Roberto III da Flandres (1249 – 17 de setembro de 1322), também chamado Roberto de Béthune e com o cognome Leão da Flandres ("De Leeuw van Vlaanderen"), foi conde de Nevers entre 1273 e 1322 e conde da Flandres entre 1305 e 1322.
História
Roberto foi o filho mais velho de Guido de Dampierre[1] no seu primeiro casamento com Matilde de Béthune. O seu pai basicamente transferiu-lhe o reino da Flandres em novembro de 1299, durante a guerra com Filipe IV da França. Tanto o pai como o filho foram feitos reféns em maio de 1300, e Roberto só seria libertado em 1305.
Roberto de Béthune ganhou fama militar na Itália, onde combateu juntamente como sogro Carlos I da Sicília (1265–1268) contra os últimos Hohenstaufen, Manfredo e Conradino. Junto com o seu pai interveio em 1270 na Oitava Cruzada, liderada por Luís IX da França. Depois do regresso da Cruzada continuou a ser uma ajuda leal ao pai, tanto política como militarmente, na luta contra as tentativas do rei francês Filipe IV, o Belo para adicionar a Flandres às Terras da Coroa da França.
Guido de Dampierre rompeu todos os laços feudais com o rei francês em 20 de janeiro de 1297, principalmente por influência sua. Quando a resistência parecia desesperada, Roberto deixou que o tomassem prisioneiro, junto com seu pai e irmão Guilherme de Crèvecoeur, e foram levados ao rei francês em maio de 1300. Pouco antes disso tinha-se tornado no governante de facto da Flandres. Foi encerrado no castelo de Chinon. Contra a crença popular, e do romântico retrato que fez dele Hendrik Conscience na sua novela sobre estes acontecimentos (O leão da Flandres), não interveio na batalha de Courtrai.[2]
Em julho de 1305, depois de o seu pai ter morrido em cativeiro, foi-lhe permitido voltar ao seu condado. A execução do Tratado de Athis-sur-Orge marcaria o governo do conde Roberto. No princípio conseguiu certo êxito em que tanto o campo como as cidades cumprissem os seus deveres. Porém, em abril de 1310 começou a resistir radicalmente aos franceses, com o apoio dos seus súbditos e da sua família. Tanto diplomática como militarmente conseguiu resistir ao rei francês. Quando foi para Lille em 1319 a milícia de Gant recusou cruzar o Leie com ele. Quando o seu neto Luís I de Nevers também o pressionou, Roberto abandonou a batalha e partiu para Paris em 1320 para restaurar os laços feudais com o rei francês.
Mesmo depois disso ampliaria o cumprimento do tratado de Athis-sur-Orge. Roberto morreu em 1322 e foi sucedido pelo seu neto Luís, conde de Nevers e Rethel.
Foi enterrado na Flandres, na Catedral de São Martinho de Ypres, tal como foi seu desejo explícito de ser sepultado em solo flamengo. Só se permitiu trasladar o seu corpo para a abadia de Flines (perto de Douai) quando Lille e Douai foram de novo integradas no condado da Flandres. A sua primeira mulher e o seu pai também foram sepultados nesta abadia.
Família
Roberto casou duas vezes. A sua primeira mulher foi Branca (f. em 1269),[1] filha de Carlos I da Sicília e Beatriz da Provença, em 1265. Tiveram um filho, Carlos, que morreu jovem.
A sua segunda mulher foi Iolanda II, condessa de Nevers (f. 11 de junho de 1280),[1] filha de Otão, conde de Nevers, c. 1271. Tiveram cinco filhos:
- Luís I (n. 1272, f. 24 de julho de 1322, Paris), conde de Nevers, casado em dezembro de 1290 com Joana, condessa de Rethel (f. depois de 12 de março de 1328). O seu filho foi Luís I da Flandres.
- Roberto (f. 1331), conde de Marle, casado c. 1323 com Joana da Bretanha (1296-24 de março de 1363), senhora de Nogent-le-Rotrou, filha do duque Artur II da Bretanha. Os seus filhos foram João, senhor de Cassel (f. 1332) e Iolanda (1331–1395), casada com Henrique IV de Bar.
- Juana (f. 15 de outubro de 1333), casada em 1288 com Enguerrando IV, senhor de Coucy (f. 1310), visconde de Meaux.[3]
- Iolanda (f. 1313), casada até 1287 com Guálter II de Enghien (f. 1309).
- Matilde, casada até 1314 com Mateus da Lorena (f. c. 1330), senhor de Warsberg.
Honrarias
Referências
- ↑ a b c Randall Fegley, The Golden Spurs of Kortrijk: How the Knights of France Fell to the Foot Soldiers of Flanders in 1302, (McFarland & Co., 2002), 104.
- ↑ J.F. Verbruggen, editado por Keely Devries, traducido al inglés por D.R. Ferguson, The Battle of the Golden Spurs, pág. 19, 2002, ISBN 0-85115-888-9.
- ↑ Heraldry and Identity in the Psalter-Hours of Jeanne of Flanders (Manchester, John Rylands Library, MS LAT. 117), Richard A. Leson, Studies in Iconography, Vol. 32 (2011), 155.
Ligações externas