Resistividade elétrica (também resistência elétrica específica) é uma medida da oposição de um material ao fluxo de corrente elétrica. Quanto mais baixa for a resistividade, mais facilmente o material permite a passagem de uma carga eléctrica. A sua unidade no SI é o ohm-metro (Ωm).
Definições
A resistência eléctrica R de um dispositivo está relacionada com a resistividade ρ de um material de acordo com a expressão:
Em que:
ρ é a resistividade eléctrica (em ohm-metros, Ωm);
R é a resistência elétrica de um espécime uniforme do material (em ohms, Ω);
é o comprimento do espécime (medido em metros);
A é a área da seção do espécime (em metros quadrados, m²).
É importante salientar que essa relação não é geral e vale apenas para materiais uniformes e isotrópicos, com seções transversais também uniformes. De toda forma, os fios condutores normalmente utilizados apresentam estas duas características.
A resistividade elétrica pode ainda ser definida como:
Em que:
E é a magnitude do campo eléctrico (em volts por metro, V/m);
J é a magnitude da densidade de corrente (em amperes por metro quadrado, A/m²).
Finalmente, a resistividade pode também ser definida como sendo o inverso da condutividade eléctrica σ do material, ou
Dependência da temperatura
Uma vez que é dependente da temperatura, a resistência específica geralmente é apresentada para temperatura de 20 °C. No caso dos metais, aumenta à medida que aumenta a temperatura, enquanto que nos semicondutores, diminui à medida que a temperatura aumenta.
Resistividade dos materiais condutores
A resistência de um condutor deve-se às colisões entre as cargas de condução
e os átomos ou iões. As cargas de condução são aceleradas pela força eletrostática, mas
devido às colisões acabam por atingir uma velocidade média constante.
A resistência é determinada pela relação que existir entre a velocidade média atingida e a diferença de potencial (por unidade de comprimento) que produz o movimento.
Os fatores que determinam o valor da resistência são a natureza do material, o tamanho do condutor e a temperatura.
Para estudar a influência do tamanho do condutor, consideremos dois cilindros idênticos,
de comprimento L e área transversal A, cada um com resistência R, ligados em série ou em paralelo.
No primeiro caso, é como se tivéssemos um único cilindro de comprimento 2L. Dessa forma, se a
corrente for I, a diferença de potencial será RI + RI. Nomeadamente, a resistência do sistema é 2R. Assim, como ao duplicar o comprimento duplica-se a resistência, ela é
diretamente proporcional ao comprimento do condutor.
No segundo caso, é como se tivéssemos um único condutor de comprimento L e área
transversal 2A. Nesse caso, se a diferença de potencial em cada um dos cilindros for , a corrente em cada cilindro será e a corrente total será , que corresponde à corrente num sistema com resistência R=2. Assim, como duplicando a área transversal, a resistência diminui à metade, tem-se que a resistência é inversamente proporcional à área da seção transversal.
Por isso, a resistência de um condutor com comprimento L e área transversal A é:
onde a constante de proporcionalidade é a resitividade do material.
Nos condutores ôhmicos, quando a temperatura não estiver perto do zero absoluto (-273,15 °C, ou 0 K), a resistência aumenta com a temperatura de forma quase linear.[1]
A expressão empírica para a resistência de um condutor, em função da temperatura, é:
Na qual:
é a resistência a 20 °C;
é o coeficiente de temperatura;
e é a temperatura em graus Celsius.
O coeficiente de temperatura é o mesmo para todos os condutores feitos do mesmo material; cada material tem um coeficiente de temperatura próprio que é medido experimentalmente.
Observe-se que o declive da reta na figura acima é o produto consequentemente, apesar de o declive ser quase constante, o valor da constante depende da temperatura.[1]
Exemplos de resistividades
O melhor condutor elétrico conhecido (a temperatura ambiente) é a prata. Este metal, no entanto, é excessivamente caro para o uso em larga escala. O cobre vem em segundo lugar na lista dos melhores condutores, sendo amplamente usado na confecção de fios e cabos condutores. Logo após o cobre, encontramos o ouro que, embora não seja tão bom condutor como os anteriores, devido à sua alta estabilidade química (metal nobre) praticamente não oxida e resiste a ataques de diversos agentes químicos, sendo assim empregado para banhar contatos elétricos. O alumínio, em quarto lugar, é três vezes mais leve que o cobre, característica vantajosa para a instalação de cabos em linhas de longa distância. Abaixo apresentam-se alguns materiais e suas respectivas resistividades em Ωm:
Material |
Resistividade (Ωm) a 20 °C |
Coeficiente* |
Fonte
|
Prata |
1,59×10−8 |
0,0038 |
[2][3]
|
Cobre |
1,72×10−8 |
0,0039 |
[3]
|
Ouro |
2,44×10−8 |
0,0034 |
[2]
|
Alumínio |
2,92×10−8 |
0,0039 |
[2]
|
Tungstênio |
5,60×10−8 |
0,0045 |
[2]
|
Niquel |
6,99×10−8 |
? |
|
Latão |
8,0×10−8 |
0,0015 |
|
Ferro |
1,0×10−7 |
0,005 |
[2]
|
Estanho |
1,09×10−7 |
0,0045 |
|
Platina |
1,1×10−7 |
0,00392 |
[2]
|
Chumbo |
2,2×10−7 |
0,0039 |
[2]
|
Manganin |
4,82×10−7 |
0,000002 |
[4]
|
Constantan |
4,9×10−7 |
0,00001 |
[4]
|
Mercúrio |
9,8×10−7 |
0,0009 |
[4]
|
Nicromo[5] |
1,10×10−6 |
0,0004 |
[2]
|
Carbono[6] |
3,5×10−5 |
-0,0005 |
[2]
|
Germânio[6] |
4,6×10−1 |
-0,048 |
[2][3]
|
Silício[6] |
6,40×102 |
-0,075 |
[2]
|
Vidro |
1,0×1010 a 1,0×1014 |
? |
[2][3]
|
Ebonite |
approx. 1,0×1013 |
? |
[2]
|
Enxofre |
1,0×1015 |
? |
[2]
|
Parafina |
1,0×1017 |
? |
|
Quartzo (fundido) |
7,5×1017 |
? |
[2]
|
PET |
1,0×109 |
? |
[3]
|
Teflon |
1,0×1022 a 1,0×1024 |
? |
|
Para se calcular a resistência de um determinado material a partir de sua resistividade ou resistência específica utiliza-se a equação:
Resistência [Ω] = resistividade [Ωm] × comprimento [m] / área da secção transversal [m²]
Ver também
Referências