O território correspondente ao concelho de Alvito foi habitado pelo menos ao Neolítico, tendo esta presença continuado ao longo das Idades do Cobre, Bronze e do Ferro.[5] O domínio romano ter-se-á iniciado nos princípios do século I, tendo permanecido vários vestígios deste período no concelho, nomeadamente as villae de S. Romão, de S. Francisco e Malk Abraão.[5]
Alta Idade Média e reconquista
Após a queda da civilização romana, o concelho terá continuado a ser habitado ao longo da época visigótica, e depois dominado pelas forças islâmicas.[5] Durante este período destaca-se a construção do Palácio de Água de Peixes, no século XII.[6]
Alvito foi reconquistada pelas tropas cristãs em 1234.[5] Em 1251 foi doada a D. Estêvão Anes, chanceler-mor do reino, pelo rei D. Afonso III e pela família Pestana de Évora.[5] Inicia-se então uma fase de repovoamento e crescimento em Alvito, que chegará a ser um povoado de dimensões consideráveis, segundo os padrões da época.[5] Foi provavelmente também no século XIII que foi construída a Igreja Matriz.[7]
Devido à sua forte ligação com D. Estêvão, o monarca concedeu novos privilégios à vila, como a isenção de impostos, tendo passado por Alvito em 8 de Maio de 1265.[8] D. Estêvão Anes faleceu em 20 de Março de 1279, deixando em testamento a vila para a Ordem da Santíssima Trindade,[8] que logo em 1 de Agosto de 1280 lhe atribui uma carta de foral, de moldes semelhantes à de Santarém.[5] Esta carta de foral foi depois confirmada pelo rei D. Dinis em 1283.[5] No testamento de D. Estêvão Anes também se faz referência a um paço, que não era o Castelo de Alvito, mas um edifício fortificado, formado por várias casas e uma torre, e que provavelmente estava situado na área da Horta das Adegas, nas imediações da Ribeira de Odivelas.[9] A Ordem da Santíssima Trindade também terá sido responsável pela primeira Igreja Matriz de Vila Nova da Baronia.[10]
Séculos XIV a XVII
Em 1387, Alvito é doada a D. Diogo Lobo por D. João I, devido ao seu valioso contributo durante a batalha de Aljubarrota em 1385, e na conquista de Évora aos espanhóis em 1387.[5] A partir desta data e até à queda da monarquia, a vila de Alvito ficou ligada à família Lobo.[5] Em 24 de abril de 1475, o rei D. Afonso V atribuiu o título de barão a D. João Fernandes da Silveira, marido de D. Maria de Sousa Lobo, pelo que Alvito tornou-se na primeira sede de uma baronia em território nacional.[5] Durante esta época, a vila conhece um acentuado crescimento populacional, causado principalmente pela boa situação em que o país então se encontrava, tornando-se num importante centro económico e político na região.[5] Com efeito, segundo os censos de 1527, tinha quase 1700 habitantes e 364 fogos.[5] Como resultado desta fase de desenvolvimento, são realizadas grandes obras, como a construção do Castelo e a reconstrução da Igreja Matriz,[5] ganhando novos edifícios onde se destacam as linhas da arte manuelina.[5] A partir do século XV assiste-se igualmente à construção de várias igrejas e capelas no concelho, tendo nos finais da centúria sido construída a Ermida de São Sebastião, no século XVI foram instaladas a Igreja da Misericórdia de Alvito, a Capela de Nossa Senhora das Candeias, e na década de 1640 foi edificada a Igreja de Santo António.[11] Também se destaca a formação oficial da Santa Casa da Misericórdia de Alvito em 1520, embora tivesse começado a funcionar cerca de um século antes, tendo operado um hospital dedicado às pessoas em situação vulnerável.[12]
Porém, a vila entra numa fase de estagnação entre os séculos XVIII e XIX.[5] Em 1836 o concelho de Vila Nova da Baronia foi extinto, passando a ser uma freguesia de Alvito.[13] Em 15 de Fevereiro de 1864, o concelho passa a estar serviço por caminhos de ferro, com a inauguração do lanço entre Vendas Novas e Beja.[14] Outra importante infraestrutura construída na segunda metade da centúria foi a Escola Conde de Ferreira.[15] Porém, o concelho chegou a ser suprimido entre 1896 e 1898, conforme uma placa no edifício dos Paços do Concelho: «Foi suprimido este concelho em 26 de Junho de 1896 e restaurado em 13 de Janeiro de 1898. Installado em 3 de Fevereiro do mesmo anno».[16]
O processo de decadência continuou ao longo do século XX,[5] apesar da construção de alguns equipamentos estatais, no sentido de melhorar os serviços prestados à população, como uma escola primária feminina nos princípios da centúria.[17] Na obra Album Alentejano, publicada nos princípios da década de 1930, Alvito é descrita como tendo 4479 habitantes, possuindo então algum dinamismo económico ligado à agricultura e pecuária, sendo um centro produtor de azeite, cereais, cortiça, lã, vinhos, frutas, hortaliças e gado.[8] Em meados do século, foi inaugurado o Mercado Municipal de Alvito.[18] Assinala-se igualmente a formação da Associação Humanitária dos Bombeiros de Alvito, em 18 de Abril de 1950.[19]
A crise acentuou-se nas décadas de 1960 e 1980,[5] embora tenham sido feito algumas obras de vulto no concelho na segunda metade do século XX, incluindo a inauguração da Barragem do Alvito em 1977,[20] construída como parte do Plano de Rega do Alentejo,[21] e a conversão do castelo numa pousada em 1993.[22]
Século XXI
No século XXI continuaram a ser instalados novos equipamentos de apoio à população, destacando-se a inauguração da Biblioteca Municipal, em 9 de Outubro de 2004.[23]
Gastronomia
As iguarias típicas que podem ser provadas em qualquer um dos restaurantes do município são:
Destaca-se, também, a doçaria regional (pastéis de chila e grão), os licores e, na freguesia de Vila Nova da Baronia, os enchidos da Baronia, e os vinhos da Herdade das Barras e do Monte dos Catacuzes - ALVITUS e BARONIUM.
