Em 1093 Teresa foi dada pelo seu pai em casamento a Henrique de Borgonha, um nobre francês que o tinha ajudado em muitas conquistas aos mouros. Teresa tinha à data treze anos e Henrique 24. Afonso VI doou-lhes então o Condado de Portugal, território do reino da Galiza entre o Minho e o Vouga que, a partir de 1096, se estenderia entre o Minho e o Tejo. O casal teve vários filhos, mas poucos sobreviveram: o único varão que chegou a adulto foi Afonso Henriques, além das suas filhas Urraca, Sancha e Teresa Henriques.
Regência
Depois da morte de Henrique em 1112 Teresa governou o condado como rainha, por direito próprio, sendo reconhecida como tal pelo papa Pascoal II (através Bula Fratrum Nostrum emitida em 18 de junho de 1116[3]), pela sua irmã, Urraca de Galiza, Leão e Castela e, posteriormente, por seu sobrinho Afonso VII de Galiza, Leão e Castela. A partir de 1117 assina como "Ego regina Taresia de Portugal regis Ildefonssis filia".[4][5][6]
Em 1116, os almorávidas invadiram a região de Coimbra e destruíram os castelos de Miranda da Beira e Santa Eulália próximos da cidade, tendo morto ou cativado as suas guarnições. Em 1117, deu-se o Cerco de Coimbra, imposto pelo emir almorávida Ali ben Iusuf em pessoa e D. Teresa encontrava-se na cidade, que resistiu ao violento assédio de vinte dias, embora os arrabaldes tenham sido postos a saque.[7][8][9][10]
Atacadas pelas forças da sua meia-irmã, a rainha D. Urraca, durante a Crise de 1121, as forças de D. Teresa recuaram desde a margem esquerda do rio Minho, derrotadas e dispersas, até que D. Teresa se encerrou no Castelo de Lanhoso. Aí sofreu o Cerco de Lanhoso. Em posição de inferioridade, D. Teresa conseguiu ainda negociar o Tratado de Lanhoso, pelo qual salvou o seu governo do Condado Portucalense.
Em aliança com D. Teresa na revolta galaico-portuguesa contra Urraca esteve Fernão Peres de Trava, da mais poderosa casa do Reino da Galiza. Os triunfos nas batalhas de Vilasobroso e Lanhoso selaram a aliança entre os Trava e Teresa de Portugal. Fernão Peres de Trava passou assim a governar o Porto e Coimbra e a firmar com Teresa importantes disposições e documentos no condado de Portugal. Com a morte de Urraca, Fernão Peres de Trava tornou-se um grande aliado do rei Afonso VII de Leão e Castela no Reino da Galiza. A aliança e ligação de D. Teresa com o conde galego Fernão Peres de Trava, de quem teve duas filhas, indispôs contra ela os nobres portucalenses e o seu próprio filho Afonso Henriques.
Conflito com o filho, D. Afonso Henriques
Teresa exercera a regência do Condado Portucalense durante a menoridade de D. Afonso Henriques. Mas em 1122, sob a orientação de Paio Mendesarcebispo de Braga, Afonso pretendeu assegurar o seu domínio no condado e armou-se cavaleiro em Zamora.
Ressentidos com a proximidade de D. Teresa ao conde de TrastâmaraFernão Peres de Trava seu influente amante e ao favoritismo que demonstrava para com a nobreza galega, que apoiava os seus desígnios de vir a reinar como rainha independente, em 1127 revoltou-se a nobreza portuguesa de Entre-Douro-e-Minho, que se declarou a favor do infante D. Afonso Henriques, a esta data com dezasseis ou dezassete anos.[11]
Ante a revolta dos nobres portugueses, o rei Afonso VII reuniu as suas hostes e, ao comando das suas tropas, dirigiu-se em pessoa a Portugal para restabelecer a sua tia no pleno governo do condado. A campanha do rei tinha o apoio do bispo de Compostela Diego Gelmires bem como da maioria da nobreza Galega.
Transpostas as fronteiras portuguesas, sucederam-se alguns cercos e combates.[12] As terras de Guimarães, cujo castelo era sede dos condes de Portugal, haviam-se declarado a favor de D. Afonso Henriques e sobre este castelo de fulcral importância, onde por então se encontrava o infante, se focou Afonso VII de Leão, que para lá se dirigiu rapidamente.[12] Seguiu-se o Cerco de Guimarães, após o qual o infante D. Afonso Henriques viu-se obrigado a jurar fidelidade para com o seu primo Afonso VII de Leão e D. Teresa reposta no governo, embora tenha esta também sofrido represálias e perdido algumas terras que adquirira a norte do rio Minho.[12]
Durante o governo de D. Teresa, em 1128 deu-se a fixação dos templários em território português, tendo D. Teresa doado à Ordem o castelo de Soure, erguido na segunda metade do séc. XI por Sesnando Davides perto de Coimbra, na estrada que ligava esta cidade a Lisboa.[13]
Em breve os interesses estratégicos de mãe e filho entraram em conflito. Em 1128, juntando os cavaleiros portugueses à sua causa contra Fernão Peres de Trava e Teresa de Leão, Afonso Henriques derrotou ambos na batalha de São Mamede, quando pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português, e assumiu o governo do condado.
Obrigada desse modo a deixar a governação, alguns autores defendem que foi detida pelo próprio filho no Castelo de Lanhoso ou se exilou num convento na Póvoa de Lanhoso, onde veio a falecer em 1130. Modernamente, depreende-se que após a batalha e já em fuga, ela e o conde Fernão Peres foram aprisionados e expulsos de Portugal.
Morte
D. Teresa teria falecido na Galiza, possivelmente no mosteiro de Montederramo que refundara em 1124, de acordo com um documento assinado em Allariz.
Os seus restos mortais foram trazidos mais tarde, por ordem expressa do seu filho já rei D. Afonso I de Portugal, para a Sé de Braga, onde ainda hoje repousam junto ao túmulo de seu marido, o conde D. Henrique.
↑A Crónica latina de Castela, atribuiu a divisão do reino pelos filhos do emperador à sua iniciativa: "divisit siquidem regmum suum, permitente Deo propter peccata hominum, duobus filiiis suis ad instanciam Fernandi comitis de Gallecia"
↑DE AZEVEDO, Rui Pinto (1958). Documentos Medievais. Portugueses – Documentos Régios, Vol. I: Documentos dos Condes Portugalenses e de D. Afonso Henriques. Lisboa: Academia Portuguesa da História
Torres Sevilla-Quiñones de León, Margarita Cecilia (1999). Linajes nobiliarios de León y Castilla: Siglos IX-XIII (em espanhol). Salamanca: Junta de Castilla y León, Consejería de educación y cultura. ISBN84-7846-781-5