Jogue fora qualquer parte do corpo
que possa impedi-lo de viver em abstinência.
Pois é melhor viver em abstinência sem esta parte
do que destrutivamente com ela. Sextus, Sentenças 13
Podemos ver que pessoas cortam fora
e jogam longe quaisquer partes de si
com o objetivo de manter o resto do corpo saudável;
quão melhor é isto por causa da abstinência? Sextus, Sentenças 273
Citados por Orígenes em Comentário sobre o Evangelho de Mateus[1]
O texto é um dos chamados "Evangelhos de Provérbios", que são puramente coleções de adágios (frases), sem relação entre elas. Por isso, é muito similar com o Evangelho de Filipe e o Evangelho de Tomé. Contudo, ao contrário deles, a sabedoria não vem de Jesus e sim de um homem chamado Sexto (ou Sextus), que parece ter sido um pitagórico. A primeira menção ao texto foi feita por Orígenes na metade do século III em seu livro "Contra Celso"[2]. Orígenes cita Sexto no seu "Comentário sobre o Evangelho de Mateus" quando discorre a respeito de Mateus 19:12 sobre a auto-castração, um hábito comum no cristianismo primitivo[1].
Algumas das 104 sentenças sobreviventes. Outras sobreviveram apenas como citações em outras obras (como as de Orígenes, sobre castração):
A alma é iluminada pela lembrança da divindade (24)
Aguente o que é necessário, pois é necessário (29)
Não fique ansioso em agradar a multidão (34)
Não estime nada muito precioso, pois um homem mau poderá tirá-lo de você (38)
A mentira é como veneno (47)
Nada é tão peculiar à sabedoria como a verdade (48)
Deseje ser capaz de beneficiar seus inimigos (55)
Um intelecto sábio é o espelho de Deus (104)
Autor
Um possível autor das "Sentenças" é Quintus Sextius, um filósofo romano que combinou estoicismo com pitagorismo e que viveu no século I a.C.[3]. Quando Rufino de Aquileia traduziu as "Sentenças" para o latim (c. 400 d.C.), o trabalho já tinha sido atribuído ao papaSisto II[4], uma das figuras mais veneradas da época. É improvável que ele tenha sido o autor do texto, em parte por ele não ter sido pitagórico. Este tipo de atribuição à figuras importantes, frequente nos apócrifos, era geralmente uma tentativa de dar-lhes mais respaldo.