A Zona Sudeste da Grande São Paulo, mais conhecida como ABC Paulista, Região do Grande ABC, ABC,ABCD ou ainda ABCDMRR[2] é uma região tradicionalmente industrial do estado de São Paulo, parte da Região Metropolitana de São Paulo,[3] porém com identidade própria. A sigla vem das três cidades que, originalmente, formavam a região em um único município, sendo: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C). Às vezes, Diadema[4] (D) é incluída na sigla.
A sigla foi dada em ordem alfabética no ato de suas fundações, devido à influência da religião católica na região, fato este que deu a origem da sigla "ABC" Paulista, a região dos três santos de São Paulo. É relativamente comum encontrar também ABCDMRR que também inclui, além de Diadema, os municípios de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.[5]
Aspectos gerais
Apesar de não contribuírem à sigla original, também fazem parte da região Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra (pois eram extensão do município de Santo André, antes da divisão) e Diadema. A Represa Billings banha 6 dos 7 municípios da região, exceto São Caetano do Sul. Os 7 municípios somados perfazem uma área de 825 km², e reúnem uma população de mais de 2,5 milhões de habitantes (estimativa do IBGE para 2007).[6]
São Caetano do Sul é o município com menor área territorial do Grande ABC, com 15,3 km²; a menor população residente é a de Rio Grande da Serra (42 405 habitantes em 2007). São Bernardo do Campo possui a maior população residente (781 390 habitantes em 2007) e também a maior área (406 km², quase a metade de toda a região).
A história da região do ABC Paulista começa com sua ocupação pelos indígenas e pelos portugueses que, liderados por Martim Afonso de Sousa e João Ramalho, fundaram em 1553 a vila de Santo André da Borda do Campo, de onde se iniciou a ocupação de todo o planalto paulista e que daria origem, no ano seguinte, à vila de São Paulo de Piratininga, a atual cidade de São Paulo. Passados alguns anos a vila de Santo André foi extinta, e os habitantes transferidos para São Paulo.
Em 1717 surge a fazenda São Bernardo, de monges beneditinos, na mesma região da antiga vila de Santo André da Borda do Campo. Um século depois é fundada a freguesia de São Bernardo e, em 1889, a região é transformada em município. No século XX, movimentos emancipacionistas conseguem a divisão da cidade de São Bernardo, surgindo os atuais sete municípios do Grande ABC.
São Bernardo do Campo conta com a maior população estimada do ABC (833.240 habitantes, de acordo com as estimativas de 2018 do IBGE)[1]. Na cidade está localizada mais de 70% da represa Billings, e parques cincundantes à represa, como o do Estoril, localizado nas imediações do Riacho Grande, com acesso pela Rodovia Caminho do Mar.
Com a Lei Complementar nº 1.139, de 16 de junho de 2011[7], aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, e, consequentemente, com o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana de São Paulo (PDUI), os municípios da Região Metropolitana de São Paulo também passaram a ser zoneadas de acordo com as sub-regiões da capital. Desta forma os municípios da região, juntamente com os bairros da Zona Sudeste do município de São Paulo passam a formar a Zona Sudeste da Grande São Paulo.[8]
Indústria e Sindicatos
A região conhecida como ABC Paulista, que a partir do século XX já representa o maior bairro industrial da grande São Paulo, ganhou prestígio no cenário nacional desde os anos 1950, período de considerável expansão industrial no Brasil e da instalação das montadoras de automóveis na região.[9]
O ABC é marcado historicamente por ser o primeiro centro da indústria automobilística brasileira. A região é sede de diversas montadoras, como Mercedes-Benz, Ford, Volkswagen e General Motors, entre outras. No entanto, o setor de serviços também vem crescendo significativamente. Por exemplo, a base das operações, atualmente encerradas, da America Online, no Brasil, ficava em Santo André.
A presença de indústrias desse porte fez com que a região fosse o berço do movimento sindical contemporâneo no Brasil. As greves dos operários foram fortes no final da década de 1970, o que resultaria na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no início da década seguinte.
Esta força sindical concentrada em uma só região (do ABC) tomou dimensões gigantescas e, mesmo com seu caráter importante para defender os trabalhadores brasileiros, também teve uma contribuição negativa; considerando que muitas plantas de grandes indústrias deixaram de se instalar ou migraram a outras regiões do país. São exemplos: a FIAT em Minas Gerais e a Ford, dentre outras, e toda a rede de fornecedores que abastecem estas megaindústrias.
Todo este caráter político-social também se refletiu nas artes e cultura da região, principalmente no teatro. Grupos e espetáculos foram criados nesta época, refletindo bem sua realidade. Esta crescente manifestação cultural acabou germinando em grupos de teatro que ainda hoje são atuantes.