagonista competindo entre si por objetivos conflitantes para conduzir uma história adiante, evoluindo e desenvolvendo a definição e as características de ambos os tipos de personagens.[8]
Na narratologia o termo antagonista é geralmente usado para indicar o personagem que, em uma história, se opõe ao protagonista. Nos gêneros literários que utilizam a figura do herói (bom) em sentido amplo ou restrito (por exemplo, contos de fadas e romances de cavalaria), o antagonista representa o anti-herói ou vilão. Em contos de fadas, o lobo mau ou a bruxa malvada são os principais antagonistas. No entanto, as associações protagonista-bom e antagonista-vilão evidentemente não são universais e muitas obras são contadas do ponto de vista de um personagem "mau". Desta forma, o antagonista não é sinônimo de vilão, pois no caso do protagonista ser um anti-herói, os antagonistas podem ser os verdadeiros heróis.[9] Um exemplo é Mr. Brooks (Kevin Costner), no filme de mesmo nome, em que Brooks é um serial-killer e a antagonista é Tracy Atwood (Demi Moore), a detetive responsável pelo caso.[10]
O antagonista (entendido como o elemento que se opõe à ação e ao sucesso do protagonista) não é necessariamente um personagem em sentido estrito; pode corresponder a um grupo, um sistema social, uma força da natureza e assim por diante. No livro 1984 de George Orwell, o sistema social é o antagonista, e em O Velho e o Mar de Ernest Hemingway, a natureza é a antagonista. De fato, o antagonista pode ser indefinível; por exemplo, em obras de Franz Kafka como O Processo, em que a própria ausência de um antagonista claramente delineado contribui para criar um sentimento de angústia e impotência que é referido com o adjetivo "kafkiano".[11]
A relação entre antagonista e protagonista também pode ser ambígua. Um exemplo famoso nesse sentido é Moby Dick de Herman Melville, em que o antagonista pode ser a baleia caçada pelo Capitão Ahab ou o próprio capitão, que, com seu fanatismo torna-se o antagonista do personagem Ismael, representado pela voz narrativa do romance.[12]
Características
Tradicionalmente, o antagonista personifica o oposto do protagonista de várias maneiras, por exemplo no nível ético: se o protagonista é um herói com atributos éticos positivos, seu antagonista geralmente é um vilão imoral. No entanto, essa classificação não é obrigatória: protagonistas que são eles próprios maus ou anti-heróis podem ter um antagonista em personagens moralmente superiores. Os heróis podem encontrar heróis "falsos" que também parecem seguir objetivos moralmente valiosos, mas na verdade estão causando dano.
O protagonista e antagonista muitas vezes podem ser claramente distinguidos um do outro por características dualísticas externas, como gênero, idade, status e etnia. Por outro lado, eles podem ser caracterizados pelo fato de que os dois dificilmente diferem, por exemplo, no arquétipo do "irmão gêmeo do mal". Até mesmo a própria biografia e o passado do protagonista podem impedi-lo em seu progresso e assim assumem uma função antagônica.
Na mitologia, os antagonistas assumem principalmente o papel de guardiões e examinadores, muitas vezes são apenas personificações de limiares que o protagonista mitológico deve cruzar: eles não o prejudicam diretamente, mas devem ser atravessados para que o herói continue em seu caminho.[13] A Esfinge de Tebas opõe o herói ao enigma anunciado com as palavras "Decifra-me ou te devoro": Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três? O antagonista não precisa necessariamente agir para atrapalhar o protagonista. Por exemplo, se o antagonista é a paisagem selvagem e indomável (como em muitos romances de aventura), o próprio fato de sua existência é suficiente para ser considerada um obstáculo.
Se o antagonista agir, seu repertório típico de ação inclui:
↑ abAulete, Caldas; Geiger, Paulo (2011). «Antagonista». Novíssimo Aulete: dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Col: Obras de referência. Rio de Janeiro: Lexikon. p. 114. ISBN978-85-86368-75-2. 1. Que atua em sentido oposto 2. Que se opõe a algo ou alguém; ADVERSÁRIO; OPOSITOR 6. Aquele que se opõe ou atua contrariamente a algo ou alguém; ADVERSÁRIO; OPOSITOR [F: Do gr. antagonistés, ou, pelo lat. tard. antagonista, ae, e pelo fr. antagoniste.]
↑«Antagonista». Infopédia. Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de junho de 2023
↑«Antagonist». Online Etymology Dictionary (em inglês). Online Etimology Dictionary. Consultado em 17 de junho de 2023
↑Aulete, Caldas; Geiger, Paulo (2011). «Kafkiano». Novíssimo Aulete: dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Col: Obras de referência. Rio de Janeiro: Lexikon. p. 832. ISBN978-85-86368-75-2. 1. Ref. a ou próprio de Frank Kafka (1884-1924), escritor nascido em Praga, então Tchecoslováquia, hoje República Tcheca (narrativa kafkiana, filme kafkiana) 2. Que, à maneira de Kafka, expressa uma atmosfera de pesadelo e uma angústia peculiar que remete ao absurdo da existência humana na civilização atual: detalhe surrealista em um enredo kafkiano. [Ant.: plausível, razoável.]