The Prince and the Showgirl (br:O Príncipe Encantado[2]) é um filme de comédia romântica britânico de 1957, estrelado por Marilyn Monroe e Laurence Olivier, que também atuou como diretor e produtor. O roteiro, escrito por Terence Rattigan, foi baseado em sua peça de teatro de 1953, The Sleeping Prince.[3] A produção foi filmada nos Pinewood Studios, em Buckinghamshire.
Apesar de não repetir o sucesso comercial de filmes anteriores de Marilyn Monroe, como The Seven Year Itch e Bus Stop, The Prince and the Showgirl conquistou popularidade significativa no Reino Unido, mas teve desempenho modesto nos Estados Unidos. Ainda assim, o filme conseguiu gerar um lucro substancial, mesmo sem alcançar o mesmo impacto de outros trabalhos da atriz.
Sinopse
O arrogante e pretensioso Príncipe da Carpathia (Laurence Olivier) vai a Londres para a coroação de 1911 do Rei George V. Em uma visita a um teatro, ele conhece Elsie Marina (Marilyn Monroe) e fica encantado com ela, uma mulher de poucos encantos sociais mas cheia de senso de humor e uma aparência deslumbrante. E assim fica claro que os opostos realmente se atraem quando ele convida Elsie para um jantar á noite que vai acabar virando um jogo cheio de confusões e situações embaraçosas de quem vai seduzir quem.
Produção
The Prince and the Showgirl foi produzido e dirigido por Laurence Olivier. Filmado em Technicolor nos Pinewood Studios, o filme contou com Marilyn Monroe, que formou sua própria empresa, Marilyn Monroe Productions, por meio da qual adquiriu os direitos de The Sleeping Prince, de Terence Rattigan. Olivier e Vivien Leigh desempenharam os papéis principais na produção original da peça, em Londres.[4]
A produção foi marcada por dificuldades entre Monroe, seus colegas de elenco e a equipe de produção. Segundo Jean Kent, Monroe "parecia suja e desgrenhada" e "nunca chegava na hora, nunca dizia uma fala da mesma maneira duas vezes, parecia completamente incapaz de atingir suas marcas no set e não podia e não fazia nada sem consultar sua treinadora de atuação, Paula Strasberg".[5] Kent ainda afirmou que testemunhou seu colega de elenco Richard Wattis, que apareceu em várias cenas com Monroe, "começar a beber porque as tomadas tinham que ser repetidas muitas vezes". Além disso, Monroe teve um relacionamento desconfortável com o normalmente calmo e plácido diretor de fotografia Jack Cardiff, que relatou que Olivier a chamava de "vadia".[5]
Olivier também teria demonstrado forte antipatia por Monroe e por Strasberg, a quem expulsou do set em determinado momento, o que fez com que Monroe se recusasse a continuar filmando até que Strasberg fosse chamada de volta. A relação entre Olivier e Monroe piorou quando ele lhe disse para "tentar ser sexy". De acordo com Kent, as dificuldades de Olivier com Monroe fizeram com que ele "envelhecesse 15 anos".[5]
Donald Sinden, astro contratado da Rank Organisation no Pinewood Studios, tinha um camarim permanente a apenas quatro portas de distância do de Monroe durante as filmagens, embora estivesse trabalhando em outro filme. Sinden contou: "Ela ainda estava lidando com os efeitos do método de atuação, então um dia pedi para o pessoal dos adereços fazerem um aviso e colocar na minha porta, que dizia: 'Gabinete da Academia Nazak [nome invertido de Kazantzakis]. Você também pode ser inaudível. Egos novos sobrepostos. Motivações paralisadas. Chutes de pedras imaginárias eliminados. 'Um's' e 'Er's' tornados obsoletos. Lema: 'Embora seja um método, tem loucura nisso.' Fiquei esperando dentro do meu camarim e logo ouvi os passos dela e de sua equipe. Eles pararam do lado de fora e, de todos, a única pessoa que eu ouvi rir foi ela. A porta se abriu e Monroe entrou, batendo a porta na cara de seus assistentes. A partir daquele momento, sempre que ela não sabia lidar com seus problemas — o que acontecia muito — ela vinha até mim para conversar e dar uma risadinha. Claro, ela era deslumbrante como símbolo sexual, mas, infelizmente, ela parecia ser uma das mulheres mais tolas que eu já conheci".[6]
Monroe teve uma dublê de corpo inglesa, não creditada, para o filme, uma jovem modelo cujo nome artístico era Una Pearl. A informação foi divulgada na revista Picturegoer, em 18 de agosto de 1956.
Bosley Crowther, crítico do New York Times, destacou que a maior promessa de The Prince and the Showgirl está no contraste entre seus protagonistas: Sir Laurence Olivier, um ator shakespeariano renomado, e Marilyn Monroe, o símbolo de Hollywood. Essa combinação inusitada gera expectativa e humor inicial, mas o filme não sustenta seu potencial. Crowther critica o roteiro, adaptado da peça de Terence Rattigan, por ser repetitivo e pouco envolvente, com personagens que carecem de profundidade. Olivier é limitado a um príncipe enfadonho e estereotipado, enquanto Monroe interpreta uma showgirl superficial, mais uma de suas “belas esquisitices”. Apesar de atuações de apoio competentes e uma produção visual elegante, o crítico conclui que os personagens principais são monótonos e o filme decepciona ao não explorar melhor as habilidades de seus astros.[7]
A crítica da Variety destaca que The Prince and the Showgirl, primeira produção independente de Marilyn Monroe, é uma comédia agradável, mas prejudicada por seu ritmo lento. Diferentemente do que o título sugere, a trama não segue o clichê de uma história de Cinderela. A performance de Olivier, também responsável pela direção e produção, é elogiada por ser impecável, enquanto Monroe brilha no papel da dançarina aparentemente ingênua, mostrando talento cômico e arrancando risadas com gestos simples. Apesar de limitações no ritmo, o filme consegue explorar bem as forças de seus protagonistas.[8]