Cornélio Públio Caio Regaliano (em latim: Cornelius Publius Gaius Regalianus), melhor conhecido apenas como Regaliano e citado como Regiliano por Sexto Aurélio Vítor e Trebeliano por Eutrópio, foi um oficial e então usurpador do século III contra o imperadorGaliano(r. 253–268), um dos Trinta Tiranos da História Augusta. De origem dácia, serviu no exército sob Valeriano, mas em 260, logo depois da derrota do usurpador Ingênuo, também se rebelou. A História Augusta afirma que sua revolta ocorreu imediatamente após a revolta de Ingênuo, com os sobreviventes da recém-debelada revolta se reunindo em torno de Regaliano para continuar o projeto. A revolta, no entanto, foi debelada por um complô arquitetado pelos próprios provinciais sujeitos a ele e os sármatasroxolanos.
Nome
Esse oficial aparece na documentação sob os nomes Cornélio Públio Caio Regaliano, Regiliano (segundo Aurélio Victor) e Trebeliano (segundo Eutrópio). Segundo os historiadores modernos, seu nome provavelmente era Regaliano, como é atestável por suas moedas, e tanto Regiliano como Trebeliano são meros equívocos, o primeiro apenas um erro ortográfico, e o segundo uma confusão entre ele (uma personagem histórica) e Trebeliano (outro suposto tirano, hoje considerado como fictício).[1]
Vida
Regaliano é conhecido sobretudo a partir do relato da História Augusta, cuja fiabilidade é constantemente questionada pela literatura moderna. Se removidas as certezas espúrias da História Augusta, pouco se sabe sobre ele na tradição literária, sobretudo porque as principais fontes narrativas (Sexto Aurélio Vítor e Eutrópio) são sumários. A História Augusta declara que tinha uma origem na Dácia e que descendia de Decébalo(r. 87–106), o rei dácio morto nas campanhas de Trajano(r. 98–117); a historiografia descarta isso.[1] Ele provavelmente possuía estatuto senatorial, como seu suposto casamento com Sulpícia Driantila implica,[2][3] e iniciou sua carreira no exército por nomeação do imperadorValeriano(r. 253–260); a História Augusta implica que foi duque na Ilíria.[4]
Em 260, após a derrota e captura de Valeriano pelo Império Sassânida, vários usurpadores apareceram esperando conseguir depor seu coimperador Galiano(r. 253–268), um deles sendo Ingênuo na Panônia. É possível, embora não exista informação que confirme, que Regaliano foi um dos homens de Auréolo que ajudaram a abatê-lo.[2][5] A História Augusta e Aurélio Victor dizem que sobrevivos da rebelião de Ingênuo foram reunidos por Regaliano, que retomou a revolta na Panônia com apoio de legiões da Mésia.[4] Algumas anedotas sobre ele sobreviveram na História Augusta: afirma-se, por exemplo, que foi elevado ao trono por causa de seu nome ("do rei" ou "real" literalmente) e que somente após saberem disso que os soldados o aclamaram imperador.[6]
Seja como for, a literatura moderna não só rejeita a possibilidade de Regaliano estar envolvido na debelada revolta de Ingênuo, como obras mais antigas pontuaram seguindo a leitura da História Augusta, como reitera que houve um hiato entre essas usurpações. Além disso, diferente de Ingênuo, Regaliano emitiu moedas a partir de uma casa da moeda por ele instalada rapidamente em Carnunto. As moedas são encontradas sobretudo em torno de Carnunto e Vindobona, no Danúbio Superior, indicando que a revolta não teve muito alcance geográfico, nem deve ter durado muito; John Bray sugeriu uma duração de aproximados seis meses.[7]
Sua revolta coincide com a partida de Galiano à Itália para lidar com uma invasão dos alamanos, o que deixou um vácuo de poder nas províncias do Danúbio num momento de forte pressão germânica. Para reforçar sua posição, Driantila foi elevada a augusta e moedas foram cunhadas. A História Augusta afirma que ele não foi derrotado por Galiano, mas por um complô de seus súditos e os sármatasroxolanos, depois de sua breve luta com eles. Segundo William Leadbetter, Regaliano prestou um valioso serviço a Galiano ao fornecer foco de oposição às tribos invasoras, dando tempo ao imperador para que se concentrasse na ameaça alamana imediata. Porém, ao fazê-lo, desagradou os provinciais que perceberam que estava colocando sua segurança em risco e decidiram matá-lo.[1]
Numismática
Os antoninianos (denários duplos) cunhados por Regaliano foram produzidos com matrizes de qualidade muito baixa e são sobretudo denários duplos e denários retirados de circulação de imperadores como Sétimo Severo(r. 193–211), Alexandre Severo(r. 222–235) e Maximino Trácio(r. 235–238).[1]
Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1971). «Ingenuus 1». The prosopography of the later Roman Empire - Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University PressA referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)