Teodoro Quartim Barbosa (Itapira, 12 de janeiro de 1897 - São Paulo, 24 de julho de 1968) foi um engenheiro agrônomo, banqueiro, empresário e político brasileiro, tendo sido um dos principais acionistas e presidente do Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S.A. (Comind) até seu falecimento.[3]
História
Nascido em Itapira, ingressou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, onde foi presidente do Centro Acadêmico e se formou na turma de 1916. Após se formar, ingressou na coordenação das atividades agropecuárias e empresariais de sua família. Paralela à atividade empresarial, fomentou atividades políticas como o ingresso no partido democrático onde foi eleito para seu conselho consultivo em 29 de dezembro de 1926.[4] Em 1928 era segundo tesoureiro da Sociedade Rural Brasileira e diretor do Instituto do Café de São Paulo.[5]
O auge de suas atividades políticas se deu quando foi eleito deputado classista (representando a classe patronal agropecuária) na Assembléia Legislativa de São Paulo em dezembro de 1935. Com o advento do Estado Novo, foi deposto do cargo e voltou-se para as atividades empresariais.[6][7]
Nessa época, adquiriu o Frigorífico Bianco em Cruzeiro, investindo em sua reestruturação. Em 1939, a empresa foi reaberta e rebatizada Frigorífico Cruzeiro. Uma das primeiras ações de Barbosa foi admitir mão-de-obra feminina na linha de produção, além de conceder assistência à maternidade (sendo uma das primeiras empresas nacionais a contar com uma creche interna), seguro para acidentes, assistência médica e odontológica além de um clube recreativo para todos os funcionários.[5]
Durante a gestão de Lucas Nogueira Garcez, Barbosa foi Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo por quatro meses. Ao deixar a pasta, comandou um grupo empresários que financiou a implantação da fábrica da Willys-Overland do Brasil, sendo seu primeiro presidente.[8]
Posteriormente ingressou na diretoria do Banco do Commércio e Indústria de São Paulo (Comind) em 1955. Em 1961, assumiu a diretoria do banco. Paralelamente assumiu a direção da Companhia Siderúrgica Paulista até assumir o banco.[9]
Em sua gestão à frente do banco, concedeu grandes empréstimos de longo prazo para financiar a expansão da indústria paulista e ingressou em uma união de 25 bancos nacionais para formar a Finasa. Por desentendimentos com Gastão Vidigal (proprietário do Banco Mercantil), deixou a Finasa e passou a lutar contra Vidigal, que tencionava incorporar o Comind ao Mercantil.[10] Conduzindo o Comind, não preparou sua sucessão de forma adequada. Isso se revelou um grave problema quando adoeceu e faleceu subitamente em 24 de julho de 1968. O banco passou a ser administrado por um consórcio idealizado por ele por antes de falecer, chamado Serviços Técnicos de Administração de Bens Ltda. (Stab). A Stab era formado pelos acionistas do banco ou representantes destes, dos quais os maiores eram: Carlos Eduardo Quartim Barbosa (Charlô, filho de Quartim, com 20,36%), Mário Slerca e família Garcia da Rosa (19,05%), irmãos Antonio e José Ermírio de Moraes Filho (18,05%) e Paulo Egydio Martins e Ralph Rosemberg (10,36%). Esse consórcio acabou desfeito por manobras jurídicas de Charlô, que assumiu o controle acionário do banco e acabou realizando uma gestão temerária (e, ao mesmo tempo, recusando ofertas de aquisição do banco Comind por parte de Vidigal) culminando com a quebra do Comind em 1985.[11]
Referências
- ↑ «Secretários da Fazenda». Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo. 2019. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ José Rodrigues da Silva (maio de 1990). «A Descontinuidade em Banco Comercial Privado Nacional - Um Estudo De Caso - O Comind» (PDF). Instituto Superior de Estudos Contábeis Isec-Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ Dicionário de Ruas (2019). «Rua Doutor Teodoro Quartim Barbosa». Prefeitura da Cidade de São Paulo-Secretaria Municipal de Cultura-Arquivo Histórico Municipal. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ «A reação política nos estados: A grande eleição do partido democrático de São Paulo». Correio da Manhã, edição 9800, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 30 de dezembro de 1926. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ a b Paulo Antônio de Carvalho (2 de setembro de 2017). «Os grandes investidores da história» (PDF). O Impacto da Notícia (Cruzeiro-SP), Ano 3, número 76, página 7. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ Assembléia Legislativa de São Paulo. «1ª Legislatura 1935-1937» (PDF). Os deputados dos anos 1930. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ «A nova diretoria da Sociedade Rural Brasileira». Correio da Manhã, ano XXVIII, edição 10512, página 8/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 10 de abril de 1929. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ José Roberto Gianello (Julho de 2000). «A presença da Willys Overland do Brasil no ABC e o depoimento de Mário Chekin». Revista Raízes (Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul), Ano XI, edição 21, páginas 25 a 28. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ Opening the Archives: Documenting U.S.-Brazil Relations, 1960s-80s (1963). «Biographic Information on Teodoro Quartim Barbosa». Brown Digital Repository. Brown University Library. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ José Calil (dezembro de 1999). «Rockefeller e o Desenvolvimento da Agricultura Brasileira:Milho-Porco» (PDF). Informações Agro econômicas, número 88, página 7. Consultado em 1 de março de 2020
- ↑ Paulo Egydio Martins, Verena Alberti, Dora Rocha, Ignez Cordeiro de Farias (2007). «Aventura no Paraná» (PDF). Paulo Egydio Conta:depoimento ao CPDOC/FGV- Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil-Fundação Getúlio Vargas, páginas 341-345/. Consultado em 10 de dezembro de 2019