A poluição por mercúrio compreende a emissão de mercúrio por atividades humanas e sua acumulação no meio ambiente. O mercúrio apresenta a maior toxicidade entre os metais contaminantes, sendo também o único capaz de bioacumulação na maioria das cadeias alimentares, e o único com potêncial letal em humanos expostos à contaminação ambiental. O vapor de mercúrio, por sua vez, é capaz de transmitir-se na atmosfera, em razão de sua estabilidade química na forma volátil, podendo afetar regiões remotas a partir de um foco de emissão.[1] A contaminação de ambientes aquáticos, por outro lado, ocorre pela possibilidade de metilação por bactérias, entre outras interações químicas e biológicas que são capazes de manter altas concentrações da substância. Por ser lipossolúvel, o metilmercúrio torna-se mais assimilável por diversos organismos, transmitindo-se amplamente pela cadeia alimentar.[1]
A utilização do mercúrio no processo de extração do ouro, especialmente no garimpo, representa uma das principais modalidades de poluição por mercúrio. No Brasil, o garimpo tem sido o motor da contaminação aquática e atmosférica, especialmente na Amazônia.[1]
Causas
Garimpo
Indústria química
Carvão
Cosméticos
Certos cosméticos, principalmente produtos para clarear a pele, mas também maquiagens em geral, contém quantidades variáveis de mercúrio. Alguns países possuem leis proibindo ou regulando o uso do elemento pela indústria cosmética, outros, porém, carecem de legislação efetiva nesse âmbito, tornando esses produtos amplamente disponíveis em comércios eletrônicos.[2]
Amálgama dentária
A amálgama dentária, utilizada para preencher cavidades dentárias, tem como ingrediente o mercúrio, representando um risco mínimo à saúde do paciente, embora seja também um vetor da acumulação da substância no meio ambiente. Nesse sentido, a Convenção de Minamata pautou seu uso na odontologia, propondo medidas para a substituição gradual das amálgamas com mercúrio, enfatizando alternativas e práticas de gestão de resíduo.[2]
A presença de mercúrio em peixes é um problema de saúde para as pessoas que as consomen, especialmente para mulheres que estão ou podem engravidar, mães que amamentam e crianças pequenas.[3]Peixes e mariscos concentram mercúrio em seus corpos, muitas vezes na forma de metilmercúrio, um composto organomercúrio altamente tóxico.[4] O elemento é conhecido por bioacumular em humanos, então a bioacumulação em frutos do mar é transferida para as populações humanas, onde pode resultar em envenenamento por mercúrio. O mercúrio é perigoso tanto para os ecossistemas naturais como para os seres humanos porque é um metal conhecido por ser altamente tóxico, especialmente devido à sua capacidade de danificar o sistema nervoso central.[5][6]
Em ecossistemas de peixes controlados pelo homem, geralmente feitos para a produção comercial de espécies de frutos do mar desejadas, o mercúrio aumenta claramente na cadeia alimentar por meio de peixes que consomem pequenos plânctons, bem como por fontes não alimentares, como sedimentos subaquáticos.[7][8]
Os produtos de pescado contêm quantidades variadas de metais pesados, particularmente mercúrio e poluentes solúveis em gordura da poluição da água . Espécies de peixes de vida longa e alta na cadeia alimentar, como espadim, atum, tubarão, peixe- espada, carapau e tilefish contêm concentrações mais altas de mercúrio do que outras.[9] Os cetáceos (baleias e golfinhos) também bioacumulam mercúrio e outros poluentes, de modo que populações que comem carne de baleia, como japoneses, islandeses, noruegueses e faroenses, também são vulneráveis à ingestão de mercúrio.
A contaminação por mercúrio é um tipo de intoxicação de humanos e animais, causada pela exposição à forma metálica e gasosa desse elemento químico, seja por meio direto ou indireto. O uso deste elemento em atividades humanas, de forma pouco cautelosa e em grandes concentrações, é considerado um impacto ambiental que resulta em danos ao ambiente e à saúde de organismos vivos.
Os sintomas da contaminação por mercúrio dependem do tipo, dose, método e duração da exposição,[10][11] causando danos ao sistema nervoso, neurológico e respiratório. Tais sintomas podem incluir diarréia, fraqueza muscular, dificuldade de coordenação motora, dormência nas mãos e pés, erupções da pele, ansiedade, problemas de memória, problemas na fala, problemas de audição ou dificuldade para enxergar.[12]
Até março de 2021, 2,265 vitimas foram oficialmente reconhecidas como possuindo a doença de Minamata,[16] e mais de 10,000 receberam compensações financeiras da Chisso.[17] Em 2004, a Chisso havia pago mais de $86 milhões em compensações, e no mesmo ano foi ordenada a limpar a contaminação.[18] Em 29 de março de 2010, foi feito um acordo para compensar vitimas até então não certificadas.[19]
Um segundo surto da doença de Minamata ocorreu na prefeitura de Niigata em 1965. A doença de Minamata original e a doença de Minamata-Niigata são consideradas duas das quatro grandes doenças de poluição do Japão.
↑Services, Department of Health & Human. «Mercury in fish». www.betterhealth.vic.gov.au (em inglês). Consultado em 4 de novembro de 2022
↑Park, K. S.; Seo, Y.-C.; Lee, S.J.; Lee, J.H. (2008). «Emission and Speciation of Mercury from various Combustion Sources». Powder Technology. 180 (1–2): 151–156. doi:10.1016/j.powtec.2007.03.006
↑Canada, Health (26 de março de 2007). «Mercury in Fish». www.canada.ca. Consultado em 4 de novembro de 2022
↑Cheng, Zhang (2011). «Mercury Biomagnification in the Aquaculture Pond Ecosystem in the Pearl River Delta». Archives of Environmental Contamination and Toxicology. 61 (3): 491–499. PMID21290120. doi:10.1007/s00244-010-9641-z. ProQuest913807855