Tin Machine é o álbum de estreia da banda Tin Machine, originalmente lançado pela EMI em 1989. O grupo foi a última empreitada de David Bowie, inspirado nas sessões com o guitarrista Reeves Gabrels. O baterista Hunt Sales e o baixista Tony Sales formaram o resto da banda, com Kevin Armstrong, "o quinto membro", provendo a guitarra rítmica.
O projeto foi planejado como um álbum de "volta às origens" de Bowie, com um som de hard rock e produção simples, como oposição aos seus dois álbuns solo anteriores. Deferentemente das outras bandas de Bowie (como The Spiders from Mars), a Tin Machine atuava como uma unidade "democrática".[1]
Desenvolvimento do álbum
A banda preparou algumas demos em Los Angeles, antes de ir para os Mountain Studios,[2] na Suíça, e depois para Montreal e, finalmente, para Nassau.[3] A banda não teve muita sorte com as gravações em Nassau, achando difícil produzir no meio de "cocaína e pobreza e crack," o que parcialmente inspirou a canção "Crack City."[3] Bowie também afirmou que seu passado como viciado em cocaína nos anos 1970 foi uma inspiração para a faixa.[4] As canções do álbum tendem a tratar de temas como drogas e decadência urbana.[5] Todas as faixas foram trabalhos em grupo, e a banda gravou 35 canções em só seis semanas.[2][3][6]
A primeira faixa gravada pela banda foi "Heaven's in Here," que foi composta a partir do improviso e gravada nas primeiras 30 horas das reuniões do grupo.[1] Eles continuaram com a gravação de um cover de "Working Class Hero", de John Lennon (uma das faixas de Lennon preferidas de Bowie)[7] e "If There Is Something," do Roxy Music, embora esta não tenha sido lançada até o segundo álbum do grupo.[1]
As faixas do álbum foram gravadas de maneira bruta e vívida, sem overdubs, para captar a energia da banda.[5][8] A banda instigou Bowie a evitar reescrever letras: "Eles ficavam falando o tempo todo, 'Não mude,' cante como você a escreveu. Espere. Eu já me censurei - e frequentemente me censuro - em termos de letras. Eu digo algo e penso, "Ah, talvez eu só mude um pouco disso."[7] Ele explicou: "Queríamos "sair da caixa" com energia, a energia que sentíamos enquanto gravávamos e tocávamos. Há muito, muito pouco overdub lá [no álbum]. Para nós, [o disco] tem o nosso som ao vivo."[2] Quase não houve demos para o álbum; Gabrels disse: "Basicamente, o álbum é a demo."[1]
Bowie gostou de fazer o álbum, dizendo: "Estou tão animado com isso que quero ir logo e começar a gravar o próximo álbum amanhã."[7] Em termos de estilo, ele afirmou que o álbum foi uma continuação de Scary Monsters: "É quase uma desconsideração dos últimos três álbuns que fiz. Voltando ao curso, poderíamos dizer."[7]
Mais tarde, Gabrels descreveria as canções do álbum como a banda emitindo "um grito para o mundo",[9] e Tony Sales, baixista da banda, descreveu a abordagem musical criada pela banda dizendo:
Estávamos muito cansados de ligar o rádio e ouvir aquelas músicas disco e dance e aparelhos de bateria; todas aquelas coisas, que acho que, na área, eles chamam de "porcaria." Nós só estávamos pensando num projeto que daria fim ao rock 'n' roll.[6]
Quando a banda terminou o álbum, Bowie estava certo de que a banda iria continuar. Ele disse: "Haverá, no mínimo, mais dois álbuns. Ah, sim, isso vai durar mais um tempo. Enquanto estivermos gostando tanto de tocar uns com os outros, por que não?"[7]
Recepção da crítica
Na época de seu lançamento, Tin Machine obteve algum sucesso, recebendo geralmente resenhas positivas e alcançando o n°3 nas paradas britânicas. Porém, vendas a curto-prazo do disco não foram boas, com estimativas de que o álbum tenha vendido por volta de 200 mil cópias até 1991[10] - embora até 2012 todo o catálogo de álbuns da Tin Machine tivesse vendido cerca de 2 milhões de cópias.[11]
