O teste dos Sons de Ling é aceito e aplicado amplamente por audiologistas devido sua eficácia e praticidade, em linhas gerais, os sons que compõem a prova permitem a cobertura de largo espectro de fala, entre 250Hz e 8000 Hz, por meio do uso de sons de baixa, média e alta frequência.[1][10][12] A avaliação comportamental baseada nos Sons de Ling permite verificar a habilidade da criança para detectar todos os aspectos de fala, dado que os sons utilizados no teste englobam a faixa de frequência de todos os fonemas.[5][4][10] Assim, é possível avaliar quais sons a criança consegue detectar, discriminar e identificar.[5][6][12][11] As habilidades analisadas podem ser definidas como:[12][5]
Detecção (reconhecimento da presença ou ausência de estímulo sonoro);
Discriminação (percepção da diferença ou semelhança entre dois, ou entre mais sons);
Identificação (reprodução de um som ou identificação por meio de figuras de um som escutado).
Dessa forma, os Sons de Ling buscam avaliar se a criança consegue escutar na faixa de frequência de 1000 Hz as três vogais /a/, /u/ e /i/, em ambiente silencioso a uma distância de no máximo 4 metros.[13][5][7] Em 2000 Hz o som fricativo de /sh/ deve ser identificado, enquanto para a frequência de 4000 Hz deve ocorrer a detecção do som consonantal /s/, realizado a uma distância de no máximo 2 metros. Contudo, o teste é tipicamente aplicado em uma cabine de isolamento acústico com auxílio de um audiômetro. O fonoaudiólogo, profissional responsável pela avaliação, utiliza o sistema de som para emitir os estímulos sonoros para a pessoa que está na cabina, além de tampar a boca para que o individuo testado não faça a discriminação dos sons por meio de leitura labial.[5][7]
Entende-se que para ocorrer a detecção dos fonemas, é necessário que haja integridade das células ciliadas externas, responsáveis por detectar e amplificar sons de baixa intensidade, assim, perdas auditivas podem ser percebidas por meio desse tipo de teste. Fonemas fricativos, como, por exemplo, o som do fonema /s/ possuem intensidade de emissão por volta de 22dB, e com a perda de células ciliadas na frequência de emissão pode ser percebida quando não há reconhecimento ou algum erro na fala em fonemas fricativos como /f/, /v/, /s/ ou /z/, por exemplo[14]
Tendo em vista a prática clínica, a percepção auditiva para fonemas específicos é bastante utilizada para a pesquisa do comportamento auditivo, tanto com o intuito de compreender informações diagnósticas, quanto para obter informações de rotina de pacientes (crianças e adultos) usuários de Aparelho auditivo e Implante Coclear[16][17].
Dentre os benefícios de utilização dos Sons do Ling, pode-se citar[17]:
Esses sons englobam a faixa de frequências correspondente à fala, com o uso de apenas seis estímulos distintos, fornecendo informações de forma ampla sobre a variação de resposta frente às frequências.
É um teste rápido e de fácil aplicação.
Os Sons do Ling são símbolos naturais da fala, e seu uso na avaliação permite analisar se métodos de processamento do sinal da fala, como, por exemplo, o aparelho auditivo, estão funcionando de forma adequada.
As respostas comportamentais esperadas são as mesmas ao realizar o uso de instrumentos musicais.[5][13] Além disso, cabe a atenção para o fato que em relação aos estímulos de fala para criança, a voz da mãe ou do pai podem desencadear melhores respostas.[13][5]
↑ abcFoundations of Spoken Language for Hearing-Impaired Children. Ling Daniel. Ear and Hearing: August 1990 - Volume 11 - Issue 4 - ppg 317.
↑Coelho, Bruna. Telemetria de resposta neural: implicações nas habilidades auditivas e linguísticas em crianças usuárias de implante coclear/Bruna Coelho; Orientadora, Maria Madalena Canina Pinheiro - Florinópolis, SC, 2013. 73 p. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) Universidade Federalde Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Graduação em Fonoaudiologia. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/169690/TCCBruna.pdf?sequence=1&isAllowed=y
↑ALVARENGA, K. F. Avaliação audiológica em bebês: 0 a 1 ano de idade. In: BEVILACQUA et al. Tratado de Audiologia. São Paulo: Ed. Santos, 2011. p.517-532.