As espécies do género Typha apresentam folhas alternas, maioritariamente basais, numa haste simples e sem nós que suporta os espigões de floração.
As plantas são monóicas, com flores unissexuais que se desenvolvem em densos rácemos (os espigões). As numerosas flores masculinas formam uma espiga estreita localizada na parte superior da haste vertical. Cada flor masculina, estaminada, é reduzida a um par de estames e pêlos, e murcha uma vez que o pólen tenha sido libertado.
Um grande número de pequenas flores femininas formam uma densa inflorescência em forma de salsicha localizada na haste floral imediatamente abaixo do espigão contendo as flores masculinas. Nas espécies de maior porte, a inflorescência feminina pode ter até 30 cm de comprimento e 1–4 cm de espessura.
As sementes são diminutas, com 0,2 mm de comprimento, surgindo ligadas a finos tricomas. Quando maduras, as espigas desintegram-se facilmente libertando uma penugem felpuda com a qual as sementes são dispersas pelo vento.
Ecologia
Os membros do género Typha estão frequentemente entre as primeiras espécies de hidrófitas a colonizar áreas de lodos recentemente expostos, agindo nesses habitats como verdadeiras espécies pioneiras graças às suas pequenas sementes dispersas por anemocoria (transportadas pelo vento). Sementes enterradas podem sobreviver no solo por longos períodos de tempo.[4] As sementes germinam melhor quando expostas à luz solar e a flutuações de temperatura, características típicas dos propágulos de muitas plantas das zonas húmidas que se regeneram sobre fundos lodosos expostos ao ar.[5] As plantas também se dispersam pelos rizomas, formando grandes touças compostas por espécimes interligados.
As Typha são consideradas competidores dominantes em muitas zonas húmidas já que frequentemente excluem outras plantas devido à densa cobertura que formam.[6] Nas baías dos Grandes Lagos, por exemplo, es espécies deste géneros estão entre as hidrófitas mais abundantes.
Diferentes espécies de Typha estão adaptadas a diferentes profundidades da água,[7] sendo que a presença de um aerênquima bem desenvolvido torna as plantas tolerantes à submersão. Mesmo caules mortos são capazes de transmitir o oxigénio do ar até às raízes submersas.
Apesar de na maior parte das regiões temperadas e subtropicais, as Typha serem plantas nativas das respectivas zonas húmidas, muitas das espécies podem ser agressivas na sua competição com outras espécies nativas desses habitats, em alguns casos exibindo mesmo características alelopáticas.[8]
Em muitas regiões da América do Norte, dos Grandes Lagos às Everglades, diversas espécies de Typha são consideradas problemáticas em termos de conservação da natureza, sendo nalguns casos designadas como espécies invasoras.[6] Os caniços e juncos nativos são desalojados e os prados húmidos reduzem a sua extensão, provavelmente como reflexo das alterações hidrológicas causadas nas zonas húmidas pelo presença de Typha e ao aumento dos níveis de nutrientes presentes na água. A presença de uma espécie introduzida ou de híbridos de uma dessas espécies com espécies nativas podem contribuir para o problema.[9] O controlo é difícil. A estratégia mais bem-sucedida parece ser o corte (por roça) ou a queima para remover os talos aerenquimatosos, seguida por inundação prolongada das zonas que contenham as raízes.[10]
Para prevenir a invasão, pode ser importante preservar as flutuações do nível da água, incluindo os períodos de seca, e a manutenção de condições de infertilidade.[6]
As espécies de Typha são muito utilizados como alimento por mamíferos dos pantanais e outras zonas húmidas, em particular pelos ratos-almiscarados, que também podem usá-los para construir plataformas de alimentação e tocas. As aves usam o revestimento felpudo das sementes como material para construir o forro do ninho.
↑van der Valk, A. G. and Davis, C. B. (1976). The seed banks of prairie glacial marshes. Canadian Journal of Botany 54, 1832–8.
↑Shipley, B., et al. (1989). Regeneration and establishment strategies of emergent macrophytes. Journal of Ecology 77, 1093–1110.
↑ abcKeddy, P. A. (2010). Wetland Ecology: Principles and Conservation. [S.l.]: Cambridge University Press. 497 páginas. ISBN978-0-521-51940-3
↑Grace, J. B. and Wetzel, R. G. (1981). Habitat partitioning and competitive displacement in cattails (Typha): experimental field studies. The American Naturalist 118, 463–74.
↑Oudhia, P. (1999). Allelopathic effects of Typha angustata on germination and seedling vigour of winter maize and rice. Agric. Sci. Digest 19(4): 285-286
↑Boers, A. M., et al. (2007). Typha × glauca dominance and extended hydroperiod constrain restoration of wetland diversity. Ecological Engineering 29, 232–44.
↑Kaminski, R. M., et al. (1985). Control of cattail and bulrush by cutting and flooding. In: Coastal Wetlands, eds. H. H. Prince and F. M. D’Itri, pp. 253–62. Chelsea, MI: Lewis Publishers.