Agricultura indígena na Amazônia

Agricultura indígena na Amazônia é um modo de cultivo que envolve costumes dos Indígenas do Amazonas no cultivo de várias ervas medicinais a outros produtos de fruteiras, como o abiu (Poutaria caimito), pupunha (Bact4ris gasipaes), ingá (Inga spp.), cucura (Porouma cecropiaefolla). Os indígenas são os precursores da implantação de sistemas agroflorestais na Amazônia, inclusive sendo citados como os responsáveis pelo adensamento de espécies como a castanha-do-pará, cacaueiro e diversas espécies de palmeiras, em diferentes sítios da região.

De acordo com o Greenpeace Brasil, estudos científicas mostram que os povos indígenas da região Amazônica pré-colombiana (anterior a chegada Cristovão colombo e os europeus) adaptaram o meio ambiente com técnicas agrícolas.[1] Desenvolvendo técnicas como a “terra preta” (atualmente chamado "terra preta de índio"[2]), onde o solo naturalmente pobre de uma região era enriquecido artificialmente usando um solo fértil e possivelmente antropogênico/antrópico, permitindo a agricultura intensiva.[1][3] A criação deste tipo de solo/terra possui três hipóteses: ou são de cinzas vulcânicas dos Andes que chegaram à região;[1][4] ou é o material orgânico acumulado de lagos durante o período terciário (sedimentação);[1][4] ou é uma ação antrópica, um solo que seria resultado da ação humana, com a combinação de carvão vegetal, cerâmica e, matéria orgânica de vegetal e animal.[5][6][7][8] Áreas de habitação, devido a alta concentração de carvão pirogênico (biochar) e observações frequentes de depósitos da fabricação de cerâmicas pré-colombianos.[8][9]

As plantações em capoeiras eram esporádicas, formando uma espécie de arquipélago manejado, envolvido por um mar de vegetação, em que a manipulação era menos intensa. Os indígenas realizavam as queimadas do cerrado, geralmente durante a seca, com o propósito de espantar a caça de seus esconderijos e também atrair os veados que vinham lamber as cinzas e comer os brotos novos de grama. Hoje, esta prática é realizada pelos criadores de gado, para queimar a forragem nativa lignificada, contando com as novas brotações da pastagem para a alimentação do rebanho. O problema é que o fogo não é mais controlado, de modo como faziam os indígenas no passado.[10][11]

Os Kayapós tinham papel ativo na formação da "ilha" de vegetação de cerrado. Pilhas de adubo composto eram preparadas com serrapilheira, que depois de apodrecerem eram batidas com paus. O material assim macerado era subsequentemente levado a um lugar específico no campo e amontoado no chão.[12] O indígena geralmente procuravam pequenas depressões, que mais provavelmente retinham água durante as chuvas. Após encher essas depressões com o adubo composto, os índios adicionavam material orgânico de diversos montículos de uma espécie de cupim chamada rorote (Nasutitermes sp.).[13]

Referências

  1. a b c d «Colonização da Amazônia: entenda o processo». Greenpeace Brasil. 11 de novembro de 2024. Consultado em 13 de novembro de 2024 
  2. «Terra Preta, o legado indígena que poderia transformar a Amazônia». Fundação Rosa Luxemburgo. 9 de outubro de 2015. Consultado em 30 de outubro de 2016 
  3. Lehmann, J.; Kaempf, N.; Woods, W.I.; Sombroek, W.; Kern, D.C.; Cunha (2003). «5». Classification of Amazonian Dark Earths and other Ancient Anthropic Soils. Amazonian Dark Earths: origin, properties, and management (em inglês). Dordrecht [u.a]: Kluwer Acadamic. pp. 77–102; 227–241; 271–286. ISBN 978-1-4020-1839-8 
  4. a b Woods, William. «The Anthropogenic Origin and Persistence of Amazonian Dark Earths». Conference of Latin Americanist Geographers. Yearbook: 7-14 
  5. Mckey, Doyle; Mckey, Doyle (2019). «Pre-Columbian human occupation of Amazonia and its influence on current landscapes and biodiversity». Anais da Academia Brasileira de Ciências (em inglês). 91. ISSN 0001-3765. doi:10.1590/0001-3765201920190087 
  6. Macedo, Rodrigo Santana; Teixeira, Wenceslau Geraldes; Lima, Hedinaldo Narciso; Souza, Adriana Costa Gil de; Silva, Francisco Weliton Rocha; Encinas, Omar Cubas; Neves, Eduardo Góes (2019). «Terra Preta de Índio em várzeas eutróficas do rio Solimões, Brasil: um exemplo da não intencionalidade na formação de solos antrópicos na Amazônia Central». Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas (em inglês). 14 (1): 207–227. ISSN 1981-8122. doi:10.1590/1981-81222019000100013 
  7. Glaser, Bruno. «The 'Terra Preta' phenomenon: A model for sustainable agriculture in the humid tropics». Die Naturwissenschaften: 37-41 
  8. a b Costa, Marcondes. «The ceramic artifacts in archaeological black earth (terra preta) from lower Amazon region». ACTA Amazonic 
  9. Silva, Lucas. «A new hypothesis for the origin of Amazonian Dark Earths». Nature Communications: 127 
  10. Caruso, Claire; Posey, Virginia (julho de 1985). «Heat waves threaten the old». Geriatric Nursing (4): 209–212. ISSN 0197-4572. doi:10.1016/s0197-4572(85)80086-0. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  11. «Ufam tem projeto aprovado sobre compras de alimentos da agricultura familiar para alimentação escolar indígena em Edital do Banco da Amazônia». www.ufam.edu.br. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  12. «Os primeiros agricultores na Amazônia». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  13. «Sistema agrícola tradicional – como os saberes indígenas podem salvar a Amazônia». National Geographic. 31 de agosto de 2022. Consultado em 19 de outubro de 2024