A revista Spin chamou o álbum de "rock barulhento sem o barulho. Agressivo, direto, brutal e elegantemente liso, o disco combina a energia do rock de vanguarda com a punção rítmica tradicional do R&B",[6] resumindo o álbum ao o chamar de "diversão incendiária" e observando que "os vívidos irmãos Sale e Gabrels certamente se igualam e frequentemente ultrapassam Bowie."[5] A revista Rolling Stone elogiou a abordagem musical "cínica, indignada e ácida" do álbum como um "banquete muito bem-vindo de extravagância de uma guitarra irritadiça e de uma controle corporal de baixo e bateria", observando que o álbum, por vezes, parece um encontro entre Sonic Youth e Station to Station.[12] Uma resenha do McClatchy News Service chamou a banda de "uma máquina de rock 'n' roll esguia e maldosa" que demonstrava que "a volta de Bowie" era o seu álbum mais revigorante desde Scary Monsters, de 1980.[8]
Quando perguntado em entrevista sobre qual seria a principal crítica ao álbum, Bowie admitiu que o álbum poderia "não ser acessível" para alguns fãs. "Acho que não é tão melódico como se poderia imaginar que provavelmente seria [para um álbum de Bowie]."[7]
A banda realizou alguns shows para a promoção do álbum, informalmente chamados de "Tin Machine Tour", em meados de 1989.[13]
Faixas
- "Heaven's in Here" (Bowie) - 6:01
- "Tin Machine" (Bowie, Gabrels, Sales, Sales) – 3:34
- "Prisoner of Love" (Bowie, Gabrels, Sales, Sales) – 4:50
- "Crack City" (Bowie) – 4:36
- "I Can't Read" (Bowie, Gabrels) – 4:54
- "Under the God" (Bowie) – 4:06
- "Amazing" (Bowie, Gabrels) – 3:06
- "Working Class Hero" ( Lennon ) – 4:38
- "Bus Stop" (Bowie, Gabrels) – 1:41
- "Pretty Thing" (Bowie) – 4:39
- "Video Crime" (Bowie, Sales, Sales) – 3:52
- "Run" (Armstrong, Bowie) – 3:20 (Not on vinyl version)
- "Sacrifice Yourself" (Bowie, Sales, Sales) – 2:08 (Not on vinyl version)
- "Baby Can Dance" (Bowie) – 4:57
Créditos
Músicos principais
Músicos de apoio
- Tin Machine - produção
- Tim Palmer - produção
Referências
- ↑ a b c d di Perna, Alan (1991), "Ballad of the Tin Men", Creem, 2 (1): 50–59
- ↑ a b c Clarke, Tina (julho de 1989), "If I only had a band", Music Express magazine, 13 (138): 8–11
- ↑ a b c Derringer, Liz (agosto de 1989), "Tin Machine - Bowie's Latest Vehicle", The Music Paper, Manhasset, NY, 22 (1), pp. 16–17
- ↑ «David Bowie: Ornament – Oddity – Artist – Survivor». Exploring David Bowie. 14 de fevereiro de 2013. Consultado em 23 de novembro de 2016
- ↑ a b c Passantino, Rosemary (julho de 1989), "Tin Machine Album Review", Spin magazine, 5(4): 110–111
- ↑ a b c Levy, Joe (julho de 1989), "I'm with the Band", Spin magazine, 5 (4): 35–36
- ↑ a b c d e f «Boys Keep Swinging». Exploring David Bowie. 8 de fevereiro de 2013. Consultado em 23 de novembro de 2016
- ↑ a b Barton, David (8 de junho 1989), "David Bowie puts career on the line", Journal-American, p. D5
- ↑ "Rock 'n Roll notes", Rolling Stone magazine, 1991
- ↑ «Marketing David Bowie». Entertainment Weekly's EW.com
- ↑ «About David Bowie - History, Biography, Songs and Facts». David Bowie Official Website. Consultado em 23 de novembro de 2016. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2013
- ↑ Fricke, David (15 de junho de 1989), "The Dark Soul of a New Machine", Rolling Stone (554): 137–139
- ↑ Nicholas Pegg, The Complete David Bowie, Reynolds & Hearn Ltd, 2004, ISBN 1-903111-73-0
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