Franke nasceu em Zlaté Hory, ao tempo chamada Zuckmantel, na Silésia Austríaca, filho de um grande proprietário rural. Depois de ter frequentado os seus estudos primários e secundários na Silésia, que concluiu (com o Abitur) em 1887, escolheu uma carreira militar no Exército Imperial Alemão alistando-se no Schlesische Pionier-Bataillon Nr. 6 (Batalhão de Pioneiros Silesianos n.º 6), em Neisse[1].
A 20 de Maio de 1896, com o posto de tenente, deixa o Exército Imperial para se integrar, no dia 26 daquele mês, na Kaiserliche Schutztruppe für Deutsch-Südwestafrika, as tropas de protecção da colónia alemã do Sudoeste Africano, a actual Namíbia. Chegou a Swakopmund, no sudoeste africano, a 26 de Junho de 1896, iniciando uma permanência naquela colónia alemã que, com alguns intervalos motivados por problemas de saúde, se manteve até finais de 1919, quando ela já tinha passado para a esfera do Império Britânico por via da sua ocupação por forças da União Sul-Africana[2].
Nas suas funções na Schutztruppe foi nomeado Bezirksamtmann (comandante distrital) em diversas localidades daquele território, especialmente nas regiões de Ovamboland e no Kaokoveld, pelas quais viajou múltiplas vezes e que conhecia profundamente.
Esteve estacionado em Outjo de 1899 até 1910, estando então directamente envolvido em várias campanhas contra as tribos locais que resistiam contra o domínio colonial alemão. Nas primeiras fases do Levantamento Herero (ou Guerra Germano-Ovaherero de 1904), Franke ganhou o sobriquete de "Herói de Omaruru" pela sua vitória contra forças herero numericamente muito superiores no batalha de Omaruru e pela consequente libertação das cidades de Omaruru, Okahandja e Windhoek do cerco que as foças herero lhe haviam posto[2]. Também obteve importantes vitórias sobre as forças herero em Okahandja e Windhoek.
Durante a campanha contra o povo Ovaherero, as forças alemãs, e em particular as forças comandadas por Franke, comportaram-se com extraordinária dureza e crueldade, cometendo actos que à luz das modernas leis de guerra podem ser qualificadas de genocídio e de limpeza étnica. Um exemplo desse comportamento está descrito no diário de Franke, quando a 27 de Fevereiro de 1904, ao relatar a Batalha de Otjihinamaparero, escreveu: "Um homem ferido, com uma perna terrivelmente estropiada foi trazido (…). Foi interrogado e depois abatido por von Arnim que o executou com decência. Foi abatido por detrás, sem que o infortunado homem se apercebesse do que estava a acontecer"[2].
Também participou na campanha contra o povo namaqua que se revoltou a partir de 1903 sob a liderança de Hendrik Witbooi e depois se aliaria aos herero na luta contra os europeus na Namíbia e Angola.
No início da Primeira Guerra Mundial, e muito antes da declaração formal de guerra entre Portugal e a Alemanha, Franke comandou a retaliação alemã contra as forças portuguesas na região do Cunene, Angola, incluindo o ataque a Cuangar, de que resultou a morte do tenente Ferreira Durão, e o ataque a Naulila, que desencadeou o envio de uma força expedicionária para a região, comandada pelo general Pereira d'Eça.
A 12 de Novembro de 1914 assumiu o comando da Schutztruppe da colónia após o falecimento de Joachim von Heydebreck. Nessas funções dirigiu a guerra contra as forças da União Sul-Africana comandadas por Louis Botha que invadiram o território sob soberania alemã. Após uma dura luta, foi obrigado a render-se com 2 166 homens, entregando-se às forças da União Sul-Africana nas proximidades de Khorab, a 9 de Julho de 1915, aí assinando um acordo de capitulação que ficou conhecido como Tratado de Khorab. Menos de cinco semanas depois, as forças sul-africanas controlavam todo o território da colónia alemã.
Em 1919, depois de um período de internamento como prisioneiro de guerra, Franke deixou o Sudoeste Africano sendo repatriado para a Alemanha. Em 1920 reformou-se como major-general do Exército Imperial Alemão.
Victor Franke casou em 1921 com Maria Diekmann, de Hamburgo. Entre 1927 e 1930 dedicou-se á agricultura em Groß-Schwaß, nas proximidades de Rostock.
Franke sofria de doença tropical crónica, razão pela qual decidiu em 1930 mudar-se com a sua mulher para São Paulo, no Brasil, acabando por adquirir uma fábrica de engarafamento de água mineral em Itajaí, onde se fixou. Mais tarde mudou-se para Joinville, mas, devido a problemas de saúde, em 1936 regressou à Alemanha para tratamento, faleceu no Hospital de Doenças Tropicais (Tropenkrankenhaus) de Hamburgo a 7 de Setembro de 1936. Foi sepultado no Ohlsdorfer Friedhof, um cemitério daquela cidade[3].
Franke deixou um interessante diário detalhando a sua experiência no sudoeste africano, uma cópia do qual se encontra disponível nos National Archives of Namíbia, já parcialmente publicado. Por ele se pode aferir que foi um oficial competente e de grande dureza, por vezes notoriamente cruel, comportamento que era exacerbado pelo seu alcoolismo e adição à morfina.
Em Omaruru ainda existe a "Franke Tower", um monumento que lembra as suas acções militares de 1904 contra os herero. Em Khorab, a cerca de 3 km da cidade de Otavi, na estrada para Tsumeb, existe um memorial marcando o local onde as forças alemãs se renderam. Na cidade de Outjo existe o "Franke House Museum".