Bela Aliança Popular
A Bela Aliança Popular (BAP) é uma iniciativa lançada por Jean-Christophe Cambadélis, primeiro-secretário do Partido Socialista (PS), com o objetivo de criar uma federação unificada de esquerda envolvendo todos os partidos e forças políticas progressistas em um processo de primárias presidenciais abertas, no qual todos os eleitores franceses poderiam votar, independentemente de filiação partidária.[1] Sua criação foi anunciada no dia 13 de abril de 2016.[2]
No momento do lançamento da BAP, ainda existiam especulações sobre uma possível candidatura à reeleição do presidente François Hollande. Nesse contexto, as críticas de diversos partidos à possível presença do chefe de Estado nas primárias, somadas a insatisfações com a forma como o PS conduziu o processo de prévias, levaram diversos atores políticos a recusar a participar das mesmas, virtualmente restringindo sua amplidão. Ao longo de 2016, grupos políticos que chegaram a afirmar a necessidade de primárias unificadas da esquerda, como o Partido de Esquerda (PG), o Partido Comunista Francês (PCF) e os ecologistas (EELV), assim como o pré-candidato independente Emmanuel Macron, anunciaram que não integrariam a Bela Aliança Popular.[3]
Diante da divisão da esquerda e de um índice baixo de aprovação, o presidente François Hollande declarou não se apresentar à reeleição em 1º de dezembro de 2016, primeiro dia de inscrição das primárias de seu campo político.[4] Na ocasião, Hollande afirmou que sua candidatura não seria capaz de reunir os setores progressistas, favorecendo a vitória do conservadorismo ou do extremismo de direita.[4]
Sete candidatos se inscreveram nas primárias da BAP. Entre os candidatos socialistas figurava o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, que oficializou sua campanha e se afastou do governo em 5 de dezembro de 2016.[5][6] Entre os outros candidatos estavam os socialistas Arnaud Montebourg, antigo ministro da Economia, e dois antigos ministros da Educação, Vincent Peillon e Benoît Hamon. Os três exerceram suas funções a presidência de François Hollande, mas tornaram-se críticos do que julgam ter sido um abandono dos valores progressistas pelo governo.[7][8]
Houve três candidatos fora dos quadros socialistas: François de Rugy, do pequeno Partido Ecologista, Jean-Luc Bennahmias, do grupo Frente Democrática, e Sylvia Pinel, antiga ministra da Habitação de François Hollande, do Partido Radical de Esquerda (PRG). Membro fundador da Bela Aliança Popular, o PRG chegou a acusar o PS de monopolizar a iniciativa e utilizá-la para sobreviver politicamente, chegando a abandonar a aliança em junho de 2016 e oficializando a candidatura própria à presidência em 26 de novembro de 2016.[9][10] Em 14 de dezembro de 2016, contudo, o PRG declarou que reintegraria a BAP, participando do processo de primárias.[11]
O primeiro turno das primárias abertas da BAP para escolher seu candidato à presidência ocorreu no dia 22 de janeiro de 2017.[12] O segundo turno, disputado no dia 29 de janeiro de 2017, opôs Benoît Hamon a Manuel Valls, sagrando o primeiro como vencedor.[13]
Resultados
Candidatos
|
Partido
|
1º Turno
|
2º Turno
|
Votos
|
%
|
Votos
|
%
|
Benoît Hamon
|
PS
|
596 647
|
0000000000036.03
|
1 180 311
|
0000000000058.69
|
Manuel Valls
|
PS
|
521 238
|
0000000000031.48
|
830 440
|
0000000000041.31
|
Arnaud Montebourg
|
PS
|
290 070
|
0000000000017.52
|
|
Vincent Peillon
|
PS
|
112 718
|
0000000000006.81
|
François de Rugy
|
PE *¹
|
63 430
|
0000000000003.83
|
Sylvia Pinel
|
PRG
|
33 067
|
0000000000002.00
|
Jean-Luc Bennahmias
|
FD *²
|
16 869
|
0000000000001.02
|
|
Votos válidos
|
1 634 039
|
0000000000098.69
|
2 010 751
|
0000000000098.46
|
Votos brancos ou nulos
|
21 880
|
0000000000001.31
|
31 450
|
0000000000001.54
|
Votantes
|
1 655 919
|
0000000000000100
|
2 042 201
|
0000000000000100
|
*¹ PE = Partido Ecologista, em francês Parti écologiste.
