Edgard Roquette-Pinto, fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, planejou em 1933 o lançamento de uma segunda emissora de rádio, convocando Anísio Teixeira a apoiar o projeto. Em 6 de janeiro de 1934, fundou a Rádio Escola Municipal do Distrito Federal, emissora de caráter estritamente educacional atuando nos vários níveis de ensino.[1] Em 1946 a Rádio Escola foi doada ao município e passou a se denominar Rádio Roquette Pinto, homenageando seu fundador e idealizador, que idoso e enfermo, não concordava com a homenagem. Mesmo assim o prefeito Henrique Dodsworth, à revelia, deu o nome de Roquette Pinto, ainda em vida, à emissora.[2]
Em 1960, com a transferência da capital federal para Brasília e a transformação da prefeitura do então Distrito Federal em estado, a emissora passa a ser de propriedade do Governo do Estado da Guanabara. Em 1975, com a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro passa a ser de propriedade do governo fluminense.[3]
Até 1975, a programação da rádio era considerada não-comercial e contava com atrações de debates e entrevistas, mas passou a contar com intervalos comerciais pagos em 1975, gerando diversas reclamações de ouvintes. Em resposta, o diretor-presidente Júlio Medaglia enviou carta ao Jornal do Brasil descrevendo a situação da emissora, afirmando que a emissora encontrava-se "em condições técnicas sofríveis, estando o sinal de emissão deficiente, os estúdios tecnológica e operacionalmente ultrapassados, e sem condições de garantir uma programação produtiva". Ainda segundo a carta, o numeroso quadro produtivo apresentava-se "parcialmente incapaz e totalmente desestimulado para a atividade criativa" e sua programação era apenas musical, "sem qualquer critério artístico ou cultural estruturado". Ele rebateu os boatos de que a emissora iria se transformar numa rádio comercial e justificou as inserções comerciais como forma de revitalizar a emissora.[4] Em 28 de janeiro de 1976, a Rádio Roquette Pinto iniciou um plano de restauração total e modernização, com duração de 3 anos. Isso incluiu desde aumento de potência, saindo de 1 kW para 10 kW, até atualização da discoteca a partir da compra de novos títulos.[5]
Posteriormente, passou a ser alvo de críticas por ser usada como instrumento político, durante os mandatos de Leonel Brizola e Moreira Franco.[3] Moreira chegou a afirmar durante a sua campanha que iria acabar com a emissora e estudaria uma forma transferi-la para a iniciativa privada. Ao assumir o governo em 1987, anunciou que iria transformar a emissora "em um veículo dinâmico, ágil".[6] Também passou a apresentar um programa chamado Bom Dia Governador.[7]
Em 1991, a Rádio Roquette Pinto se apresentava em estado de abandono, conforme mostrou reportagem publicada no Jornal do Brasil em 13 de março. A emissora estava sucateada e, apesar de possuir 104 funcionários entre repórteres e redatores, não conseguia colocar no ar produções jornalísticas por falta de equipamento adequado.[8] A direção responsabilizou os funcionários por desmotivação, que em resposta, afirmaram que o estado de abandono foi causado por "má administração e politicagem".[9]
No final de 1994, ladrões roubaram os transmissores da rádio, instaladas numa região conhecida como Favela Roquete Pinto, próximo ao complexo da Maré.[3][10][11] Antes do ocorrido, a região já enfrentava conflito entre polícia e traficantes do Comando Vermelho que dominavam a área. Em 1993, chegaram a construir um muro que barrava a entrada na favela e o acesso aos transmissores da rádio.[12] A Roquette Pinto ficou fora do ar até 2002. Neste ano, a Rádio Roquette Pinto adquiriu novos transmissores e voltou ao ar no dia 3 de junho de 2002, com uma programação apenas musical, com samba autêntico, acrescida com vinhetas de artistas agradecendo a volta da rádio sem programas falados. Este retorno foi promovido a partir de um mutirão formado pela então governadora Benedita da Silva, os sindicatos dos Radialistas e dos Artistas e Rádio do Rio de Janeiro, que cederam torre e terreno para instalação dos transmissores.[13] Com a posse de Rosinha Garotinho em 2003, a programação da AM foi unificada com a FM, tanto com transmissão simultânea ou com a AM transmitindo somente músicas até ser desativada em definitivo. Carmem Lucia Roquette Pinto, filha de Roquette Pinto, e a diretora da FM, Eliana Caruso, tentaram retornar com a emissora, sem sucesso.[3]