Nascido no bairro das Fontainhas, na cidade do Porto[1][2] Filho de António Júlio de Matos e da actriz Mila Graça (Camila da Graça Rodrigues Frias), a sua educação artística foi feita na Companhia Rafael de Oliveira, Artistas Associados, à qual pertenceu sua mãe e seu padrasto, o actor Afonso de Matos, director artístico do Teatro Desmontável, em que trabalhou como ponto e onde começou a cantar nos actos de variedades, os «Fim de Festa», com que habitualmente terminavam muitos dos espectáculos das companhias de província.
Em 1938, quando esta companhia se encontrava instalada em Santa Comba Dão (Beira Alta), o jornal local, o Beira Dão relatou a noite de apoteose com que o jovem Tony (14 anos) deliciou a assistência com a sua voz, cantando fado de Coimbra, acompanhado por músicos amadores locais.[3]
Em 1945, conseguiu entrar como cantor para a Emissora Nacional mas que abandonou rapidamente.
Três anos mais tarde, por intermédio do fadista Júlio Peres, surpreendeu a quem o ouviu no "Café Luso", em Lisboa, onde permaneceu durante dois anos.
Em 1950, o editor Manuel Simões leva-o a Madrid para gravar o seu primeiro disco. "Cartas de Amor" tornou-se um grande êxito. Outros sucessos desta altura foram "Trovador", "Ao Menos Uma Vez" e "A Lenda das Algas".
Em 1953 atuou pela primeira vez no Brasil. Em São Paulo cumpre, pelo dobro do tempo, um contrato inicial de 3 meses.
A partir de 1957 ficará no Brasil durante seis anos. Com Maria Sidónio abre, em Copacabana, o restaurante típico "O Fado". Chegava a actuar em seis ou sete espectáculos diários e à noite ainda cantava na sua casa de fados. Continuou a actuar com muito sucesso na rádio e na televisão.
Um EP com as canções "Só Nós Dois", "Procuro e Não Te Encontro", "Vendaval" e "Lado a Lado", gravado originalmente no Brasil, torna-se um grande sucesso em 1962. No ano seguinte decide regressar a Portugal.
Em Junho de 1985 é convidado de Vitorino no seu espectáculo do Coliseu. Tony de Matos grava depois o álbum "Romântico". Em Novembro de 1985 dá um concerto em nome próprio no Coliseu dos Recreios que contou com a participação de Maria da Fé e Carlos Zel.
O concerto do Coliseu dos Recreios, realizado em Novembro de 1985, foi editado em DVD numa edição da Ovação e dos Videos RTP.
Participa no primeiro programa da série "Humor de Perdição", da autoria de Herman José.
Um artigo da revista TV Guia, publicado logo a seguir à morte de Tony de Matos, indicava que a sua voz tinha ficado registada em 70 álbuns e mais de 100 singles. Note-se que até à década de 1960 o registo mais usual era o EP com 3 a 4 canções.
Álbuns
Tony de Matos (1971, LP, Rádio Triunfo, Porto, 33 rpm)[6]
Recebeu o Prémio da Imprensa (1968), o seu segundo, desta vez na categoria de "Fado". Na cerimónia que decorreu em 8 de Fevereiro de 1969, no Pavilhão dos Desportos, foi também distinguida nesta categorias a fadista Hermínia Silva e a "Revelação" Maria da Fé.[18]
Em Março de 2011, o Centro Cultural da Malaposta estreia Tony Só Nós Dois, um espectáculo de café-teatro escrito e encenado por Mingo Rangel, com interpretações de Eugénia Bettencourt e de Artur Alves.[19]
Em Março de 2017, estreia Cânticos de Barbearia na Casa das Artes, em Vila Nova de Famalicão, um musical de homenagem criado pelo letrista e escritor Carlos Tê em percorre a obra de Tony de Matos (papel desempenhado por Pedro Almendra) e do compositor brasileiro Lupicínio Rodrigues (interpretado por Alex Miranda), com encenação Luísa Pinto, da Narrativensaio.[20]
Referências
↑ abcdRedacção (9 de Junho de 1989). «O destino marcou a hora». Diário de Lisboa (via Casa Comum). p. 31. Consultado em 13 de janeiro de 2019
↑ ab«Prémios Bordalo». Em 1964 e 1968 denominado "Prémio da Imprensa". Sindicato dos Jornalistas. 22 de janeiro de 2002. Consultado em 11 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 4 de março de 2016