Trafaria é uma vilaportuguesa que foi sede da extinta Freguesia da Trafaria do Município de Almada, freguesia que tinha 5,73 km² de área e 5 696 habitantes (2011), e, por isso, uma densidade populacional de 994,1 habitantes/km².
A freguesia foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Caparica para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Caparica e Trafaria com sede em Caparica.[1]
A povoação de Trafaria foi elevada à categoria de vila em 1985.[2]
A Trafaria fica localizada na margem esquerda do rio Tejo entre o Bico da Calha e o Portinho da Costa. Na Cova do Vapor (uma localidade com casas em madeira, a maioria utilizada como segunda habitação) dá-se o encontro do rio Tejo com o Oceano Atlântico. Aos habitantes da Trafaria dá-se o nome de trafarienses.
Criada pelo decreto-lei nº 12.432, de 07/10/1926, com lugares da freguesia da Caparica. Pelo decreto-lei nº 37.301, de 12/02/1949, foi criada a freguesia da Costa da Caparica com lugares desta freguesia
Distribuição da População por Grupos Etários
Ano
0-14 Anos
15-24 Anos
25-64 Anos
> 65 Anos
0-14 Anos
15-24 Anos
25-64 Anos
> 65 Anos
2001
950
779
3 149
1 068
16,0%
13,1%
53,0%
18,0%
2011
895
709
2834
1258
15,7%
12,4%
49,8%
22,1%
História
Ao que tudo indica a origem da Trafaria remonta a um pequeno aglomerado de pescadores, sendo hoje aliás uma das actividades da população da Trafaria, se bem que em número reduzido.
Em 23 de Janeiro de 1777, teve lugar, na Trafaria um episódio tristemente célebre. Um destacamento às ordens de Pina Manique e enviado pelo primeiro-ministro Marquês de Pombal (no reinado de D. José I) lançou fogo no aglomerado de cabanas, conhecido por "abarracamento", na Trafaria. A povoação da Trafaria foi entretanto reconstruída.
Entre a Trafaria e a Costa de Caparica existe um grande pinhal, de plantação relativamente recente (século XVIII), pertencente ao Estado, com o qual se pretendeu fixar as dunas da costa e com duas valas de drenagem enxugaram-se as terras pantanosas entre a Arriba Fóssil e o Oceano Atlântico.
Em 1873, estabeleceu-se na Trafaria, a fábrica de dinamite do engenheiro francês Combemale. No ano de 1901, a rainha D. Amélia (esposa do rei D. Carlos I) deslocou-se à Trafaria com o objectivo de inaugurar a primeira colónia balnear que existiu em Portugal.
Em 7 de Outubro é criada freguesia da Trafaria, com território desanexado da freguesia de Caparica.
Entre 1902 a 1909, construiu-se o conjunto defensivo da barra e porto de Lisboa: Alpena, 1 e 2 e Raposeira (lugar da freguesia de Trafaria) 1 e 2 que foi desativado mais tarde mas continuaram em uso as fortificações a volta do antigo lazareto. O Quartel da Trafaria foi aí inaugurado em 1905, construindo-se a seguir a Casa da Reclusão. Esta serviu de presídio militar para os monárquicos envolvidos na revolta do Monsanto, e este forte ficou associado à prisão de muitos civis e políticos que combateram a ditadura militar e o Estado Novo até a Revolução dos Cravos.[4]
Na década de 1950, acentuou-se a recessão das areias do litoral da Cova do Vapor que irá fazer perder algumas centenas de hectares de praia e floresta de pinheiros. Em 1970, a Trafaria tinha 6 145 habitantes, para dez anos depois ter 6 489. Foi elevada a vila pela lei 79/85 de 26 de Setembro de 1985.
Vida económica
Na Trafaria, as principais actividades económicas são os serviços, o comércio e a pesca. Na pesca destaca-se a apanha de amêijoa a partir das "chatas" com recurso a uma "gadanha" que é alada por intermédio dum "gingarelho". Este tipo de pesca é ilegal, e o único meio de subsistência para muitos agregados familiares da região. Esta actividade, contudo é praticada por maioria das pessoas.