O evento gastronómico de maior relevo é, desde 2007, o Ciclo Gastronómico "As Ervas da Baronia".
Em Fevereiro e Junho realizam-se semanas gastronómicas em que participam os restaurantes do município, oferecendo pratos em torno de espargos, catacuzes e carrasquinhas (na 1ª semana) e beldroegas (na 2ª semana).[24]
Acessibilidades e infraestruturas
A sua situação geográfica de Alvito permite-lhe fácil acesso quer por rede rodoviária quer por rede ferroviária.
A linha ferroviária que serve o município disponibiliza os serviços de comboios intercidades e regional, que fazem a ligação entre Lisboa e Beja. Neste dois pontos cruzam-se outras linhas da rede ferroviária vindas de diversos pontos do país. Em Beja, faz-se a ligação à linha do Algarve, estabelecendo assim uma ponte de ligação a esta região.
Quanto às vias rodoviárias é de referir que a vila de Alvito se encontra localizada a 173Km de Lisboa, a 37Km de Beja, a 43Km de Évora, a 198Km de Faro e a 147Km de Badajoz (Espanha). O melhor percurso rodoviário vindo de Lisboa é pela A2 (Ponte 25 de Abril) ou pela A12 (Ponte Vasco da Gama), seguindo pela A6 em direção a Évora. Depois, deverá seguir pela EN254 até Viana do Alentejo, para finalizar com a passagem pela EN257 até Alvito.[25]
★ Por decreto de 03/04/1871, a freguesia de Torrão, que pertencia ao concelho de Alvito, passou a fazer parte do de Alcácer do Sal, do distrito de Setúbal.
★★ Por decreto de 17/10/1876, a freguesia de Odivelas, também pertencente ao concelho de Alvito, passou a fazer parte do concelho de Ferreira do Alentejo.
(Obs.: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população presente no município à data em que eles se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Brasão: Escudo de prata com um castelo composto de um pano de muralha ladeado por duas torres circulares a azul. Em chefe, um ramo de oliveira e um ramo de azinheira, ambos a verde frutados de negro, cruzados em ponta e atados a vermelho. Em contra-chefe, duas faixas ondadas a azul entre um arco de ponte a negro realçada de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com legenda a negro: "VILA DE ALVITO".[32]
Bandeira: De fundo azul. Cordões e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.[32]
Geminações
A vila de Alvito é geminada com a seguinte cidade:[33]
↑INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia»(XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_ALENTEJO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
↑ abc«Concelho de Alvito». Album Alentejano: Distrito de Beja. Lisboa: Imprensa Beleza. 1931. p. 64-66. Consultado em 30 de Setembro de 2023 – via Biblioteca Digital do Alentejo
↑ALÇADA, Margarida; MENDONÇA, Isabel; AVELLAR, Filipa; CONTREIRAS, Margarida (2013). «Castelo de Alvito / Paço de Alvito / Pousada de Alvito». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 7 de Outubro de 2023
↑FALCÃO, José; PEREIRA, Ricardo (1996). «Câmara Municipal do Alvito». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 7 de Outubro de 2023A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
↑GORDALINA, Rosário (2007). «Mercado Municipal». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 7 de Outubro de 2023
↑«Barragem do Alvito». Comissão Nacional Portuguesa das Grandes Barragens. Agência Portuguesa do Ambiente. Consultado em 1 de Outubro de 2023
↑«O Plano de Rega do Alentejo»(PDF). Revista 25 de Abril (11). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. Junho de 1976. p. 9. Consultado em 1 de Outubro de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa