Nascido em Veneza, da importante e antiga família patrícia dos Bembo, filho de Bernardo Bembo e Elena Morosini. Ainda pequeno, acompanhava o pai, senador da Sereníssima, a Florença, onde aprendeu a apreciar o toscano, que teria preferido à língua vêneta da sua cidade natal. Após um primeiro período de estudos, transfere-se para Messina, onde estuda o grego por dois anos, com Constantino Láscaris. Graduou-se na Universidade de Pádua.
Posteriormente (1497-1499) estudou na corte de Ferrara, que os D'Este haviam transformado em importante centro literário e musical. Ali encontrou Ludovico Ariosto e começou a elaborar os diálogos Gli Asolani ("Os Asolanos")
Os poetas que sempre o inspiraram na sua poesia foram o Boccaccio e Petrarca. Gostava de fazer acompanhar as suas obras poéticas por moças que tocavam alaúde, e uma vez teve a honra de ser acompanhado por Isabella d'Este, a quem depois presenteou com uma cópia de Gli Asolani.
Volta a Ferrara em 1502, onde conhece Lucrécia Bórgia, mulher de Afonso d'Este, com a qual tem uma relação. Bembo sai da cidade em 1505, quando a peste dizimou a população.
Entre 1506 e 1512 viveu em Urbino, e ali começou a escrever suas principais obras: as Prose della volgar lingua (cuja publicação acontecerá somente em 1525). Em 1513 vai para Roma com Júlio de Médicis, futuro papa Clemente VII. Em Roma, o papa Leão X faz dele o seu secretário. Após a morte do pontífice, em 1521, Bembo transfere-se para Pádua, onde habitava sua amante Faustina Morosina della Torre, da qual teve um filho. É nessa época que publica em Veneza as Prose della volgar lingua. Em 1529 retorna a Veneza, onde ocupou o cargo de historiógrafo da República de Veneza e bibliotecário da Biblioteca Marciana.
A oferta do chapéu cardinalício pelo papa Paulo III em 1539 levou-o a Roma. Renuncia aos estudos de literatura clássica, dedicando-se à teologia e à história clássica. Nos quatro anos seguintes, será eleito bispo de Gubbio e depois, de Bérgamo.
Morreu em Roma, aos 76 anos.
Obras
Como escritor, Bembo foi um dos mais eminentes representantes dos ciceronianos, grupo que defendia a restauração de um estilo inspirado na Antiguidade Clássicaromana, a partir da imitação dos dois modelos principais da língua latina: Cícero, para a prosa, e Virgílio, para a poesia.
Foi também o iniciador do Petrarquismo, propondo o estilo do poeta como exemplo de pureza lírica e como modelo absoluto. Por sua indicação, a poesia da época tomará como exemplo as rimas de Petrarca.
Entre os seus escritos em latim destacam-se sobretudo:
Seus mais importantes escritos em língua vulgar são:
Gli Asolani, discursos filosóficos sobre o amor platônico (Venezia 1505)
Prose nelle quali si ragiona della volgar lingua (cujo nome completo é Prose di M. Pietro Bembo nelle quali si ragiona della volgar lingua scritte al Cardinale de Medici che poi è stato creato a Sommo Pontefice et detto Papa Clemente Settimo divise in tre libri), o mais notável documento da discussão sobre a língua literária italiana do século XVI (Veneza 1525). As "Prose" tiveram uma influência decisiva sobre o desenvolvimento da língua italiana. Nessa obra, Bembo propõe o emprego da língua usada por Petrarca para as obras em versos, e da língua usada por Giovanni Boccaccio para os textos em prosa. O livro III das Prose surge como uma gramática do italiano. Pietro Bembo pretende promover uma língua "arcaica " toscana, decalcada dos modelos literários de Dante, Pertrarca e Boccaccio, enquanto Baldassare Castiglione (1478-1529) e Gian Giorgio Trissino (1478-1550) desejam que se desenvolva um padrão misto, concebido a partir de diferentes elementos dos vários dialetos existentes. Por fim, Claudio Tolomei e Niccolò Machiavelli (1469-1527) pretendem o uso do toscano moderno - mais precisamente, do florentino.[1]
Em 1583 é criada a Accademia della Crusca, cujos dicionários são a referência incontornável da língua. A Academia opta por promover a língua "arcaica" defendida por Bembo e em 1612 publica o primeiro grande dicionário da língua "moderna": Vocabolario degli Accademicci della Crusca. Assim o toscano impõe-se nas obras de gramática e na literatura, mas não consegue impor-se como língua de comunicação geral.
Rime (Venezia 1530)
Lettere volgari (5 volumes, Verona 1545)
Em 1501, Bembo editou o Cançoneiro de Petrarca e, em 1502, as Terze Rime (Divina Comédia) de Dante, em estreita colaboração com o editor Aldo Manuzio (ou Aldus Manutius). Pela primeira vez, dois autores em língua vulgar tornaram-se objeto de estudos filológicos, o que até então acontecia apenas com os clássicos antigos. Ambas as edições serão as bases de todas as edições subsequentes por pelo menos três séculos.
O tipo "Bembo" foi usado pela primeira vez na obra De Aetna, de Pietro Bembo, impresso por Manuzio em 1496 e assim denominado em homenagem ao autor do texto.