Márcia Lellis de Souza Amaral, de nome profissional Tata Amaral (São Paulo, 19 de setembro de 1960), é uma cineasta brasileira citada por vários críticos como uma das mais importantes realizadoras do cinema brasileiro a partir da década de 1990.[1][2]
Biografia
Tata Amaral estudou no colégio Equipe, em São Paulo. Entre os 17 e os 18 anos casou, entrou para a organização de esquerda Liberdade e Luta, teve uma filha e perdeu o marido num acidente. Foi aprovada nos vestibulares para jornalismo e história na Universidade de São Paulo mas, como não tinha concluído o segundo grau, não pôde seguir nenhum dos cursos. Em 1982 fez supletivo e passou a frequentar, como ouvinte, as aulas do curso de cinema na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Lá conheceu o professor Jean-Claude Bernardet, que viria a ser seu parceiro em vários roteiros.[3]
Entre 1986 e 1994, realizou vários curtas-metragens, alguns deles em parceria com Francisco Cesar Filho, então seu companheiro. Recebeu vários prêmios nacionais e concorreu em festivais e mostras internacionais, participando ativamente do momento que ficou conhecido como Primavera do Curta Brasileiro. Realizou ainda diversas vídeo-instalações, destacando-se pela experimentação de linguagens e meios.[3]
Em 1997 realizou seu primeiro longa-metragem, Um Céu de Estrelas, premiado nos festivais de Brasília, Boston, Trieste, Créteil e Havana[4] e considerado pela crítica um dos filmes brasileiros mais importantes da década.[5]
Em sociedade com sua filha Caru Alves de Souza, criou em 2006 a produtora Tangerina Entretenimento.[6]
Seu terceiro longa, Antônia, filmado em São Paulo em 2005[7] e lançado em 2006, retrata grupo de cantoras de rap de Brasilândia, formado por Negra Li, Cindy Mendes, Leilah Moreno e Quelynah, lidando com um cotidiano de violência, pobreza e machismo para realizar o sonho de viver do música.[8][9] Gerou a série de mesmo nome, produzida pela O2 Filmes e exibida pela Rede Globo,[10] que continuava a história do filme,[8] sendo exibida em duas temporada entre 2006 e 2007, e indicada ao prêmio Emmy Internacional em 2007.[11][12]
Ainda em 2007, Tata Amaral publicou pela editora O Nome da Rosa, o livro Hollywood: Depois do Terreno Baldio, de contos e relatos colhidos na pesquisa para a produção de Antônia.[13][14]
Trago Comigo, a minissérie que dirigiu para TV Cultura e SescTV, concorreu a 4 prêmios no Prêmio Qualidade Brasil em 2009: melhor minissérie, melhor autor, melhor ator e melhor diretora. Em 2016, Trago Comigo foi lançado como longa-metragem, com a metade da duração, mas com algumas cenas que não haviam sido incluídas na minissérie.[15]
Filmografia
Premiações
Referências
- ↑ Oricchio, Luiz Zanin (2003). Cinema de Novo - Um Balanço Crítico da Retomada. São Paulo: Estação Liberdade. p. 229-231. 254 páginas. ISBN 9788574480787
- ↑ Nagib, Lúcia (2003). «The New Brazilian Cinema». Framework (em inglês) (42). Detroit: Wayne State University Press. 320 páginas
- ↑ a b Nagib, Lúcia (2002). O Cinema da Retomada: Depoimentos de 90 Cineastas dos Anos 90. São Paulo: Editora 34. p. 42-47. 526 páginas. ISBN 8573262540
- ↑ a b «Filmografia - Viver a Vida». Cinemateca Brasileira. Consultado em 18 de junho de 2016
- ↑ «Os melhores filmes brasileiros de todos os tempos». Especial. Folha de S.Paulo. Consultado em 18 de junho de 2016
- ↑ «Produtora | Tangerina Entretenimento». Tangerina Entretenimento. Consultado em 25 de fevereiro de 2020