*² FD = Frente Democrática, em francês Front démocrate.
O movimento Em Marcha!, lançado por Emmanuel Macron, apresentará este outro antigo ministro da Economia de François Hollande como candidato à presidência.[14] Macron já declarou que não participará de primárias abertas comuns da Bela Aliança Popular (BAP), organizada pelo Partido Socialista.[1][15]
Como em 2012, a aliança que reúne o Partido de Esquerda (PG) e o Partido Comunista Francês (PCF), antes chamada de Frente de Esquerda, apresentará o deputado europeu Jean-Luc Mélenchon como candidato a presidente. Formalmente, a candidatura de Mélenchon é constituída pelo movimento França Insubmissa, cujo objetivo é o uso das eleições presidenciais como pretexto para a defesa de uma "revolução cidadã" que instauraria uma nova Assembleia Constituinte e fundaria uma Sexta República.[16]
A participação dos comunistas nesse movimento não foi consensual dentro do PCF. A posição favorável a tal iniciativa, defendida por Pierre Laurent, secretário nacional do PCF, chegou a ser revertida pelos órgãos dirigentes da agremiação, mas foi confirmada em apertada disputa interna na qual se pronunciaram os militantes do partido.[17]
Candidata à presidência em 2012 e líder da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen será candidata do partido de direita no pleito de 2017. A agremiação não realizará prévias para a seleção de seu candidato.
O principal partido de centro-direita da França, Os Republicanos (LR), organizou primárias nos dias 20 de novembro de 2016 (primeiro turno) e 27 de novembro de 2016 (segundo turno). O processo envolveu diversos partidos identificados com a direita e o centro. Tratou-se da primeira vez em que esse campo político realizou primárias abertas, possibilitando a participação de todos os eleitores do país, independentemente da filiação partidária. Se apresentaram sete candidaturas: Alain Juppé, Bruno Le Maire, François Fillon, Jean-François Copé, Jean-Frédéric Poisson, Nathalie Kosciusko-Morizet e Nicolas Sarkozy.
Salvo Jean-Frédéric Poisson, presidente do Partido Cristão-Democrata (PCD), todos os candidatos eram filiados ao grupo Os Republicanos. Segundo as regras internas desse partido, para participar do escrutínio, os candidatos precisavam obter apoio de pelo menos duzentos e cinquenta políticos eleitos, dentre os quais ao menos vinte parlamentares, divididos em pelo menos trinta departamentos franceses.[18]
O segundo turno opôs François Fillon e Alain Juppé, sagrando o primeiro como vencedor.[19]
Resultados
Candidatos
|
Partido
|
1º Turno
|
2º Turno
|
Votos
|
%
|
Votos
|
%
|
François Fillon
|
LR
|
1 890 266
|
0000000000044.08
|
2 919 874
|
0000000000066.49
|
Alain Juppé
|
LR
|
1 224 855
|
0000000000028.56
|
1 471 898
|
0000000000033.51
|
Nicolas Sarkozy
|
LR
|
886 137
|
0000000000020.66
|
|
Nathalie Kosciusko-Morizet
|
LR
|
109 655
|
0000000000002.56
|
Bruno Le Maire
|
LR
|
102 168
|
0000000000002.38
|
Jean-Frédéric Poisson
|
PCD
|
62 346
|
0000000000001.45
|
Jean-François Copé
|
LR
|
12 787
|
0000000000000.30
|
|
Votos válidos
|
4 288 214
|
0000000000099.77
|
4 391 772
|
0000000000099.70
|
Votos brancos ou nulos
|
9 883
|
0000000000000.23
|
13 040
|
0000000000000.30
|
Votantes
|
4 298 097
|
0000000000000100
|
4 404 812
|
0000000000000100
|
* PCD = Partido Cristão-Democrata, em francês Parti chrétien-démocrate.
Referências