Filho de Bernardino da Silva Solnado (Vila de Rei, Fundada, 1902 - 1964) e de sua mulher Virgínia Augusta de Almeida (Fornos de Algodres, Maceira, c. 1905 - Lisboa, Santa Isabel, 19 de outubro de 1929), neto paterno de Joaquim da Silva Solnado e de sua mulher Maria Nunes Cardiga, e neto materno de José Augusto de Almeida e de sua mulher Silvina da Conceição.
Unanimemente reconhecido como um dos maiores nomes do humor português, começou a fazer teatro na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (1947), profissionalizando-se em 1952.
Na RCP apresenta 'Arco-Íris', de Francisco Mata e Jorge Alves, programa que ganhou vários prémios de Melhor Programa de Entretenimento.[2]Arco-Íris era apresentado conjuntamente com nomes como Maria Leonor, Isabel Wolmar e Fernando Pessa.[2]
Em 1953 estreia-se no teatro de revista com "Viva O Luxo", apresentado no Teatro Monumental. Entra também em "Ela não Gostava do Patrão".
1956 é o ano de "Três Rapazes e Uma Rapariga" no Teatro Avenida. Participa ainda nos filmes "O Noivo das Caldas" e "Perdeu-se um Marido".
No ano de 1958 participou nos filmes "Sangue Toureiro" e "O Tarzan do Quinto Esquerdo". Desloca-se pela primeira vez ao Brasil em 1958.
Em 1960 torna-se primeiro ator na peça "A Tia de Charley" apresentada no Teatro Monumental. Participa no filme "As Pupilas do Senhor Reitor" (Prémio S.N.I.). Na temporada de 1960/61, tornou-se empresário, tendo explorado o cine-teatro Capitólio. Foi nessa época que surgiu a primeira revista do Capitólio, intitulada 'A Vida é Bela', na qual, além de Solnado, entravam Humberto Madeira, Carlos Coelho e Milu.[3]
"A Guerra de 1908", um sketch do espanhol Miguel Gila, adaptado para português por Solnado, é interpretado na revista "Bate o Pé", estreada no Teatro Maria Vitória em outubro de 1961. Entra também no filme "Sexta-feira, 13".
O disco que reunia "A Guerra de 1908" e "A História da Minha Vida", editado em abril de 1962, bateu todos os recordes de vendas de discos.
Após 1963, faz teleteatro no Brasil, onde apresentou-se em programas das TVs Record e Excelsior, e na RTP. "Vamos Contar Mentiras" é o grande espetáculo do ano de 1963. Torna-se em 1964 fundador e empresário do Teatro Villaret. A estreia foi em 1965 com "O Impostor-Geral" onde foi o protagonista.
Em maio de 1966 foi lançado o EP "Chamada Para Washington".
O EP "Cabeleireiro de Senhoras" foi lançado em Dezembro de 1968. Em janeiro de 1969 foi editada a compilação "O Irresistível Raul Solnado" que incluía alguns dos principais êxitos editados anteriormente em EP (História do Meu Suicídio, Chamada para Washington, O Bombeiro Voluntário, A Guerra de 1908, O Cabeleireiro de Senhoras, História da Minha Vida).
No dia 24 de maio de 1969 foi gravado o primeiro programa do "Zip-Zip", no Teatro Villaret. A última emissão foi no dia 29 de dezembro do mesmo ano. O programa da autoria de Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz foi um dos marcos desse ano.
Em dezembro de 1969 é o protagonista de "O Vison Voador".
A peça "O Tartufo de Moliére" é estreada em janeiro de 1972. Ainda em 1972 participa na revista "Prá Frente Lisboa". A canção "Malmequer" tornou-se um grande êxito popular.
Em 1974, fez quadros humorísticos de sucesso no programa Fantástico, da brasileira Rede Globo.[4]
O single "Dá O Cavaquinho, Os Ferrinhos e a Pandeireta" de 1978 inclui dois temas de Luiz Miguel d'Oliveira: "É Tão Bom Sabe tão Bem" e "Viste O Lino?".