- ↑ Neves, Cássio Gomes (12 de maio de 2002). «Novo filme de Tata Amaral será rodado no ABC». Diário do Grande ABC. Consultado em 24 de fevereiro de 2020
- ↑ a b c «Tata Amaral fala de "Antonia", série baseada no filme estréia dia 17 na Globo». UOL Cinema. UOL. 1 de novembro de 2006. Consultado em 24 de fevereiro de 2020
- ↑ a b «Antônia». Globo Filmes. Consultado em 24 de fevereiro de 2020
- ↑ a b Mello, Marina Campos (9 de novembro de 2006). «Globo estréia série "Antônia", que traz as feministas da periferia». UOL Televisão. UOL. Consultado em 24 de fevereiro de 2020
- ↑ Castro, Daniel (8 de outubro de 2007). «Brasil bate recorde de indicações no Emmy». Folha de S.Paulo. Consultado em 25 de fevereiro de 2020
- ↑ Guider, Elizabeth (10 de setembro de 2007). «Brazil tops Int'l Emmy noms with 7». The Hollywood Reporter. Consultado em 25 de fevereiro de 2020
- ↑ «Tata Amaral lança livro em São Paulo». Ego. 31 de maio de 2007. Consultado em 25 de fevereiro de 2020
- ↑ Alves Jr., Dirceu. «Hollywood - Depois do Terreno Baldio». IstoÉ. Consultado em 18 de junho de 2016
- ↑ Prado, Carol (16 de junho de 2016). «Tata Amaral expõe histórias de tortura e briga de gerações em 'Trago Comigo'». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 de junho de 2016
- ↑ «Queremos as Ondas do Ar!». Cinemateca Brasileira. Consultado em 8 de fevereiro de 2020
- ↑ «Poema: Cidade». Curtagora. Consultado em 25 de fevereiro de 2020
- ↑ «Filmografia - História Familiar». Cinemateca Brasileira. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ a b «Filmografia - Viver a Vida». Cinemateca Brasileira. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ «Filmografia - Através da Janela». Cinemateca Brasileira. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ «Filmografia - Antonia». Cinemateca Brasileira. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ «Filmografia - Hoje». Cinemateca Brasileira. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ «Filmografia - Sequestro Relâmpago». Cinemateca Brasileira. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ «Sequestro Relâmpago». Globo Filmes. Consultado em 23 de fevereiro de 2020
- ↑ Caetano, Maria do Rosário (2007). Festival 40 Anos: a Hora e Vez do Filme Brasileiro. Brasília: Secretaria de Cultura do Distrito Federal. p. 218. LCCN 2009344278. OCLC 463685098
- ↑ Bernardes, Betina (7 de outubro de 1996). «Vera Cruz ganha homenagem na França». Ilustrada. Folha de S.Paulo
- ↑ «Un Ciel Plein D'etoiles (Um Ceu De Estrelas)». Festival de Films de Femmes de Créteil. Consultado em 9 de fevereiro de 2020
- ↑ Caderno B. Jornal do Brasil. 22 de abril de 1997. p. 2
- ↑ «Festival premia 'Céu de Estrelas'». Cotidiano. Folha de S.Paulo. 28 de outubro de 1997
- ↑ «Cuba premia cinema brasileiro». Ilustrada. Folha de S.Paulo. 13 de dezembro de 1997
- ↑ «Premiação da Mostra de São Paulo em 2006». Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Consultado em 18 de junho de 2016
- ↑ «Zlin 2007: Ecumenical Jury Awards "Antonia"» (em inglês). SIGNIS. 4 de junho de 2007. Consultado em 18 de junho de 2016. Arquivado do original em 29 de março de 2016
- ↑ «Semanário 693». Paulinia.net. 10 de julho de 2007. Consultado em 18 de junho de 2016. Arquivado do original em 15 de setembro de 2016
- ↑ Tavares, Jamila (3 de outubro de 2011). «'Hoje', de Tata Amaral, vence o Festival de Cinema de Brasília». G1. Consultado em 18 de junho de 2016
Ligações externas
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