Adelaide João, nome artístico de Maria da Glória Silva (Lisboa, 27 de Julho de 1921 - Lisboa, 3 de Fevereiro de 2021), foi uma actriz portuguesa.[2][3]
Inspirou-se nos dois primeiros nomes da mãe e do pai para criar o nome profissional.[4][5]
Biografia
Começou como actriz amadora no grupo de teatro da Philips, dirigida por Gonçalves de Castro, pai do ator Morais e Castro.[3][6]
O primeiro trabalho profissional que desempenhou como actriz foi enquanto integrante do elenco do filme "Fim de semana em Madrid", do realizador Artur Ramos, nos anos de 1950.[7]
Frequentou o Conservatório Nacional.[3] A sua prestação em algumas peças justificou a atribuição de uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar em França. Em 1962 vai para Paris onde frequenta o Cours Simon, o Cours Mimique, de Jacques Lecoq e o Cours Yves Fouret[6]. Chegou, inclusive, a trabalhar com várias companhias francesas de teatro, das quais a Raymon Rouleau, no Théâtre de Montparnasse, e a companhia do Théâtre Sarah Bernhardt[7], já com carteira de atriz profissional em França.[3] Com efeito, em entrevista para o canal televisivo RTP1, viria a confirmar que chegou até a integrar a trupe de uma companhia de teatro dirigida por Ingrid Bergman.[4]
O seu talento levou-a a ser convidada pelo realizador Artur Ramos para fazer televisão, estreia-se assim como actriz de televisão (RTP) em Fim de Semana em Madrid (1960).[8] Na RTP fez peças como A Intrusa (1960), do dramaturgo belga Maurice Maeterlinck; A Castro (1961), de de António Ferreira; e Eva e Madalena (1962), de Ângelo César.[3][4]
Em 1961 fez a peça O Consultório no Teatro Nacional D. Maria II.[9][7]
Em 1962 participou na peça A Rapariga do Bar no Teatro da Trindade (Companhia Nacional de Teatro).[10]
Ainda em 1962, partiu para Paris para estudar teatro, sendo-lhe atribuída uma bolsa de estudo pela Fundação Calouste Gulbenkian. Trabalhou em várias companhias teatrais francesas.[11]
Em 1965 regressou a Portugal, voltou à televisão e integrou o elenco da Companhia do Teatro Estúdio de Lisboa (dirigida por Helena Félix e Luzia Maria Martins).[12][4]
Nos anos seguintes integrou a Companhia do Teatro Experimental de Cascais, Teatro Maria Matos, Casa da Comédia, Empresa Vasco Morgado ou Teatro o Bando.[11][7]
Também chegou a trabalhar com várias companhias de teatro independentes, das quais se contam "A Comuna", a "Teatro da Cornucópia", os "Bonecreiros" e "A Barraca".[7]
Na televisão fez várias séries, telenovelas, telefilmes e teleteatro. Participa nas primeiras telenovelas portuguesas: Vila Faia (1982), Origens (1983), Chuva na Areia (1985) e Palavras Cruzadas (1987). Em séries como Histórias Simples da Gente Cá do Meu Bairro (1965), Sete Pecados Mortais (1966), Xailes Negros (1986), Cobardias (1988), A Árvore (1991), Débora (1998), A Loja do Camilo (2000), Os Batanetes (2004), Aqui Não Há Quem Viva (2007), Um Lugar Para Viver (2009) e novelas como Nunca Digas Adeus (2001) ou Tudo por Amor (2002).[13][5][14][3]
Em 2017 recebeu o prémio Sophia Carreira.[3][15]
Teve papel relevante no grupo Teatro o Bando. Participou num grande número de filmes (portugueses e franceses), trabalhando com realizadores tão diversos como Ernesto de Sousa, José Fonseca e Costa, Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Ricardo Costa, entre outros.
Encontra-se arrolada ao elenco do filme "Angola Momentos Kodak", de Rui Goulart, de 2018.[7]
Morreu em 3 de fevereiro de 2021, aos 99 anos de idade, vítima de complicações associadas à COVID-19 durante a pandemia de COVID-19 em Portugal, na Casa do Artista, onde residia.[16] A actriz foi cremada em 12 de fevereiro, no Cemitério dos Olivais, em Lisboa.[17]
Televisão
Cinema
Teatro
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Referências
- ↑ https://www.airinformacao.pt/2012/11/29/51/
- ↑ http://cinemaportuguesmemoriale.pt/Pessoas/Pessoa/i/15948
- ↑ a b c d e f g «Atriz Adelaide João morre aos 99 anos». Jornal Expresso. Consultado em 9 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f Lusa, Observador, Agência. «Morreu a atriz Adelaide João, aos 99 anos, com Covid-19. É a segunda morte na Casa do Artista, onde há um surto». Observador. Consultado em 9 de abril de 2021
- ↑ a b c d «Atriz Adelaide João morre aos 99 anos vítima de covid-19». www.sabado.pt. Consultado em 9 de abril de 2021
- ↑ a b Ramos, Jorge Leitão. «Adelaide João». Memoriale, Cinema Português. Consultado em 24 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f g «Óbito/Adelaide João: Ministra recorda "figura inesquecível" do palco e dos ecrãs». Porto Canal. Consultado em 9 de abril de 2021
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- ↑ a b http://ww3.fl.ul.pt/CETbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Pessoa&ObjId=4706
- ↑ http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=1056043
- ↑ Lusa, Observador, Agência. «Morreu a atriz Adelaide João, aos 99 anos, com Covid-19. É a segunda morte na Casa do Artista, onde há um surto». Observador. Consultado em 9 de abril de 2021 «Integrou o elenco de telenovelas como “Vila Faia” (1982), “Origens” (1983), “Chuva na areia” (1985), “Palavras cruzadas” (1987), “Nunca digas adeus” (2001) e “Tudo por amor” (2002).»
- ↑ «Óbito/Adelaide João: Ministra recorda "figura inesquecível" do palco e dos ecrãs». Porto Canal. Consultado em 9 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f g «Atriz Adelaide João morre aos 99 anos». Jornal Expresso. Consultado em 9 de abril de 2021
- ↑ «Morreu aos 99 anos a actriz Adelaide João, vítima de covid-19». Público. 3 de fevereiro de 2021
- ↑ «Adelaide João. Funeral da atriz realiza-se na próxima semana nos Olivais». Jornal Expresso. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
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