Raul Solnado pertencia ao Grande Oriente Lusitano (GOL) desde meados da década de 1980, embora depois não tivesse sido muito ativo.[5]
Em 1995 fez "O Avarento", de Molière, no Teatro Cinearte, encenado por Helder Costa. Nesse editado a compilação "Best Seller dos Discos".
Em março de 2000 realizou-se em Tondela uma homenagem, organizada pelo grupo Trigo Limpo ACERT, que foi acompanhada por uma exposição biográfica sobre o ator, baseada no livro de Leonor Xavier, "Raul Solnado - A Vida Não Se Perdeu".
Em 2001 voltou aos palcos do teatro com um papel de grande relevo na peça "O Magnífico Reitor" de Freitas do Amaral. Recebe o Prémio Carreira Luís Vaz de Camões.
A compilação "Tá Laáa…? O Melhor de Raul Solnado - volume 2" inclui o inédito "O Paizinho do Ladrão", "A História do Meu Suicídio" e ainda gravações "No Zip-Zip", "No Teatro" e "Nas Cantigas". Além de "Fado Maravilhas" e de "Malmequer" inclui duas novas gravações: "Eu Já Lá Vou" e "Haja Descanso (Viva o Chouriço)".
Foi, até à sua morte, diretor da Casa do Artista, sociedade de apoio aos artistas, que fundou juntamente com Armando Cortez, entre outros.
Morreu no dia 8 de agosto de 2009, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vítima de doença cardiovascular, e os seus restos mortais descansam no Cemitério dos Prazeres. Será para sempre um ícone do povo português e de Portugal.[7]
Após a sua morte, o Grande Oriente Lusitano reconheceu-o como maçom na sua página institucional, informando que Solnado “há muito tempo não partilhava os valores” daquela organização.[8]
Casou a 15 de março de 1958 com Joselita Alvarenga (Cambuquira, Minas Gerais, 4 de dezembro de 1934 — Lisboa, 27 de março de 2020),[9] de quem se divorciou a 30 de maio de 1980. Era pai de José Renato Alvarenga Solnado (Lisboa, São Sebastião da Pedreira, 2 de dezembro de 1959), de Alexandra Solnado e do cantor Mikkel Solnado (1975, filho de Anne-Louise Schmidt), além de avô da atriz Joana Solnado.
Discografia
Álbuns
O Riso é... Solnado (LP, Odeon, 1964)
O Irresistível (LP, Parlophone, 1969)
Volume 2 (LP, Parlophone, 1973)
O Raul Solnado Conta Histórias Para Nós (LP, Polygram)
Uma Visita de Natal (LP, Orfeu)
Humor
Isto É Que me Doí (2LP, EMI, 1977)
Best-Seller dos Discos (CD, EMI, 1995)
A Guerra de 1908 - Colecção Caravela (CD, EMI, 1996)
Solnado ao Vivo no Zip (CD, Strauss, 1999)
Tá Laáa...? (CD, EMI, 2004)
Singles e EPs
Soldado Que Vais P'rá Guerra [Guerra de 1908/História da Minha Vida (EP, Parlophone, 1962) 1133
Ida Ao Médico/A Selva E Os Seus Leopoldos (EP, Parlophone, 1962) 1143
É do Inimigo?/Concerto de Violino (EP, Parlophone, 1963) 1150
A Bombeiral da Moda [O Bombeiro Voluntário/É da Maternidade] (EP, Parlophone, 1964) 1184
O Impostor-Geral ()
Chamada Para Washington/O Repuxo (EP, Parlophone, 1966) 1237
O Pinguinhas (1ª e 2ª parte) (EP, Parlophone, 1967) 1305
O Cabeleireiro de Senhoras/A História do Meu Suicídio (EP, Parlophone, 1968) 1344
↑«Certidão de lista de associadas da Audiogest»(PDF). IGAC/Ministério da Cultura. 25 de julho de 2007. Número 23 na lista de associados. Consultado em 18 de Novembro de 2024. Arquivado do original(pdf) em 24 de dezembro de 2013
↑ abDIAS, Patrícia Costa (2011). A Vida com um Sorriso - Histórias, experiências, gargalhadas, reflexões de Isabel Wolmar. Lisboa: Ésquilo. p. 41-43. ISBN978-989-8092-97-7. OCLC758100535