Ao lado da ponta do Seixas, sobre uma falésia constantemente erodida pelas ondas, assenta-se o farol do Cabo Branco, construído na era militar e cujo formato em pé de sisal (triangular) apresenta 40 metros. Dele se tem a mais bela vista da orla e do oceano Atlântico de toda região.
Etimologia
A designação da ponta provém de uma tradicional família paraibana («os Seixas») cujo patriarca possuía junto ao local uma propriedade rural.[1] Esse ancestral de origem portuguesa, de sobrenome Rodrigues Seixas, estabeleceu-se na Paraíba ainda no século XVII.[1][2][nota 2]
O sobrenome Seixas é uma variação galego-portuguesa do sobrenome Sachs, que se originou no noroeste da atual Alemanha e que significa "pessoa da Saxônia".
História
Aferição definitiva do título
No período colonial, o cabo de Santo Agostinho em Pernambuco era considerado o extremo leste do Brasil e das Américas. Mas, com a evolução da cartografia por meio do uso de novas tecnologias, a ponta do Seixas na Paraíba e a ponta de Pedras em Pernambuco passaram a disputar a categoria de ponto mais oriental do continente americano.[4] A questão só foi resolvida quando uma comissão do Ministério da Marinha julgou oportuno que de uma vez por todas esse diferendo fosse dirimido.[4] Para isso, com permissão do Diretor Geral da Navegação local, foram designados os capitães-tenentes Newton Tornaghi e Rubens Figueiroa para determinar as coordenadas geográficas daqueles pontos extremos, tirando azimutes para todas as pontas circunvizinhas de modo a apurar aquela pequena disputa.[4][nota 3]
Sendo assim, essa questão, que permaneceu esquecida por tanto tempo, foi finalmente esclarecida em 1941 pelos referidos oficiais, que determinaram com precisão as posições geográficas de ambas as pontas e estabeleceram definitivamente Seixas como o ponto mais a leste da costa continental brasileira.[4]
O historiador Horácio de Almeida, em seu livro História da Paraíba, volume 1, narra sobre a oficialização das coordenadas que deram ao acidente geográfico paraibano o título de «ponto extremo oriental do Brasil»:
«(...) No dia 5 de setembro [de 1941] foi observada em ponta de Pedras e no dia 12 no Cabo Branco. A sorte sorriu à Paraíba, pois que a ponta do Seixas, no Cabo Branco, é o ponto mais oriental do território nacional, sendo portanto o mais oriental das duas Américas. Aquela ponta paraibana avança gaihardamente cerca de 1683 metros para leste a mais que a ponta de Pedras.»[nota 4][5]
Construção do farol
Em 31 de março de 1971, um concurso para escolha de um projeto arquitetônico do farol foi patrocinado pelo Centro de Sinalização Náutica e Reparos Almirante Moraes Rego (CAMR), membro filiado da Associação Internacional de Sinalização Náutica (IALA). O vencedor foi o projeto apresentado pelo engenheiro-arquiteto Pedro Abrahão Dieb, então professor da Universidade Federal da Paraíba.[6][7]
Em 21 de abril de 1972, o farol foi inaugurado com o que havia de mais moderno equipamento técnico existente no Brasil.[6] A inauguração fazia parte das Festividades do Sesquicentenário da Independência do Brasil.[8]
A ponta e o farol
É comum confundir-se a ponta do Seixas com a falésia do Cabo Branco, que são formações geológicas distintas. A ponta, que é uma estreita faixa de praia de areia branca mais ao sul da barreira, é de fato o local situado mais a leste da América, e não a falésia do Cabo Branco em si, que é o local mais alto da região, sendo portanto, do ponto de vista da navegação marítima, o ideal para um farol.[9]
Influência na cultura
Em razão da importância geográfica para a Paraíba, está em andamento um projeto de plebiscito para mudança do nome da capital paraibana para Cabo Branco, que é o marco geográfico que identifica o município.[carece de fontes?] Por esse caráter único, serviu de título para a música «ponta do Seixas», gravada em 1980 no LPEstilhaços, da cantora Cátia de França.[10][11]
Próximo ao farol foi projetado por Oscar Niemeyer um prédio de estrutura moderna que foi denominado Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes.[12] O projeto foi inaugurado em 3 de julho de 2008 e seu complexo possui mais de 8 500 m² de área construída no bairro do Cabo Branco.[12] A Estação tem a missão de levar gratuitamente à população cultura, arte, ciência e tecnologia.[12]
↑Horácio de Almeida (1978). História da Paraíba, volume 1. [S.l.]: Editora Universitária (UFPB)
↑ abAdm. da DHN (1976). 1876-1976, centenário de fundação da Diretoria de Hidrografia e Navegação. [S.l.]: A Directoria. 174 páginas
↑Flávio T.B. Pereira (2008). «Difusão da arquitetura moderna na cidade de João Pessoa (1956–1974)». Universidade de São Paulo (USP). Consultado em 17 de setembro de 2015. Arquivado do [file:///C:/Users/F%C3%A1bio/Downloads/Mestrado_PEREIRA_FTB_Parte1.pdf original] Verifique valor |URL= (ajuda)(PDF) em 12 de agosto de 2013
↑Adm. pública (1974). Mensagens à Assembleia Legislativa, 1973 e 1974. [S.l.]: A União. 236 páginas