É uma figura de referência no campo do design gráfico em Portugal na segunda metade do século XX.
Biografia / Obra
Curso de serralheiro mecânico pela Escola Industrial Marquês de Pombal (onde foi aluno de Frederico George).[1][2]
Essencialmente autodidata, começa desde muito jovem a executar pequenos trabalhos gráficos para o jornal A Voz. Em 1945 vai trabalhar para o Atelier de Publicidade Artística (APA), onde conhece Manuel Rodrigues, futuro companheiro de trabalho. Exerce atividade como profissional de artes gráficas a partir de 1947.[3][4]
Sebastião Rodrigues emerge no período de consolidação, a nível nacional, das principais conquistas do movimento moderno no domínio da expressão gráfica. Na década de 1950, as novas direções – divulgadas por exemplo pela revista Graphis –, irão influenciar o seu pensamento e o de outros da sua geração (como Sena da Silva ou Daciano Costa).[5]
A sua obra seria igualmente marcada pelo grafismo e aparência formal do trabalho de Victor Palla, pelo desempenho gráfico do norte-americano Alvin Lustig, e pela vasta recolha de elementos de raiz popular que ele próprio realizou enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (1959-60). "A modernidade do seu grafismo, em estado puro, depurado e simbólico", ficou ligada, por exemplo, "à promoção do turismo português, à atividade editorial da Europa-América, da Sá da Costa, da Ulisseia, às edições e imagem institucional da Fundação Calouste Gulbenkian, às edições do Museu Nacional de Arte Antiga".[5]
Entre os inúmeros trabalhos em que se empenhou, dos cartazes e capas a uma multiplicidade de produções para impressão, onde revelou sempre grande originalidade de soluções, será necessário destacar a revista Almanaque, que dirigiu de 1959 a 1961 e através da qual "renovou as artes gráficas portuguesas".[6]
A multiplicidade de soluções ensaiada no grafismo desta revista, o equilíbrio entre a dignidade e a inovação, haveriam de prolongar-se no seu trabalho posterior. "A riqueza e diversidade da paginação, o uso de velaturas, o aproveitamento do lado positivo e negativo da imagem, a duplicação ou a fragmentação de elementos visuais, constituíram processos de enriquecimento de cada Almanaque, tornando-o sempre individualizado, mas fiel a um estilo".[7]
Foi distinguido com vários prémios, nomeadamente: diploma de Honra no Cartaz para as Olimpíadas de Helsínquia (1952); Prémio «Silver Prize» da International Travel Competition, Tóquio (1955); Prémio na Feira Internacional de Lisboa (1962); Award of Excellence pelo International Council of Graphic Associations (1991); etc. Foi sócio fundador da Associação Portuguesa de Designers (1976). Grande-Oficial da Ordem do Mérito (1995).[8][1]
A partir de 1989 deixa de produzir, vitima de cancro, vindo a falecer oito anos mais tarde.
Referências
↑ abcIn Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora (2003–2013). «Sebastião Rodrigues». Consultado em 17 de agosto de 2013
↑A.A.V.V. – I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1957.
↑ abFragoso, Margarida – Design Gráfico em Portugal: formas e expressões da cultura visual do século XX. Lisboa: Livros Horizonte, 2012, p. 120, 121. ISBN 978-972-24-1716-7
↑França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 409, 410
↑Fior, Robin. In: Fragoso, Margarida – Design Gráfico em Portugal: formas e expressões da cultura visual do século XX. Lisboa: Livros Horizonte, 2012, p. 121, 122. ISBN 978-972-24-1716-7
↑ abA.A.V.V. – II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1961.