Você Passa e Eu Acho Graça[2] é o segundo álbum de estúdio da cantora brasileira Clara Nunes. Foi lançado no final de 1968 pela Odeon Records. Apesar de conter o sucesso homônimo, composto por Ataulfo Alves e Carlos Imperial, o álbum foi um fracasso de vendas, sendo que apenas 6.900 cópias foram comercializadas à época do seu lançamento.[3] Apesar disso, Você Passa e Eu Acho Graça foi um importante divisor na carreira da cantora, sendo que nesse álbum ela registrou seus primeiros sambas; seu primeiro álbum, A Voz Adorável de Clara Nunes (1966), tinha um conceito mais romântico.
Após o lançamento de A Voz Adorável de Clara Nunes (1966), um álbum de conceito romântico que foi um fracasso de vendas, Clara Nunes tentou entrar na onda do iê-iê-iê da Jovem Guarda.[4] A cantora mudou seu visual para aderir ao gênero e fez participações nos filmes Na Onda do Iê-iê-iê, Carnaval Barra Limpa e Jovens Pra Frente, mas a Odeon continuava insistindo que ela deveria ser uma cantora romântica.[5] Ao mesmo tempo, prestava atenção nos grandes festivais de música que agitavam o país e revelavam nomes como Elis Regina, Nara Leão e Chico Buarque.[6]
Aurino Araújo, à época namorado da cantora e amigo de Carlos Imperial, diretor do Departamento Internacional da gravadora,[7] insistiu para que o amigo ajudasse Clara a consolidar sua carreira.[8] No início de 1968, Imperial mostrou a letra de "Você Passa Eu Acho Graça" a Aurino.[8] Imperial teve a ideia de lançar a música, retrabalhada por Ataulfo Alves, num festival.[9] Imperial inscreveu a canção no festival O Brasil Canta no Rio da TV Excelsior, onde foi interpretada por Ataulfo.[10] Em seguida, Clara gravou a canção num compacto simples que foi distribuído por Imperial e Aurino às principais rádios com a finalidade de tornar a canção conhecida para que chegasse à final do festival.[10] A música estourou e os demais participantes tentaram desclassificá-la da disputa. Na decisão, em 27 de julho de 1968, a canção terminou a disputa em quinto lugar.[10]
O segundo álbum da cantora, batizado em homenagem à canção de sucesso, foi marcado pela mistura de gêneros de quem ainda não tinha um rumo definido em sua carreira.[11] Milton Miranda, diretor artístico da Odeon, continuava insistindo no romantismo, mas já se mostrava mais aberto a novas propostas para a artista.[11] Tanto que foram incluídas canções de Chico Buarque, Noel Rosa e Tom Jobim no álbum.[11] A gravadora começava a dar mais ênfase aos festivais em relação à carreira de Clara, sendo que a cantora gravou três canções que disputaram o Festival Internacional da Canção em 1968.[11] A Odeon pressentiu que poderia ser oportuno incluir no repertório de Clara canções assinadas por compositores consagrados ou revelados pelos festivais.[11] A cantora resolveu seguir as orientações da Odeon, uma vez que a Jovem Guarda começava a ser criticada pelo seu descomprometimento com a situação sócio-política do país.[11] A cantora participaria de festivais importantes para a música brasileira.[12]
Faixas
Referências
- ↑ Fernandes (2007), p. 306.
- ↑ Clara Nunes - Você Passa e Eu Acho Graça, consultado em 17 de setembro de 2022
- ↑ Fernandes (2007), p. 99.
- ↑ Fernandes (2007), p. 79.
- ↑ Fernandes (2007), p. 83-84.
- ↑ Fernandes (2007), p. 83.
- ↑ Fernandes (2007), p. 77.
- ↑ a b Fernandes (2007), p. 86.
- ↑ Fernandes (2007), p. 86-87.
- ↑ a b c Fernandes (2007), p. 87.
- ↑ a b c d e f Fernandes (2007), p. 88.
- ↑ Fernandes (2007), p. 89.
Bibliografia