Ao todo, foram instalados oito relógios localizados em logradouros distintos. Deles, restou apenas o exemplar da Praça Antônio Prado, no centro da cidade de São Paulo, que foi tombado pelo seu valor histórico no ano de 1992.[1]
História
Demanda pela hora certa
No início do século XX, a instalação de relógios em vias públicas tinha o objetivo de fornecer a hora com precisão aos pedestres. Ainda assim, havia carência desses equipamentos, bem como diversos atrasos, que demandavam manutenção constante e atrapalhavam a população.
Os relógios públicos eram instalados em frontões de igrejas (quando públicos) ou em fachadas de estabelecimento comerciais (quando particulares) - a exemplo do conhecido relógio da Casa Hanau, antiga joalheria paulistana que teve seu equipamento instalado em 1909[2].
Os relógios de Nichile foram uma iniciativa particular desenvolvida pelo então publicitário Octávio de Nichile, que pretendia suprir esta demanda, juntamente com a ideia de vender os espaços para propaganda presentes na própria estrutura dos postes que sustentavam os relógios, uma ideia inovadora na época.[1] Os relógios foram patenteados em 1930.[3]
Segundo o antigo jornal A Gazeta, os relógios eram:
"...formados por uma escadaria de legítimo granito contornando a base de cimento armado em forma de pyramide-truncada e toda revestida de azulejos artísticos. Da base eleva-se uma imponente coluna de ferro fundido em estilo jônico. Ao alto da coluna existe um quadrilátero fechado por vidro fosco pintado à fogo..."[4]
Nas caixas de vidro fosco eram inseridos anúncios e lâmpadas elétricas, que também contribuíam para iluminação pública.[3]
Os relógios começaram a ser implantados em 1930, sendo o último em 1935. Alguns substituíam relógios da própria prefeitura.
Desmonte do relógio de Santos
O relógio de Santos foi instalado em 1936 na praia do Gonzaga, em frente ao Atlântico Hotel, em local já reconhecidamente turístico na ocasião. A inauguração foi realizada com a presença do prefeito e da banda musical do Corpo de Bombeiros, sendo no mesmo dia e local inaugurada a Fonte Luminosa da cidade.[5]
O relógio de Nichile, entretanto, não apresentou bom funcionamento e foi desinstalado após apenas dois anos, em torno de 1940[6].
Segundo o relojoeiro responsável por sua manutenção, o suiço Louis Krahenbuhl em entrevista para o jornal Cidade de Santos relata que não havia cobertura dos mostradores, e a água das chuvas empoçava na coluna e nas caixas de vidro. Com o calor, a água evaporava dentro das caixas, impedindo o funcionamento do relógio. Foram instaladas lâmpadas dentro da coluna para estimular a evaporação da água, mas o pagamento da luz ficou a cargo da empresa de Octávio de Nichile e a luz foi cortada. Como os problemas permaneceram, optou-se pelo desmonte do relógio.[6]
Preservação como patrimônio histórico
O único exemplar existente está situado na Praça Antônio Prado. Foi inaugurado em 5 de abril de 1935[7] e, desde a morte de Octávio de Nichile no ano de 1986, sua manutenção ficou sob os cuidados de seus filhos.[8]
Localização
Dos oito relógios instalados, apenas um deles encontra-se preservado. O quadro seguinte indica as principais informações dos relógios de Nichile.
↑«Os novos relogios públicos». Hemeroteca Digital Brasileira. A Gazeta (n.07465): p.2. 30 de dezembro de 1930. Consultado em 21 de dezembro de 2023 !CS1 manut: Texto extra (link)
↑ ab«Relogio publico "De Michele"». Hemeroteca Digital Brasileira. Correio Paulistano (n.24636): p.9. 10 de julho de 1936. Consultado em 21 de dezembro de 2023 !CS1 manut: Texto extra (link)
↑ abMateus, Nilson Tuna (5 de novembro de 1969). «Os relogios públicos estão desaparecendo». Hemeroteca Digital Brasileira. Cidade de Santos (n.815): p.7. Consultado em 21 de dezembro de 2023 !CS1 manut: Texto extra (link)
↑«Inaugura-se hoje o 5.o relógio Nichile». Hemeroteca Digital Brasileira. Correio de São Paulo (n.810): p.3. 24 de janeiro de 1935. Consultado em 21 de dezembro de 2023 !CS1 manut: Texto extra (link)