Alfa Centauri Bb foi um proposto exoplaneta que orbitaria a estrela anã laranjaAlfa Centauri B, localizada a 4,37 anos-luz da Terra, na constelação de Centaurus.[2][3] Sua existência foi anunciada em 16 de outubro de 2012 por uma equipa de observadores europeus. O achado recebeu ampla atenção da mídia[4][5][6][7] e sua descoberta era vista como um marco importante na busca por exoplanetas. no entanto, o anúncio foi recebido com ceticismo por alguns astrônomos, que achavam que a equipe europeia se enganou sobre a interpretação de seus dados.[8]
Em outubro de 2015, astrônomos da Universidade de Oxford publicaram um artigo científico negando a existência do planeta. Eles observaram que uma análise estatística idêntica de dados sintético gerado aleatoriamente deu os mesmos resultados que os dados astronômicos reais.[9] Isto levou Xavier Dumusque, o autor principal do artigo original, a admitir "Nós não temos cem por cento de certeza, mas provavelmente o planeta não está lá".[10]
Detecção
Entre fevereiro de 2008 e julho de 2011[2] uma equipe de astrônomos europeus,[3][5] a maioria do Observatório de Genebra, registrou medições na velocidade radial da estrela Alfa Centauri B com o espectrógrafoHARPS no Observatório La Silla no Chile.[11][12][13] A equipe realizou 459 observações do espectro da estrela durante um período de quatro anos e, em seguida, usou filtros estatísticos para remover outras fontes que causam mudanças na velocidade radial.[11][14]
Em 16 de outubro de 2012, a equipe anunciou a detecção de um planeta com massa semelhante à da Terra, em órbita ao redor da estrela.[3] A descoberta foi apresentada na revista científica Nature, com os créditos de autor principal para Xavier Dumusque, um estudante de pós-graduação da Universidade do Porto.[15] Ele disse que seus resultados são "um passo importante para a detecção de um gêmeo da Terra na vizinhança do Sol".[3]
O planeta foi descoberto usando espectroscopia Doppler.[16] Como orbita Alfa Centauri B, sua gravidade provoca mudanças periódicas extremamente pequenas na velocidade radial da estrela. Usando um espectrômetro extremamente sensível, a equipe foi capaz de inferir variações na velocidade radial da estrela de 51 centímetros por segundo. Essas são as medições mais precisas já feitas usando a técnica.[3] A equipe calcula a probabilidade de uma falsa detecção em 0,02%.[2]
Ceticismo e os esforços para a confirmação
Xavier Dumusque utilizou uma grande variedade de operações matemáticas para isolar o sinal gravitacional do planeta e remover o ruído estelar. As informações filtradas de outras fontes da variação incluem a velocidade radial, incluindo os efeitos da estrela, como protuberâncias na superfície estelar e a interferência da estrela vizinha Alfa Centauri A.[14][17] As medições finais mostraram a influência periódica do planeta Alpha Centauri Bb na estrela, porém estavam perto do limite de capacidade sensorial do instrumento HARPS.[18] (a precisão a longo prazo do harpas é de cerca de 0,8 m/s.[2])
Em um fragmento de um comentário do caçador de exoplanetas americano Artie Hatzes sobre o caso, ele elogiou as conquistas técnicas da equipe e admitiu a existência de um sinal de um possível exoplaneta entre os dados da estrela, entretanto, chamou-o de "um sinal fraco". Ele ressaltou a necessidade da confirmação empírica e sugeriu que a existência do planeta "ainda estava aberta para debates"[8] (Hatzes também se manteve cético perante os métodos de análise de dados utilizados na descoberta do planeta não confirmado Gliese 581g).[19]
Em outubro de 2015, três anos após o anúncio da descoberta inicial, os pesquisadores da Universidade de Oxford publicou um artigo intitulado "Ghost in the Time Series", demonstrando falhas na análise original.[9] Usando os mesmos dados que Dumusque, a equipe de Oxford descobriu que o sinal foi causada não por um planeta, mas em vez disso foi um artefato matemático da função de janela usado para criar as séries cronológicas para as observações originais.[20] Para provar esta afirmação, eles substituíram os dados astronômicos reais com o ruído gerado aleatoriamente, e obteve resultados idênticos. A equipe concluiu que a sua análise "ressalta a dificuldade de detectar sinais planetários fracos em dados de VR".
Dumusque concordou com esta análise, e admitiu que o planeta que tinha identificado provavelmente não existe.[10]