Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: garança[4], granza[5], granza-dos-tintureiros[6] e solda-grande.[2]
Descrição
Esta espécie do género Rubia é uma planta originária das regiões mediterrânicas e temperadas do sudoeste da Europa, com distribuição natural desde a Irlanda ao norte de África, preferindo as zonas montanhosas e húmidas. Teve uma grande difusão pelo sul da Europa e pelo Médio Oriente, sendo cultivada em extensas regiões de ambas as margens do Mediterrâneo devido à sua utilização em tinturaria. A sua raiz era utilizada para fabricar pigmentos de coloração rosa e vermelha destinados à indústria têxtil. Para além disso, era considerada uma planta medicinal com uma ampla utilidade farmacológica.
R. tinctorum é um fanerófitoperenifólio que pode crescer até cerca de 1,0 m de altura, caracterizado pela presença de uma forte raiz avermelhada. O caule é ramificado, com uma característica secção tetragonal. Por vezes apresenta espinhos. As folhas apresentam de quatro a seis vértices, com um pecíolo minúsculo de 1–2 mm de comprimento.
Os frutos são carnudos, em forma de baga, negros quando maduros.
Usos
Esta planta é cultivada em terrenos húmidos, profundamente lavrados e adubados no outono. As sementes são recolhidas nos meses de Agosto e Setembro e a sementeira é feita em Março. As raízes da planta são deixadas crescer durante 18 meses. Passado este tempo, as raízes são arrancadas em Setembro e colocadas de imediato a secar à sombra. Quando secas são molhadas e reduzidas a pó num moinho. Um campo de Rubia dura 10 anos e em todo este tempo apenas se lavra uma vez ao ano.
Tinturaria
A primeira aparição do uso de corantes ocorreu no Antigo Egipto, onde apesar da maioria dos pigmentos utilizados serem inorgânicos, restos de tecidos encontrados em múmias daquela época revelam que já no ano 2500 a. C. se utilizava o vermelho de alizarina extraído de plantas do género Rubia. Durante séculos, este rubro luminoso, também conhecido como vermelho-turco ou rubia tinctorum, foi o único corante vermelho resistente à luz que se conhecia.
Um custoso e complicado processo de secagem foi usado em todas as regiões do Médio Oriente para o tingimento do algodão.
Farmacologia
A parte da planta utilizada como planta medicinal é a raiz e, ocasionalmente, as folhas. Para este fim, a raiz das plantas que tenham pelo menos 2 anos de idade são recolhidas, limpas de todas as partes verdes, cuidadosamente lavadas e deixadas a secar ao sol. A secagem também se pode realizar com um secador, desde que nunca se supere os 50 °C, condição para que as raízes mantenham a cor avermelhada e conservem os princípios activos nelas existentes.
As flores são utilizadas em infusão como antidiarreico. Em algumas regiões são consideradas como um popular afrodisíaco. Antigamente foram consideradas remédio contra a icterícia e a gota.
Apesar de todas as vantagens que se lhe apontam, a administração de extractos de Rubia pode causar alarme injustificado, já que a urina, mucosidades, suor ou leite ficam tintos de vermelho. Este efeito resulta da presença de alizarina, um dos pigmentos mais potentes de coloração vermelha.
A lucidina e a rubiadina, resultado da hidrólise do lucida-primaverósido, são altamente citotóxicas e genotóxicas. Por essas razões há que ter precaução no seu uso como antidiurético em presença de hipertensão, cardiopatias ou insuficiência renal, já que pode conduzir a uma retenção incontrolada de líquidos e à possibilidade de que se produza uma descompensação tensional.
Também há que ter em conta o conteúdo alcoólico do extracto fluido e da tintura. A planta é cancerígena e pode provocar malformações congénitas.[7][18] As raízes de R. tinctorum podem causar defeitos de nascimento e aborto em humanos quando usadas internamente.[7] Estudos em animais demonstraram que a planta é carcinogénica em ratos de laboratório.[12][13][19][20][21][22][23][24][25][25]
↑Inoue, Kaoru; Yoshida, Midori; Takahashi, Miwa; Shibutani, Makoto; Takagi, Hironori; Hirose, Masao; Nishikawa, Akiyoshi (2009). «Induction of kidney and liver cancers by the natural food additive madder color in a two-year rat carcinogenicity study». Food and Chemical Toxicology. 47 (1): 184–91. PMID19032970. doi:10.1016/j.fct.2008.10.031
↑ abYokohira, M.; Yamakawa, K.; Hosokawa, K.; Matsuda, Y.; Kuno, T.; Saoo, K.; Imaida, K. (2008). «Promotion Potential of Madder Color in a Medium-Term Multi-Organ Carcinogenesis Bioassay Model in F344 Rats». Journal of Food Science. 73 (3): T26–32. PMID18387132. doi:10.1111/j.1750-3841.2008.00685.x
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↑Westendorf, J; Pfau, W; Schulte, A (1998). «Carcinogenicity and DNA adduct formation observed in ACI rats after long-term treatment with madder root, Rubia tinctorum L». Carcinogenesis. 19 (12): 2163–8. PMID9886573. doi:10.1093/carcin/19.12.2163
↑Blömeke, Brunhilde; Poginsky, Barbara; Schmutte, Christoph; Marquardt, Hildegard; Westendorf, Johannes (1992). «Formation of genotoxic metabolites from anthraquinone glycosides, present in Rubia tinctorum L». Mutation Research/Fundamental and Molecular Mechanisms of Mutagenesis. 265 (2). 263 páginas. doi:10.1016/0027-5107(92)90055-7
↑ abInoue, Kaoru; Yoshida, Midori; Takahashi, Miwa; Fujimoto, Hitoshi; Shibutani, Makoto; Hirose, Masao; Nishikawa, Akiyoshi (2009). «Carcinogenic potential of alizarin and rubiadin, components of madder color, in a rat medium-term multi-organ bioassay». Cancer Science. 100 (12): 2261–7. PMID19793347. doi:10.1111/j.1349-7006.2009.01342.x
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