Alguns estudiosos sugerem que o agrarianismo valoriza a sociedade rural como superior à sociedade urbana e o agricultor independente como superior ao trabalhador remunerado, e vê a agricultura como um modo de vida que pode moldar os valores sociais ideais.[5] Salienta a superioridade de uma vida rural mais simples em oposição à complexidade da vida urbana. Por exemplo, M. Thomas Inge define o agrarianismo pelos seguintes princípios básicos:[6]
A vida urbana, o capitalismo e a tecnologia destroem a independência e a dignidade e promovem o vício e a fraqueza.
A comunidade agrícola, com a sua irmandade de trabalho e cooperação, é a sociedade modelo.
O agricultor tem uma posição sólida e estável na ordem mundial. Eles têm “um sentido de identidade, um sentido de tradição histórica e religiosa, um sentimento de pertença a uma família, lugar e região concretos, que são psicológica e culturalmente benéficos”. A harmonia da sua vida controla as invasões de uma sociedade moderna fragmentada e alienada.
O cultivo do solo “tem dentro de si um bem espiritual positivo” e dele o cultivador adquire as virtudes de “honra, masculinidade, autoconfiança, coragem, integridade moral e hospitalidade”. Resultam de um contacto direto com a natureza e, através da natureza, de uma relação mais próxima com Deus. O agrário é abençoado porque segue o exemplo de Deus ao criar ordem no caos.
Contextos
Agrarianismo como valorização da sociedade rural
, o agricultor independente como superior ao trabalhador assalariado, e vê a agricultura como um modo de vida que pode moldar os valores sociais ideais.[7]
O norte-americano Thomas Jefferson foi um representante agrarianista e construiu sua Democracia de Jefferson em torno da noção de que os agricultores são "os cidadãos mais valiosos" e verdadeiros republicanos.[8] O agrarianismo comercial de Jefferson assenta sobre a concepção de que o comércio apenas assumia a sua faceta corruptora caso não fosse contrabalançado pelo cultivo de terras.[9]
As raízes filosóficas do agrarianismo incluem filósofos europeus e chineses. A escola de agrarianismo chinesa era uma filosofia que defendia o camponês utópico comunista e igualitarista.[10] Isso influenciou intelectuais europeus como François Quesnay, um ávido confucianista e defensor das políticas agrárias da China, que formam a filosofia agrária francesa de Fisiocracia.[11]
Agrarianismo na reforma rural ou agrária
Em segundo lugar, o termo "agrarianismo" significa ainda as propostas políticas de redistribuição de terras, especificamente a distribuição de terras dos ricos para os pobres e sem-terras. Esta terminologia é comum em muitos países e teve origem a partir da "Lex Sempronia Agraria" ou "Leis agrárias" de Roma, em 133 a.C., imposta por Tibério Graco que se apoderou das terras públicas (ager publicus) usadas pelos ricos e as distribuiu para os pobres.[12]
foi uma filosofia de Agrarianismo chinês que defendia uma utopia de comunismo e igualitarismo camponês.[10] A filosofia baseia-se na noção de que a sociedade humana se origina com o desenvolvimento da agricultura e as sociedades são baseadas na "propensão natural das pessoas para o cultivo."[15]
Fisiocratas: França do século XVIII
A fisiocracia foi uma filosofia agrarianista francesa que se originou no século XVIII. O movimento foi particularmente dominado por François Quesnay (1694-1774) e Anne-Robert-Jacques Turgot (1727-1781).[16] Os fisiocratas foram parcialmente influenciadas pelo agrarianismo chinês; os principais fisiocratas, como François Quesnay foram confucionistas que defendiam as políticas agrárias da China.[17]
Europeus e americanos nos séculos XVIII e XIX
O agrarianismo se desenvolveu nos Estados Unidos em meados do século XVIII, a partir da leitura dos filósofos europeus e também do que as pessoas constatavam da experiência americana. Baseava-se na ideia de uma democracia apoiada na virtude de pequenos agricultores independentes, chamados, por seu trabalho e moderação, a se tornarem os benfeitores da coletividade nacional. Grandes apóstolos dessa doutrina foram Jefferson, Andrew Jackson e John Taylor.[18]
Os teóricos do Leste Europeu incluem Pyotr Stolypin (1862-1911) e Alexander Chayanov[19] (1888–1939) na Rússia; Adolph Wagner (1835–1917), Karl Oldenberg na Alemanha,[20] e Bolesław Limanowski (1835–1935) na Polônia.[21]
Na Rússia os intelectuais dos "populistas" (Narodnaya Volia[22]) e, mais tarde, o Partido Socialista Revolucionário desenvolveu uma base teórica para um movimento camponês, construindo uma ideologia humanista rica e bem desenvolvida que influenciou a Europa Oriental, especialmente nos Bálcãs. Esta nunca alcançou a visibilidade internacional entre os camponeses que o socialismo fez entre os trabalhadores urbanos.[23]
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